Opel Insígnia Grand Sport – Ensaio/Teste

By on 21 Junho, 2017

Texto: José Manuel Costa

Opel Insígnia Grand Sport 1.5 Turbo

O Insígnia quando foi lançado em 2008 conseguiu a proeza de incomodar, seriamente, dois rivais de peso, o Volkswagen Passat e o Skoda Superb, e arranhar a couraça dos Premium da BMW, Mercedes e Audi, com um modelo que está a anos luz deste novo Opel. As 900 mil unidades vendidas, querem dizer alguma coisa, certo? Segunda geração do Insignia chega agora ao mercado tendo sido “revirado” de alto a baixa, de tal maneira que sobra, apenas, parte do nome.

Já não visitava Russelsheim há umas décadas e voltar a ver velhas glórias da Opel, antecessores do Insígnia Grand Tourer, permitiu meditar um pouco sobre a evolução que a marca experimentou e, já agora, se não terá Mary Barra se precipitado na venda da Opel. É que este novo Insígnia Grand Sport, uma berlina de topo com um estilo de coupé muito inspirado no belo protótipo Monza, com mais espaço interior, mais qualidade e melhor comportamento e conforto, é uma enorme evolução e um excelente automóvel!

O Insígnia Grand Sport tem 4897 mm de comprimento (mais 55 mm que o anterior), tem mais 92 mm na distância entre eixos (agora 2829 mm), uma largura de 1863 mm (mais 7 mm) e uma altura de 1455 mm (menos 43 mm). Na bagageira estão 490 litros que podem chegar aos 1450 litros, uma ligeira redução de, respetivamente, 40 e 20 litros em relação ao anterior. Mas mais importante que tudo isso é a oferta de mais espaço para pernas (mais 25 mm), cabeça (8 mm), ombros (mais 25 mm) e bacia no banco traseiro, um dos pontos mais criticados no anterior modelo. A posição de condução foi rebaixada 30 mm, quase o mesmo que o Insígnia está agora mais perto do solo que em relação ao anterior (29 mm). As vias foram aumentadas e isso tem impacto do comportamento como veremos mais adiante.

O desenho do Insígnia Grand Sport destaca a nova linguagem de estilo que, mantendo a lâmina lateral no flanco, destaca agora uma frente alongada com um capot feito em alumínio, uma grelha proeminente, faróis rasgados e a dupla asa a emoldurar o logótipo da marca, elementos que alargam a face do carro de uma forma agradável á vista. O tamanho e as cavas das rodas generosas, não autorizam rodas pequenas e por isso, a Opel oferece o Insignia Grand Sport com jantes entre as 17 e as 20 polegadas. Na minha opinião, começar nas 18 e ir até às 21 polegadas seriam o mais apropriado ao corpo musculado do Insignia Grand Sport.

A aerodinâmica foi preocupação primordial dos homens comandados por Mark Adams, o responsável pelo estilo da Opel. As linhas curvas e simples permitiram desenhar uma silhueta que tem um coeficiente de arrasto de apenas 0.26, uma cifra deveras impressionante e que ajuda nos baixos consumos.

Outra grande preocupação da Opel, além da habitabilidade melhorada, foi o combate ao peso, exatamente a mesma batalha que os técnicos da Opel enfrentaram com o Astra. Com uma redução de 60 quilogramas, apenas na carroçaria, foi possível escovar ao peso final, comparado com o anterior modelo, nada menos que até 175 quilogramas (dependendo da versão). Estreando a plataforma Epsilon2 da GM, o Insígnia exibe suspensões independentes nas quatro rodas que têm a mesma afinação e taragem para as molas e amortecedores em todas as versões. Depois, acrescenta-se o FlexRide que oferece três modos de condução (Normal, Tour e Sport), sendo que o normal está sempre ligado, o Tour é dedicado ao conforto e economia e o Sport oferece mais vivacidade.

O interior exala classe e linhas simples que espelham aquilo que se passa no exterior. A base do desenho é semelhante à do Astra, ou seja, linhas horizontais que definem as três zonas de interação do homem com a máquina e uma forte preocupação em trocar botões por comandos alojados no ecrã sensível ao toque e assim deixar o interior limpo e agradável á vista.

O equipamento foi reforçado e o Insignia disponibiliza “head up display”, câmara de 360 graus, regulador de velocidade adaptativo, avisador de transposição de faixa com correção automática da direção, alerta para tráfego vindo de cruzamento pela traseira, luzes LED Matrix IntelliLux, enfim, muita tecnologia que ajuda na condução e no dia a dia. Naturalmente que o ONStar estará disponível com um novo assistente pessoal, e o sistema de info entretenimento IntelliLink foi melhorado. Os bancos AGR também não faltam ao encontro.

