Nissan GT-R – Ensaio Teste

By on 11 Outubro, 2018

Nissan GT-R

Texto: Francisco Cruz

Gozdilla está de volta!

Chama-se Nissan GT-R, mas há quem também o conheça pelo pseudónimo de Godzilla, o réptil gigante que a Banda Desenhada e o Cinema fizeram nascer no Japão. Mas que, pelo menos no caso do desportivo, mostra estar, hoje em dia, cerca de dez anos após o primeiro “avistamento”, um pouco mais dócil do que antes…

Conheça todas as versões e motorizações AQUI.


Mais:

Motor / Prestações / Posição de condução

 

 

Menos:

Bancos traseiros / Preço / Consumos

Exterior

/10

Tal como, de resto, o monstro a que foi buscar a alcunha, também o Nissan GT-R permanece, apesar dos mais de 10 anos que existência que já leva (“nasceu” em 2007…), como uma proposta capaz de colocar “em sentido” qualquer condutor que vê o surgir no retrovisor.

Mantendo uma frente agressiva e que, definitivamente, impõe respeito, e ainda mais entre aqueles condutores acima dos 35 anos, que mais facilmente conhecem a história do modelo, a “edição de 2018” do icónico desportivo japonês acrescenta, no entanto, às linhas desvendadas com a última actualização mais profunda, uma série de novos pormenores. Que, apesar de significativos, até poderão passar despercebidos aos menos atentos.

É o caso, por exemplo e para começar, da nova grelha frontal a incorporar um “V” com acabamento cromado mate, das novas luzes diurnas e do capot redesenhado, além dos novos pára-choques.

No entanto e se está a pensar que estas alterações têm como único propósito uma actualização estética, engana-se; segundo os engenheiros da Nissan, destinam-se, antes de mais, a contribuir para a melhoria da aerodinâmica do GT-R.

Agora, se depois isto contribui para uma condução muito diferente e, desde logo, ainda mais arrebatadora, é algo a que já lá iremos…

Pontuação – 8/10

Interior

/10

Com um aspecto exterior apurado na procura da melhor aerodinâmica, o “novo” Nissan GT-R assume, contudo, um propósito bem diferente, no que ao interior do habitáculo diz respeito. E que passa, basicamente, pela oferta de todo um ambiente bem mais mundano, em que a qualidade e no luxo passam a estar no centro das preocupações.

Assim, perceptível é, desde logo, a melhoria da qualidade dos materiais, através de uma aposta clara na pele de cor preta e conjugada com pespontos em linha vermelha. Ajudando, desta forma e com o contributo de soluções como o revestimento também em pele dos pilares A, para fazer sobressair igualmente uma óptima qualidade de construção.

Ainda assim, é facilmente perceptível a forma como são tratados condutor e passageiro da frente, face aos dois possíveis ocupantes dos lugares de trás. Os quais, ao contrário dos da frente, voltam a sentir o plástico rijo e pouco convincente como a opção mais frequente para revestimento das laterais. O que, de certa forma, confirma também a forma como a Nissan vê este dois lugares – como uma solução muito, mas mesmo muito, de recurso.

Pelo contrário, a merecer elogios, os esforços dos homens da Nissan no sentido de tornar o habitáculo um pouco mais clean e funcional na zona dos lugares dianteiros, desde logo, reduzindo o número de botões espalhados pelo tablier e consola central, dos anteriores 27, para “apenas” 11. Algo só possível graças ao redesenhar da mesma consola central, a qual passou a contar com mais generoso ecrã táctil de 8″, e a que não falta sequer um botão rotativo – ligeiramente atrasado entre os bancos dianteiros, é certo, mas, ainda assim, valorizado com a colocação sobre uma superfície de fibra de carbono. E que, diga-se, rapidamente se assume como a melhor solução para, por exemplo, funcionar com um sistema de navegação, o qual já parece um pouco datado, tanto no funcionamento algo lento (uma característica, aliás, do próprio sistema de info-entretenimento), como na precisão e atractividade dos gráficos.

Aliás, se dúvidas houvesse, bastaria uma só observação para percebermos que o único ocupante com que o GT-R verdadeiramente se preocupa, é com o condutor. Elemento em função do qual todo o habitáculo foi, aliás, concebido, a começar pela posição de condução excelente, a partir de um banco tipo bacquet, a encaixar o corpo na perfeição e com todos os ajustes necessários. Ainda que… diferentes – uma só alavanca rotativa, não muito fácil de operar, a que se junta depois um botão, que faz subir/descer o assento.

