O Novo Nissan Qashqai já foi apresentado – estivemos lá!

By on 23 Junho, 2017

Por José Manuel Costa

Diz-se que “o seguro morreu de velho” e por isso o Qashqai recebeu nova atualização que além da óbvia diferença na frente face ao anterior, esconde múltiplas atualizações e entra, decididamente, no futuro com o ProPilot. Como esse só chega em março de 2018, vamos lá saber como ficou o Qashqai depois deste retoque na maquilhagem.

Com dez anos cumpridos e duas gerações lançadas, o Qashqai continua a ser um caso de estudo. Foi o “pai” europeu do segmento que hoje deixa doidos compradores e engenheiros, continuando a liderar face a rivais cada vez mais fortes e, convirá dizer, melhores que o Qashqai. Porém, o melhor mês de sempre de vendas na Europa foi março… deste ano! Muito provavelmente, o nome Qashqai já vale mais que o segmento, tal como um berbequim ainda é chamado de “Black&Decker” ou um artista do volante é apupado como “Fitipaldi”, dai este sucesso. Razões mais prosaicas residem nos preços praticados e, vá lá, porque o Qashqai não é um mau carro. Bem pelo contrário.

Enfim, o Qashqai não é perfeito e cientes disso, os responsáveis da marca japonesa decidiram escutar os clientes e perceber quais os maiores defeitos do seu adorado crossover. Segundo essa massa que supera já os 2,3 milhões de compradores, o Qashqai deveria ser mais forte em termos de estilo, acabamentos e refinamento, equipamento mais completo e mais envolvência na condução. Vai dai, como já expliquei no texto que pode ler na ligação em baixo, introduziram alterações no estilo exterior, nos materiais do interior, no reforço da insonorização, na oferta de uma direção nova e de mudanças na suspensão. Aqui poderá ler em detalhe essas alterações.

O equipamento foi reforçado e a Nissan juntou um novo nível de equipamento, o Tekna Premium cujas maiores novidades estão nos bancos dianteiros com novo desenho que reforça o conforto, o sistema de som Bose com oito altifalantes, barras de tejadilho acetinadas, um tejadilho panorâmico e um novo volante, herdado do Micra e que me diz estar ligado a uma nova direção. Volante que tem mais botões que o anterior, sendo agora quase tudo regulado através desses botões.

A frente é a única zona que permite dizer que este é um Qashqai diferente. A forma sensaborona, conservadora da frente da segunda geração deste Nissan deu lugar a uma frente mais trabalhada com a famosa forma em V da grelha, mais agressiva, novos faróis – que agora podem ter tecnologia LED adaptativa – novo capot e uma lateral que recebeu ligeiríssimos retoques, terminando na traseira que recebe noivos farolins e um para choques redesenhado.

Estreia nos modelos europeus da Nissan, mas só no Tekna Premium, da regulação do apoio lombar elétrica, e memória para o banco do condutor, sendo que os dois lugares dianteiros beneficiam dos bancos que acima falo e que no texto que pode ler clicando na ligação acima, são explicados, com maior suporte lateral. O resto do interior é conhecido de todos.

Ou seja, materiais suaves ao toque e de qualidade até à linha de cintura, dai para baixo menos agradáveis, habitabilidade suficiente para duas pessoas no banco traseiro (cabe um terceiro, mas não deixará de se fazer ouvir…), uma posição de condução dominante e uma bagageira multi configurável que se suporta no rebatimento 60/40 das costas do banco traseiro para oferecer maior versatilidade.

O Qashqai nunca foi um carro muito confortável, o que não significava que fosse um espetáculo em matéria de comportamento, pois sempre que se apertava com ele, a frente tinha a mania de descolar e o prazer de condução nunca foi muito. Então, o que fizeram os senhores da Nissan ao Qashqai?

Suavizaram as molas entre 5 a 8% (dependendo do peso bruto do carro, sendo isso sensível nos diesel, embora com as alterações introduzidas o carro tenha engordado um bom pedaço) e endureceram a barra estabilizadora dianteira 16%. A primeira medida serve para suavizar o carro, a segunda para preservar a capacidade em curva. O carro esta, realmente, mais suave e para o público alvo do Qashqai, não está longe do exigido. Porém, em estradas enrugadas e vielas com bandas sonoras que parecem paredes, o Qashqai balança um pouco e parece alcançar os limites de compressão muito cedo. A confirmar no ensaio que farei em Portugal. O sistema Active Ride Control foi alterado para suavizar as bandas sonoras comuns através do uso do travão e do motor para evitar uma pancada seca. No capitulo da insonorização, a Nissan aplicou mais material em determinados pontos, aumentiou a espessura dos vidros traseiros e colocou alguns detalhes aerodinâmicos que permitem diminuir o arrasto e, sobretudo, os ruídos provocados pelo vento.

Qual o resultado de tudo isto? Bom, o Qashqai está, praticamente, na mesma. Continua a não ter problemas de inserção em curva, mas continua com muito movimento da carroçaria (que mesmo assim não perturba em demasia a estabilidade) o que elimina toda e qualquer possibilidade de diversão ao volante. E, como também sucedia anteriormente, a frente descola mais cedo que num carro mais baixo e menos pesado que o Qashqai. Tudo isto não invalida o facto do carro ter um comportamento mais que suficiente para a sua utilização. Eu é que fui um malandro e quis levar o Qashqai a limites dos quais nunca irá, sequer, se aproximar.

A propósito, deixe-me dizer-lhe que o novo volante é bonito, mas parece um nadinha mal-enquadrado no Qashqai. Esta a encimar uma coluna de direção e uma caixa de direção totalmente novas. A diferença não é significativa, mas nota-se que está mais leve, particularmente no modo Normal, aproveitando os 10% a mais de dureza conferidos pelo modo Sport para oferecer bom desempenho de topo a topo, consistência e precisão.

Como não foi possível experimentar o modelo com o motor diesel e o bloco 1.6 DIGT com 162 CV, único disponível para ensaio, não vai estar à venda entre nós, não vale a pena falar sobre o comportamento do Qashqai com essa motorização.

Veredicto

As alterações feitas ao Qashqai permitem disfarçar as rugas e manter por mais algum tempo a ideia que este é o melhor do segmento. A verdade é que já não e a Nissan terá de lutar bastante para aguentar o embate de rivais como o Peugeot 3008, sem falar do VW Tiguan ou do Audi Q3, ou ainda do BWM X3. A decisão de aumentar o conforto vai satisfazer os incondicionais do Qashqai e apenas aqueles que acreditavam que “agora é que é” no que toca ao comportamento, são capazes de serem tentados por outros modelos, ainda por cima depois da Nissan ter aumentados os preços do Qashqai entre 500 e 1000 euros. Continuam a chegar rivais à arena e confesso que não consigo acreditar que o pai dos crossovoer chegue “vivo” até à próxima geração. Mesmo que pesando os prós e os contras do Qashqai, este continue a ser uma excelente proposta, mostrando-se revigorada com esta renovação de meio de ciclo.