Levado para a estrada, o Insignia Grand Sport, na primeira impressão, não se distancia muito do anterior modelo. Bom rolador, suave e relaxado, com o passar dos quilómetros começa a mostrar como é melhor que o anterior. Vamos muito bem sentados, há espaço de sobra em todos os lugares e a estabilidade é enorme, cortesia da maior distãncia entre eixos e das vias mais largas 11 mm.

Com jantes de 17 polegadas, o carro é realmente confortável, filtra bem as lombas e os buracos e a suspensão controla eficazmente as baixas frequências. O conforto é, realmente, muito melhor que no anterior modelo, revelando-se eficiente em curva. Aliás, sentado ao volante nunca fiquei preocupado porque tinha mais uns metros de carro atrás de mim, mostrando o Insígnia Grand Sport uma excelente aderência do eixo dianteiro, uma impressionante neutralidade nas curvas rápidas e de apoio e uma suavidade absolutamente imperturbável em auto estrada mesmo com alguns ressaltos e pequenas lombas. A travagem esteve sempre á altura das necessidades e com grande facilidade de modulação.

A eficácia aerodinâmica anula quase por completo os ruídos exterior do vento, a visibilidade é excelente para todos os lados e o Insignia Grand Sport mostra-se muito á vontade em qualquer tipo de estrada. Além de tudo isto, mostra-se refinado e com mau piso, tudo se passa de forma calma e relaxada sem aqueles sacões e pancadas secas de outros modelo rivais do Insignia

Tive a oportunidade de ensaiar a versão com o motor 2.0 litros turbodiesel – os 1.6 litros destacaram-se pela ausência – e o novo bloco 1.5 litros turbo. O primeiro não reservou surpresas, sendo aveludado e fácil de explorar, com um binário sempre disponível e uma facilidade de recuperar aceleração que impressiona. Silencioso, suave e económico, tem no motor a gasolina forte rival.

O bloco com 1.5 litros e quatro cilindros que estava montado no Insignia Grand Sport que me tocou em sorte, era a versão mais espigadota com 165 CV, um motor que a Opel reclama levar o levezinho Insignia Grand Sport dos 0-100 km/h em 8,9 segundos. Um dos segredos deste motor é o excelente binário de 250 Nm entre as 2000 e as 4500 rpm. Recupera aceleração de forma impressionante e mesmo com a caixa alongada nas relações mais altas, o bloco responde sempre afirmativamente. Quando queremos maior despacho, o motor continua a ter alma mesmo lá bem em cima do limitador de rotação.

A caixa manual que a Opel fez para o Insignia é um regalo na utilização, suave, precisa, veloz o suficiente e apesar de ter as relações finais alongadas, é capaz de corresponder e recuperar aceleração de forma verdadeiramente impressionante. Claro está que para desfrutar de toda esta capacidade, os consumos ressentem-se. Confesso que não fiz muito para fazer consumos recordistas, mas entre a chuva, os engarrafamentos e as estradas degradadas, ainda consegui ficar pelo 7,1 l/100. Porém, zonas houve em que os valores namoraram com os nove litros.

Veredicto

A Opel fez tudo para que o Insignia Grand Sport possa ser um sucesso e, na minha opinião, os responsáveis da marca alemã fizeram um extraordinário trabalho. O estilo, o espaço interior, a qualidade de construção e de materiais, o comportamento, o conforto e a eficácia nos consumos e nas emissões, fazem deste novo Insignia um carro muito, mas mesmo muito interessante e bem melhor que o anterior. Com preços que podem incomodar os Premium, o Insignia Grand Sport peca apenas numa coisa… no nome. Deveria chamar-se Grand Turismo, pois esta berlina alemã é um devorador de quilómetros incansável e uma excelente alternativa aos rivais de sempre – VW Passat e Skoda Superb – mas também para Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes Classe C.

FICHA TÉCNICA

Motor 

Tipo – 4 cilindros em linha, injeção direta e turbo, gasolina

Cilindrada (cm3) – 1490

Diâmetro x curso (mm) – 74 x 81

Taxa compressão – 10,1:1

Potência máxima (cv/rpm) – 165/nd

Binário máximo (Nm/rpm) – 250/2000-4100

Transmissão e direcção -Tracção dianteira, caixa manual de 6 velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

Suspensão(fr/tr) – Independente tipo McPherson; independente multibraços

Travões (fr/tr) – Discos ventilados/Discos

Prestações e consumos 

Aceleração 0-100 km/h (s) – 8,9

Velocidade máxima (km/h) – 225

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 4,8/7,3/5,7

Emissões de CO2 (g/km) – 130

Dimensões e pesos 

Comp./largura/altura (mm) – 4897/1863/1455

Distância entre eixos (mm) – 2829

Largura de vias (fr/tr) (mm) – 1607/1610

Peso (kg) – 1456

Capacidade da bagageira (l) – 490/1450

Depósito de combustível (l) – 62

Pneus – 225/30 R18

Preço versão ensaiada (€) – nd