No fundo, apenas só mais uma solução… estranha, a somar à regulação em altura e profundidade do novo volante, de óptima pega, assim como com um número algo exagerado de botões, já para não falar nas patilhas da caixa de velocidades, agora já integradas no volante, mas também um pouco distantes. Pouco condizentes na desportividade com outros pormenores, como é o caso do (bom) apoio de pé esquerdo e pedais em metal, Mas também quase tão difícil de digerir quando a visibilidade exterior e, especialmente, traseira…

Num habitáculo onde a falta de espaços de arrumação é pouco menos que gritante, o melhor mesmo é também não contar muito com as aptidões de uma suposta bagageira. A qual, além de um acesso difícil, já que é basicamente um alçapão, destaca-se ainda por uma capacidade apenas suficiente, mesmo para um desportivo deste género. E é só!…

Pontuação – 6/10

Equipamento

/10

Embora disponível em três outras versões, com ligeiros acréscimos de equipamento – Black Edition, Track Edition by Nismo e Nismo —, a versão de entrada do Nissan GT-R já possui, por si só, um equipamento de série bastante recheado. Do qual fazem parte, por exemplo, no capítulo da Segurança, o Controlo Dinâmico do Veículo com ESP, o sistema avançado de airbags frontais, laterais e de cortina, fixação superior e inferior para cadeiras de criança nos assentos traseiros, travões refrigerados a ar com ABS de 4 canais e distribuição electrónica da travagem (EBD), sistema de suspensão Blistein Damp Tronic com 3 modos seleccionáveis pelo condutor, sensores de chuva, activação automática dos faróis, Cruise Control e limitador de velocidade, ambos com comandos no volante. Além do sistema de tracção às 4 rodas ATTESA-ETS controlado eletronicamente e o sistema de monitorização da pressão dos pneus.

Já no domínio da tecnologia, o anteriormente referido ecrã táctil multifunções de 8″com sistema de navegação GPS Nissan 3D e IT-Commander na consola central, rádio/CD/MP3 com comandos no volante, RDS, Bluetooth com audio streaming e 2 portas USB, sistema de Áudio Digital BOSE com 11 colunas e optimizador activo de som (ASE), chave inteligente com botão de arranque, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com câmara de visão traseira, transmissão de embraiagem dupla com selecção de 3 modos de condução e patilhas no volante.

Como parte do equipamento exterior, jantes RAYS em alumínio forjado de 20″ e pneus Dunlop Sports Max GT 600 DSST CTT, faróis Bi-LED de ativação e regulação automática, luzes diurnas em LED e spoiler traseiro com luz de travagem integrada. Ao passo que, no interior, garantido está, à partida, o ar condicionado automático Dual Zone, volante em pele, estofos em tecido-pele de cor preta, bancos dianteiros desportivos, bancos traseiros individuais, espelho retrovisor interior com escurecimento automático, painel frontal com ecrã multifunções integrado, consola central em carbono e revestimento do solo de alta densidade.

Pontuação – 8/10

Consumos

/10

Resumindo: obrigatória e necessariamente altos! Ou não se tratasse de um assombroso V6 biturbo de 3,8 litros e 570 cv, que, mesmo quando tratado doçura e carinho, não se coíbe de um apetite voraz, com médias reais de 14 litros, isto sem puxar.

Pelo contrário e caso se opte por andamentos mais vivos, bem mais consentâneos com as capacidades do conjunto, o melhor mesmo é recordar que, milagres, já não há! Com os 74 litros de gasolina com que é possível encher o depósito a dificilmente darem para mais que 400 km!…

Pontuação – 5/10

Ao Volante

/10

Demonstração de que esta edição 2019 mereceu bem mais do que uma simples lavagem de cara, mas, pelo contrário, foi alvo de importantes alterações destinadas a evoluir o desempenho e eficácia dinâmica, a melhoria da rigidez torcional anunciada para o “novo” GT-R, em resultado do reforço realizado ao nível dos pilares A e C; a introdução de novos amortecedores adaptativos Bilstein com o respectivo reforço dos suportes da suspensão; além de uma direcção convincente, para a qual a Nissan reivindica respostas mais precisas e a exigir menos esforço, quando a velocidades mais baixas. Mas que, quando utilizada perto dos limites, também podia mostrar um tudo nada mais de peso…

Agora, de que forma é que tudo isto funciona em prol da condução? Muito bem! Desde logo, com o GT-R a revelar um melhor diálogo com a estrada que até aqui, e, inclusive, quando esta se torna um pouco mais acidentada!

