OPINIÃO: Elétricos? sim, mas também há “verdades inconvenientes”
Depois de muito tempo somente no desporto, regressei também ao Comércio & Indústria, e logo numa altura que se está a afigurar fascinante, pois vivemos numa era de transição do mundo automóvel, com a indústria a passar por mudanças nunca antes vistas a esta escala num mundo que está mais ciente do que é preciso fazer para atenuar, porque corrigir já é quase impossível, os males que o ser humano está a fazer ao planeta.
A indústria automóvel luta para se reinventar e políticos e ativistas pressionam para que os automóveis passem a ser elétricos, a grande maioria sem a mais pequena ideia das “verdades inconvenientes”, achando que o carro elétrico é a solução para todos os males do planeta. ‘Spoiler Alert’: Não é!
É totalmente verdade que são melhores, disso, neste momento, só duvidarão as pessoas que preferem continuar a meter a cabeça debaixo da areia e nunca vão querer admitir que estão errados.
Se calhar, parte desse problema está também no facto de muita gente, especialmente políticos, acharem que a maioria dos seus constituintes “comem gelados com a testa”. Nem tudo o que dizem é mentira, mas também nem tudo o que dizem é verdade.
Dizem-nos que os carros elétricos nos vão ajudar a consumir menos petróleo. Lógico. Claro que sim.
Mas convém perceber que o que nos dizem a grande maioria dos políticos, e mesmo alguns dos defensores acérrimos dos carros elétricos nem tudo o que dizem está certo. Para ser ainda mais correto, há muita coisa que não dizem, porque, lá está são “verdades inconvenientes”
A primeira é que a percentagem de automóveis de passageiros que circulam no mundo é irrisória face a outros, e são esses os grandes ‘culpados’ pelo excesso de emissões que vão para a atmosfera…
Querem exemplos?
Se todos, neste momento, no mundo, passassem a usar carros elétricos, isso iria reduzir o consumo de petróleo no mundo em cerca de 10%. Leu bem. 10%. É alguma coisa, mas faltariam 90%…
Esses 90%? Aviões, barcos, autocarros de transporte de passageiros, camiões, tratores, carros de trabalho, por exemplo os enormes veículos da mineração do que é preciso para fazer baterias para os carros elétricos, e mesmo que todos estes veículos passassem a ser elétricos, é bom saber como um carro elétrico ‘polui’ até chegar à estrada, e o que poluiu, vai precisar de muito quilómetro até que compense tudo o que poluiu até aí…
De onde vem a eletricidade?
Portugal é um dos poucos países em que cerca de 68% são produzidos a partir de fontes renováveis. Mas está longe de ser assim em todo o lado…
Em 2023, a percentagem de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis e não renováveis no mundo inteiro foi de, fontes renováveis, 28,2% e fontes não renováveis, 71,8%.
A percentagem de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis tem vindo a aumentar nos últimos anos, mas ainda está longe de representar a maioria da produção mundial de eletricidade.
As principais fontes de energia renováveis no mundo inteiro são, energia hídrica: 16,6%, energia eólica: 6,7%, energia solar: 3,1%, biomassa: 11,8%
As principais fontes de energia não renováveis no mundo inteiro são o carvão: 36,1%, Gás natural: 22,6%, Óleo: 11,5%.
Está a perceber melhor a questão?
Depois, as baterias. É preciso minerar cerca de 20 toneladas de pedra e minerais para fazer uma bateria.
E nem sequer vamos falar dos locais e como os minerais são minerados. E por quem…
Um carro elétrico emite entre 10 e 20 toneladas de dióxido de carbono até chegar à estrada, antes do carro completar o seu primeiro quilómetro de vida. Neste processo temos a mineração, a fabricação do carro e o seu transporte para o stand/cliente final.
A Volkswagen publicou um estudo em que refere que os primeiros 100.000 Km que se guiou um carro elétrico, este produziu mais emissões que o seu congénere de combustão. Ou seja, só a partir daí o veículo elétrico está a reduzir as emissões. Obviamente isto são estimativas gerais, não é assim com todos os carros e com todas as marcas, pois depende de muita coisa, e estes números estão a mudar a cada dia que passa pois os construtores estão cientes destes números e estão a trabalhar para alterar este estado de coisas.
Por tudo isto é importante que a indústria continue a trabalhar em múltiplas soluções, e o público em geral o que deve fazer é tentar informar-se o melhor possível, ouvir várias fontes, ficar o melhor informado possível, para depois optar pelo que entende ser a melhor solução, nunca esquecendo que qualquer percentagem de diminuição do ‘mal’ que estamos todos a fazer ao planeta, ajuda…
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