Seat Leon 2.0 TSI 300 Cupra – Ensaio

By on 5 Janeiro, 2018

Seat Leon 2.0 TSI 300 Cupra DSG

Texto: João Tomé

Uma bomba feroz que pode ser uma ‘lady’

O Seat mais potente de sempre (se não contarmos com edições especiais ou com o próximo Cupra R) é um animal feroz, que pode ser domado para a utilização do dia a dia, mas que adora rotações elevadas e curvas apertadas. Só faltou ir brincar para a pista.

Conheça todas as versões e motorizações AQUI.

Cupra. Só o nome promete. O termo deriva do grego, Kupria, um dos outros nomes para a deusa Afrodite. A Seat, no entanto, tem outra inspiração: vem de Cup Racing (CupRa), ou seja, competição desportiva. É com este nome que a marca de Martorell mostra o que consegue fazer no capítulo de carros desportivos, numa tradição que começou em 1996 e dura até agora, com 15 versões Cupra a serem produzidas.

Mais recentemente, surgiram boatos que Cupra será também o nome que a Seat vai dar a uma nova divisão de performance, à semelhança da Mercedes, que tem a AMG ou da Volvo, com a Polestar.

Design sóbrio

História à parte, a versão mais recente do Leon Cupra é um deleite para a vista, para quem gosta de desportivos sóbrios e sem um design que grita: ‘olhem para mim’. A novidade em 2017 foi o acréscimo de potência, colocando o Leon Cupra no domínio dos intensos Honda Civic Type R ou do Ford Focus RS mas, no caso do Seat, vem com versões três e cinco portas e carrinha.

A Seat diz que esta é o seu modelo mais potente de sempre, mas em breve vai surgir o Cupra R, com 310 cv de potência (entre outras mordomias de desportivo).

Testámos a versão mais apetecível para a condução, a versão de cinco portas. As únicas diferenças estéticas para a versão anterior, menos potente, são as novas luzes Full LED na frente e na traseira, uma grelha dianteira mais volumosa e o facto de propor agora novas jantes de 19 polegadas.

No interior não se notam diferenças, mantendo tudo concentrado na consola central, onde brilha o ecrã táctil de oito polegadas, que mantém o mesmo sistema multimédia FullLink.

Não faltam também sistemas de segurança ativa mais evoluídos, como o cruise-control activo, o alerta de ultrapassagem de faixa de rodagem e travão automático de emergência, com detetor de peões e o sistema de estacionamento automático.

Motor (e não só) favorecido

Um dos pergaminhos do Cupra foi o título em 2015 da carrinha mais rápida em Nürburgring. A Leon ST Cupra bateu a Audi RS4 Avant na mítica pista, conhecida como o Inferno Verde. O Leon Cupra de 290 cv já era impressionante. Mas não nos sentimos mais perto do perigo ou vulneráveis na nova versão mais potente.

Ao ganho de 10 cv – passou para os 300 cv –, o bloco 2.0 TSI também passou a oferecer 30 Nm mais – passou para os 380 Nm –, entre as 1800 e as 5500 rpm, o que dá ao Cupra uma margem de intensidade muito larga.

E, mesmo tendo menos 20 cv do que o Civic Type R, faz dos 0-100 km/h nos mesmos 5,7 segundos. Já o mais potente Focus RS (com motor de 2.3 litros e 350 cv de potência máxima), demora menos um segundo, mas também custa mais seis mil euros que o Cupra e mais três mil que o Type R. Na velocidade máxima, o Leon Cupra está limitado aos 250 km/h (o Type R chega aos 272 km/h e o Focus RS 266 km/h.

Ao volante

A caixa de seis velocidades automática DSG é igual em todas as versões (quem quiser poder encomendar uma caixa manual de seis velocidades) e também continua igual a si mesma. Temos a ajudar pequenas patilhas (pena serem de plástico) fixas no volante. As transições são suaves quando optamos por uma condução calma, mas fica nervoso sempre que acordamos o pequeno monstro que está por baixo do capot, especialmente no modo Cupra.

As recuperações são impressionantes neste modelo de tração dianteira (só a carrinha tem uma versão 4×4), que corresponde sempre com ânimo e um rosnar viciante, mas consegue ser um verdadeiro cavalheiro, ou animal domado, se quisermos ter uma condução calma. É nas rotações mais elevadas que ele se revela repentino, intenso, brusco, sonoro, maravilhoso. E mesmo não sendo o desportivo com melhor feedback da direção, é um dos mais completos, entusiasmantes e práticos de conduzir.

A ajudar temos cinco modos de condução (o chamado Cupra Drive Profile, um botão que podia estar colocado num local com maior destaque). Entre Comfort, Sport, Eco, Individual e, o explosivo, Cupra podemos gerir a resposta do acelerador, da caixa de velocidades DSG, no controlo de tração, na assistência da direção e no autoblocante do diferencial. Desligando controlo de estabilidade e de tração é fácil apimentar a experiência, ‘soltando’ com relativa facilidade a traseira (tem alguma sobreviragem, mas é muito estável nas curvas).

A travagem também é de grande nível, já que temos discos à frente e atrás da Brembo.

Em resumo

A dupla personalidade do Leon Cupra 300 é o seu elemento mais entusiasmante. Não só é um desportivo competente, sonoro e viciante, como permite uma utilização calma típica do dia a a dia, com conforto acima da média e consumos razoáveis pouco acima dos 8 l/100 km (se não cedermos à tentação de carregar no acelerador, que o ‘atira’ para os 15 l/100 km). Como diria o Marco Paulo: é uma lady na ‘mesa’ e uma louca ‘na cama’.

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo – gasolina, 4 cilindros em linha, turbo

Cilindrada (cm3) – 1984

Potência máxima (cv/rpm) – 300/5500

Binário máximo (Nm/rpm) – 380/1800

Transmissão e suspensão

Tipo Transmissão – embraiagem dupla, sequencial;

Suspensão (fr/tr) – tipo McPherson / multi-link

Prestações e consumos 

Aceleração 0-100 km/h (s) 5,7

Velocidade máxima (km/h) – 250

Consumos misto (l/100 km) – 6,7

Emissões de CO2 (g/km) – 156

Dimensões e pesos 

Comp./largura/altura (mm) – 4281 / 1816/ 1435

Peso (kg) – 1421 kg

Capacidade da bagageira (l) – 380

Depósito de combustível (l) – 50

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 44693€

Preço da versão base (Euros): €