Na base deste avanço rumo a uma postura mais civilizada e menos radical, está o desempenho das novas suspensões, agora um tudo-nada mais macias, ainda que com a factura desta opção a surgir, principalmente, nas travagens a fundo. Altura em que, mesmo com os amortecedores adaptativos no modo mais firme, torna-se possível constatar uma transferência mais acentuada do peso sobre o eixo dianteiro. Ainda que, com o próprio sistema de travagem, a demonstrar inesperadas limitações, em particular, no decurso de uma utilização mais intensiva.

De resto e ainda sobre o desempenho do eixo dianteiro, nem mesmo a gestão realizada pelo sistema de tracção integral na distribuição da potência consegue garantir uma precisão sempre total e linear na forma como o GT-R se faz às curvas mais rápidas ou mais fechadas. Sobressaindo, por vezes e apesar das compensações realizadas pela base rolante, a já conhecida faceta mais brusca do desportivo japonês. O qual, mesmo sem colocar em causa a segurança ou a estabilidade, não deixa de revelar reacções de maior instabilidade, em particular, na saída das curvas, quando em aceleração.

Ainda assim, pior é, no entanto, sob chuva e com o piso estar ensopado; altura em que nem mesmo os à partida eficazes – em piso seco, bem entendido… – Bridgestone Potenza, pedirão muitas vezes licença para entrar em aquaplanning

De resto e com realidade bem presente, ficou-nos a certeza de que, hoje em dia mais civilizado, o “novo” Nissan GT-R assume-se, igualmente e cada vez mais, como um carro para acelerações a fundo e a direito de tirar a respiração, em estrada aberta, onde até mesmo a utilização do Launch Control se torna fácil de aproveitar. Pois, em trajectos mais sinuosos e com momentos de condução mais extremados, sobressai a exigência de maior racionalidade e, já agora, mãos mais dotadas. Sob pena do prazer rapidamente passar a desgosto…

 Pontuação – 8/10

Motor

/10

Vulgarmente apontado como um dos elementos mais emblemáticos neste desportivo “à velha moda”, oriundo do país do Sol Nascente, trata-se, como já foi referido, de um impressionante V6 biturbo com 3.799 cc, a garantir uma potência máxima de 570 cv às 6.800 rpm – ou seja, pouco antes do surgimento do red line, às 7.000 rpm – e um binário máximo de 637 Nm, disponível entre 3.300 e as 5.800 rpm.

 

Conjugado de fábrica com uma caixa automática de dupla embraiagem e “apenas” seis velocidades, que embora já mais suave nas passagens, continua a ter um certo feeling mais tosco, além de não tanta rapidez quanto seria de esperar na resposta a quaisquer toques nas patilhas, o V6 nipónico montado artesanalmente não deixa, ainda assim, de garantir uma subida de regime sôfrega mas também muito linear, confirmada, de resto, através de prestações especialmente avassaladoras.

 

A demonstrá-lo, uma capacidade de aceleração que, mesmo tendo de lidar com quase duas toneladas de peso, permite ao Nissan GT-R ir dos 0 aos 100 km/h em tão só 2,8s (!), fixando em seguida os 315 km/h, como velocidade máxima; mas apenas porque os engenheiros da marca decidiram limitá-la electronicamente…

A ajudar a explicar estas prestações verdadeiramente de excepção, que inclusivamente conseguem deixar “nas covas” rivais como o Porsche 911 Carrera S, as alterações operadas, desde logo, no motor, como é o caso do controlo individual da temporização da ignição em cada um dos cilindros e a melhoria da eficiência dos turbocompressores. Inovações que, por sua vez, vieram garantir um aumento da potência em 20 cv, além de um melhor aproveitamento da totalidade do binário, numa faixa mais alargada de regime.

Igualmente a ajudar, um novo sistema de escape em titânio, o qual é também responsável, em conjunto com o Active Sound Enhancement (ASE), por uma maior presença da sonoridade do bloco, no interior do habitáculo. Com tudo o que isso possa ter de bom… e de mau.

 Pontuação – 9/10

 

Balanço Final

/10

Rapidamente (re)baptizado de Godzilla, pela personalidade quase selvagem e indomável que ajudou a fazer dele um “animal” diferente, mais agressivo, entre a espécie dos desportivos, o Nissan GT-R surge, hoje em dia, já bem mais dócil, e até um pouco envelhecido nos argumentos, face aos rivais mais jovens. Constatações que, no entanto, nem mesmo acrescidas de uma certa cedência ao luxo no interior do habitáculo, evitam a manutenção dos alertas quanto à origem selvagem deste “réptil”, o qual, embora já mais domesticado, não deixa de poder morder!…

 Pontuação – 8/10

Concorrentes

Porsche 911 Carrera 4S PDK, 2.981 cm3, 420 cv, 500 Nm, 4,0s 0-100 km/h, 303 km/h, 7,9 l/100 km, 180 g/km, 146.076,00 euros

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

McLaren 570S Coupé Cx. Auto., V8 3.8 Turbo, 570 cv, 600 Nm, 3,2s 0-100 km/h, 328 km/h, 12,2 l/100 km, 276 g/km, Preço não disponível

 

 

Ficha Técnica

Motor

Tipo: seis cilindros em V, com injecção directa, turbocompressor (2) e intercooler

Cilindrada (cm3): 3.799

Diâmetro x curso (mm): 95,5×88,4

Taxa compressão: 9:1

Potência máxima (cv/rpm): 570/6.800

Binário máximo (Nm/rpm): 637/3.300-5.800

Transmissão e direcção: Integral, com caixa automática de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

Suspensão (fr/tr): Forquilha dupla em alumínio com amortecedores Bilstein Damptronic ajustáveis; Independente Multi-link com composição em alumínio e aço, com amortecedores Bilstein Damptronic ajustáveis

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos ventilados

Prestações e consumos 

Aceleração: 0-100 km/h (s): 2,8

Velocidade máxima (km/h): 315

Consumos urbano/extra-urb./misto (l/100 km): 17/8,8/11,8

Emissões de CO2 (g/km): 275

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,710/1,895/1,370

Distância entre eixos (mm): 2,780

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1.590/1.600

Peso (kg): 1.827

Capacidade da bagageira (l): 315

Depósito de combustível (l): 74

Pneus (fr/tr): 255/40 ZR20 / 285/35 ZR20

 

Mais/Menos


Mais

Motor / Prestações / Posição de condução

 

 

Menos

Bancos traseiros / Preço / Consumos

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 140210€

Preço da versão base (Euros): 140210€

Exterior
Interior
Equipamento
Consumos
Ao volante
Concorrentes
Motor
Balanço final
Ficha técnica

Exterior

Tal como, de resto, o monstro a que foi buscar a alcunha, também o Nissan GT-R permanece, apesar dos mais de 10 anos que existência que já leva (“nasceu” em 2007…), como uma proposta capaz de colocar “em sentido” qualquer condutor que vê o surgir no retrovisor.

Mantendo uma frente agressiva e que, definitivamente, impõe respeito, e ainda mais entre aqueles condutores acima dos 35 anos, que mais facilmente conhecem a história do modelo, a “edição de 2018” do icónico desportivo japonês acrescenta, no entanto, às linhas desvendadas com a última actualização mais profunda, uma série de novos pormenores. Que, apesar de significativos, até poderão passar despercebidos aos menos atentos.

É o caso, por exemplo e para começar, da nova grelha frontal a incorporar um “V” com acabamento cromado mate, das novas luzes diurnas e do capot redesenhado, além dos novos pára-choques.

No entanto e se está a pensar que estas alterações têm como único propósito uma actualização estética, engana-se; segundo os engenheiros da Nissan, destinam-se, antes de mais, a contribuir para a melhoria da aerodinâmica do GT-R.

Agora, se depois isto contribui para uma condução muito diferente e, desde logo, ainda mais arrebatadora, é algo a que já lá iremos…

Pontuação – 8/10

Interior

Com um aspecto exterior apurado na procura da melhor aerodinâmica, o “novo” Nissan GT-R assume, contudo, um propósito bem diferente, no que ao interior do habitáculo diz respeito. E que passa, basicamente, pela oferta de todo um ambiente bem mais mundano, em que a qualidade e no luxo passam a estar no centro das preocupações.

Assim, perceptível é, desde logo, a melhoria da qualidade dos materiais, através de uma aposta clara na pele de cor preta e conjugada com pespontos em linha vermelha. Ajudando, desta forma e com o contributo de soluções como o revestimento também em pele dos pilares A, para fazer sobressair igualmente uma óptima qualidade de construção.

Ainda assim, é facilmente perceptível a forma como são tratados condutor e passageiro da frente, face aos dois possíveis ocupantes dos lugares de trás. Os quais, ao contrário dos da frente, voltam a sentir o plástico rijo e pouco convincente como a opção mais frequente para revestimento das laterais. O que, de certa forma, confirma também a forma como a Nissan vê este dois lugares – como uma solução muito, mas mesmo muito, de recurso.

Pelo contrário, a merecer elogios, os esforços dos homens da Nissan no sentido de tornar o habitáculo um pouco mais clean e funcional na zona dos lugares dianteiros, desde logo, reduzindo o número de botões espalhados pelo tablier e consola central, dos anteriores 27, para “apenas” 11. Algo só possível graças ao redesenhar da mesma consola central, a qual passou a contar com mais generoso ecrã táctil de 8″, e a que não falta sequer um botão rotativo – ligeiramente atrasado entre os bancos dianteiros, é certo, mas, ainda assim, valorizado com a colocação sobre uma superfície de fibra de carbono. E que, diga-se, rapidamente se assume como a melhor solução para, por exemplo, funcionar com um sistema de navegação, o qual já parece um pouco datado, tanto no funcionamento algo lento (uma característica, aliás, do próprio sistema de info-entretenimento), como na precisão e atractividade dos gráficos.

Aliás, se dúvidas houvesse, bastaria uma só observação para percebermos que o único ocupante com que o GT-R verdadeiramente se preocupa, é com o condutor. Elemento em função do qual todo o habitáculo foi, aliás, concebido, a começar pela posição de condução excelente, a partir de um banco tipo bacquet, a encaixar o corpo na perfeição e com todos os ajustes necessários. Ainda que… diferentes – uma só alavanca rotativa, não muito fácil de operar, a que se junta depois um botão, que faz subir/descer o assento.

No fundo, apenas só mais uma solução… estranha, a somar à regulação em altura e profundidade do novo volante, de óptima pega, assim como com um número algo exagerado de botões, já para não falar nas patilhas da caixa de velocidades, agora já integradas no volante, mas também um pouco distantes. Pouco condizentes na desportividade com outros pormenores, como é o caso do (bom) apoio de pé esquerdo e pedais em metal, Mas também quase tão difícil de digerir quando a visibilidade exterior e, especialmente, traseira…

Num habitáculo onde a falta de espaços de arrumação é pouco menos que gritante, o melhor mesmo é também não contar muito com as aptidões de uma suposta bagageira. A qual, além de um acesso difícil, já que é basicamente um alçapão, destaca-se ainda por uma capacidade apenas suficiente, mesmo para um desportivo deste género. E é só!…

Pontuação – 6/10

Equipamento

Embora disponível em três outras versões, com ligeiros acréscimos de equipamento – Black Edition, Track Edition by Nismo e Nismo —, a versão de entrada do Nissan GT-R já possui, por si só, um equipamento de série bastante recheado. Do qual fazem parte, por exemplo, no capítulo da Segurança, o Controlo Dinâmico do Veículo com ESP, o sistema avançado de airbags frontais, laterais e de cortina, fixação superior e inferior para cadeiras de criança nos assentos traseiros, travões refrigerados a ar com ABS de 4 canais e distribuição electrónica da travagem (EBD), sistema de suspensão Blistein Damp Tronic com 3 modos seleccionáveis pelo condutor, sensores de chuva, activação automática dos faróis, Cruise Control e limitador de velocidade, ambos com comandos no volante. Além do sistema de tracção às 4 rodas ATTESA-ETS controlado eletronicamente e o sistema de monitorização da pressão dos pneus.

Já no domínio da tecnologia, o anteriormente referido ecrã táctil multifunções de 8″com sistema de navegação GPS Nissan 3D e IT-Commander na consola central, rádio/CD/MP3 com comandos no volante, RDS, Bluetooth com audio streaming e 2 portas USB, sistema de Áudio Digital BOSE com 11 colunas e optimizador activo de som (ASE), chave inteligente com botão de arranque, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com câmara de visão traseira, transmissão de embraiagem dupla com selecção de 3 modos de condução e patilhas no volante.

Como parte do equipamento exterior, jantes RAYS em alumínio forjado de 20″ e pneus Dunlop Sports Max GT 600 DSST CTT, faróis Bi-LED de ativação e regulação automática, luzes diurnas em LED e spoiler traseiro com luz de travagem integrada. Ao passo que, no interior, garantido está, à partida, o ar condicionado automático Dual Zone, volante em pele, estofos em tecido-pele de cor preta, bancos dianteiros desportivos, bancos traseiros individuais, espelho retrovisor interior com escurecimento automático, painel frontal com ecrã multifunções integrado, consola central em carbono e revestimento do solo de alta densidade.

Pontuação – 8/10

Consumos

Resumindo: obrigatória e necessariamente altos! Ou não se tratasse de um assombroso V6 biturbo de 3,8 litros e 570 cv, que, mesmo quando tratado doçura e carinho, não se coíbe de um apetite voraz, com médias reais de 14 litros, isto sem puxar.

Pelo contrário e caso se opte por andamentos mais vivos, bem mais consentâneos com as capacidades do conjunto, o melhor mesmo é recordar que, milagres, já não há! Com os 74 litros de gasolina com que é possível encher o depósito a dificilmente darem para mais que 400 km!…

Pontuação – 5/10

Ao volante

Demonstração de que esta edição 2019 mereceu bem mais do que uma simples lavagem de cara, mas, pelo contrário, foi alvo de importantes alterações destinadas a evoluir o desempenho e eficácia dinâmica, a melhoria da rigidez torcional anunciada para o “novo” GT-R, em resultado do reforço realizado ao nível dos pilares A e C; a introdução de novos amortecedores adaptativos Bilstein com o respectivo reforço dos suportes da suspensão; além de uma direcção convincente, para a qual a Nissan reivindica respostas mais precisas e a exigir menos esforço, quando a velocidades mais baixas. Mas que, quando utilizada perto dos limites, também podia mostrar um tudo nada mais de peso…

Agora, de que forma é que tudo isto funciona em prol da condução? Muito bem! Desde logo, com o GT-R a revelar um melhor diálogo com a estrada que até aqui, e, inclusive, quando esta se torna um pouco mais acidentada!

Na base deste avanço rumo a uma postura mais civilizada e menos radical, está o desempenho das novas suspensões, agora um tudo-nada mais macias, ainda que com a factura desta opção a surgir, principalmente, nas travagens a fundo. Altura em que, mesmo com os amortecedores adaptativos no modo mais firme, torna-se possível constatar uma transferência mais acentuada do peso sobre o eixo dianteiro. Ainda que, com o próprio sistema de travagem, a demonstrar inesperadas limitações, em particular, no decurso de uma utilização mais intensiva.

De resto e ainda sobre o desempenho do eixo dianteiro, nem mesmo a gestão realizada pelo sistema de tracção integral na distribuição da potência consegue garantir uma precisão sempre total e linear na forma como o GT-R se faz às curvas mais rápidas ou mais fechadas. Sobressaindo, por vezes e apesar das compensações realizadas pela base rolante, a já conhecida faceta mais brusca do desportivo japonês. O qual, mesmo sem colocar em causa a segurança ou a estabilidade, não deixa de revelar reacções de maior instabilidade, em particular, na saída das curvas, quando em aceleração.

Ainda assim, pior é, no entanto, sob chuva e com o piso estar ensopado; altura em que nem mesmo os à partida eficazes – em piso seco, bem entendido… – Bridgestone Potenza, pedirão muitas vezes licença para entrar em aquaplanning

De resto e com realidade bem presente, ficou-nos a certeza de que, hoje em dia mais civilizado, o “novo” Nissan GT-R assume-se, igualmente e cada vez mais, como um carro para acelerações a fundo e a direito de tirar a respiração, em estrada aberta, onde até mesmo a utilização do Launch Control se torna fácil de aproveitar. Pois, em trajectos mais sinuosos e com momentos de condução mais extremados, sobressai a exigência de maior racionalidade e, já agora, mãos mais dotadas. Sob pena do prazer rapidamente passar a desgosto…

 Pontuação – 8/10

Concorrentes

Porsche 911 Carrera 4S PDK, 2.981 cm3, 420 cv, 500 Nm, 4,0s 0-100 km/h, 303 km/h, 7,9 l/100 km, 180 g/km, 146.076,00 euros

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

McLaren 570S Coupé Cx. Auto., V8 3.8 Turbo, 570 cv, 600 Nm, 3,2s 0-100 km/h, 328 km/h, 12,2 l/100 km, 276 g/km, Preço não disponível

 

 

Motor

Vulgarmente apontado como um dos elementos mais emblemáticos neste desportivo “à velha moda”, oriundo do país do Sol Nascente, trata-se, como já foi referido, de um impressionante V6 biturbo com 3.799 cc, a garantir uma potência máxima de 570 cv às 6.800 rpm – ou seja, pouco antes do surgimento do red line, às 7.000 rpm – e um binário máximo de 637 Nm, disponível entre 3.300 e as 5.800 rpm.

 

Conjugado de fábrica com uma caixa automática de dupla embraiagem e “apenas” seis velocidades, que embora já mais suave nas passagens, continua a ter um certo feeling mais tosco, além de não tanta rapidez quanto seria de esperar na resposta a quaisquer toques nas patilhas, o V6 nipónico montado artesanalmente não deixa, ainda assim, de garantir uma subida de regime sôfrega mas também muito linear, confirmada, de resto, através de prestações especialmente avassaladoras.

 

A demonstrá-lo, uma capacidade de aceleração que, mesmo tendo de lidar com quase duas toneladas de peso, permite ao Nissan GT-R ir dos 0 aos 100 km/h em tão só 2,8s (!), fixando em seguida os 315 km/h, como velocidade máxima; mas apenas porque os engenheiros da marca decidiram limitá-la electronicamente…

A ajudar a explicar estas prestações verdadeiramente de excepção, que inclusivamente conseguem deixar “nas covas” rivais como o Porsche 911 Carrera S, as alterações operadas, desde logo, no motor, como é o caso do controlo individual da temporização da ignição em cada um dos cilindros e a melhoria da eficiência dos turbocompressores. Inovações que, por sua vez, vieram garantir um aumento da potência em 20 cv, além de um melhor aproveitamento da totalidade do binário, numa faixa mais alargada de regime.

Igualmente a ajudar, um novo sistema de escape em titânio, o qual é também responsável, em conjunto com o Active Sound Enhancement (ASE), por uma maior presença da sonoridade do bloco, no interior do habitáculo. Com tudo o que isso possa ter de bom… e de mau.

 Pontuação – 9/10

 

Balanço final

Rapidamente (re)baptizado de Godzilla, pela personalidade quase selvagem e indomável que ajudou a fazer dele um “animal” diferente, mais agressivo, entre a espécie dos desportivos, o Nissan GT-R surge, hoje em dia, já bem mais dócil, e até um pouco envelhecido nos argumentos, face aos rivais mais jovens. Constatações que, no entanto, nem mesmo acrescidas de uma certa cedência ao luxo no interior do habitáculo, evitam a manutenção dos alertas quanto à origem selvagem deste “réptil”, o qual, embora já mais domesticado, não deixa de poder morder!…

 Pontuação – 8/10

Mais

Motor / Prestações / Posição de condução

 

 

Menos

Bancos traseiros / Preço / Consumos

Ficha técnica

Motor

Tipo: seis cilindros em V, com injecção directa, turbocompressor (2) e intercooler

Cilindrada (cm3): 3.799

Diâmetro x curso (mm): 95,5×88,4

Taxa compressão: 9:1

Potência máxima (cv/rpm): 570/6.800

Binário máximo (Nm/rpm): 637/3.300-5.800

Transmissão e direcção: Integral, com caixa automática de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

Suspensão (fr/tr): Forquilha dupla em alumínio com amortecedores Bilstein Damptronic ajustáveis; Independente Multi-link com composição em alumínio e aço, com amortecedores Bilstein Damptronic ajustáveis

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos ventilados

Prestações e consumos 

Aceleração: 0-100 km/h (s): 2,8

Velocidade máxima (km/h): 315

Consumos urbano/extra-urb./misto (l/100 km): 17/8,8/11,8

Emissões de CO2 (g/km): 275

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,710/1,895/1,370

Distância entre eixos (mm): 2,780

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1.590/1.600

Peso (kg): 1.827

Capacidade da bagageira (l): 315

Depósito de combustível (l): 74

Pneus (fr/tr): 255/40 ZR20 / 285/35 ZR20

 

Preço da versão ensaiada (Euros): 140210€
Preço da versão base (Euros): 140210€