Mazda 6 2.2 Skyactiv-D AT Excellence – Ensaio

By on 19 Agosto, 2017

Mazda 6 2.2 Skyactiv-D AT Excellence Pack Leather Cruise Pack TAE Navi

Texto: Francisco Cruz

Navio-almirante na oferta da marca de Hiroshima, o Mazda6 continua sendo o que de melhor é possível obter, com o emblema alado na grelha frontal. Recentemente actualizado, é, contudo, através das qualidades já conhecidas e agora melhoradas, que o executivo japonês se afirma, cada vez mais, como opção a ter em conta!

Abrangido também ele pelos ventos de renovação que, no início deste ano, atravessaram grande parte da gama Mazda, a verdade é que o navio-almirante da marca de Hiroshima não deixou de aproveitar a oportunidade para voltar a fazer-se notar entre as propostas do já estatutário segmento D. As quais, muitas delas a falar alemão… e premium – é o caso, por exemplo, do Mercedes Classe C, do BMW Série 3 ou até mesmo do mais “modesto” Volkswagen Passat -, simplesmente não deixam grande espaço de manobra à restante concorrência!

No entanto e apesar desta concorrência fortemente encarniçada, a realidade registada, em particular, nos últimos anos, com crescimentos sucessivos nas vendas, tem vindo a mostrar que a Mazda está no caminho certo e que, embora devagar, os seus modelos vão conquistando cada vez mais aficionados. Algo que, com a discreta renovação agora realizada, centrada principalmente no aumento da qualidade perceptível e na oferta de mais equipamento, a que se juntam qualidades já (re)conhecidas como é o caso da estética exterior, da habitabilidade, do conforto e até do sistema motopropulsor (aqui, materializado num competente 2,2 litros turbodiesel de 175 cv, associado a uma caixa automática de seis velocidades), o Mazda 6 promete também conseguir. Assim os rivais lhe permitam aparecer!

Beleza oriental ao gosto europeu

Sedan de linhas marcantes e fortemente personalizadas, a embelezarem um corpo com quase cinco metros de comprimento (4,8 m), perto de dois metros de largura (1,8 m) e quase metro e meio de altura (1,4 m), é caso para dizer que, pelo menos exteriormente, não faltam pormenores a este Mazda 6 capazes de cativar a atenção e conquistar o gosto de quem o vê passar. A começar, desde logo, num perfil assumidamente de coupé de quatro portas, com a linha do tejadilho a terminar suavemente sobre a tampa da mala e num discreto airelon nela integrado, a que se juntam pára-lamas dianteiros e musculados, a partir dos quais nasce uma linha de cintura a subir, que só termina nos farolins traseiros de design rasgado. A fazer lembrar, tal como as ópticas dianteiras, na versão ‘Excellence’ equipadas com tecnologia LED e comutação automática dos máximos, o olhar de uma ave de rapina.

Verdadeiramente novo, face ao modelo pré-actualização, só mesmo os retrovisores exteriores agora com recolhimento automático, assim que se tranca o carro, além de com indicadores de mudança de direcção de maiores dimensões.

Interior de qualidade e estatuto

Já no interior do habitáculo, a aposta clara e visível no aumento da qualidade perceptível, nomeadamente, através do recurso a revestimentos de melhor qualidade (couro, alumínio…) na quase totalidade das superfícies mais expostas – tablier, portas, túnel de transmissão, etc. A que se junta uma solidez na construção, sem dúvida, merecedora de elogios, além de uma ergonomia e funcionalidade, em particular para os ocupantes dos lugares da frente, não menos apreciada – são os comandos simples, acessíveis e fáceis de operar; os espaços de arrumação de boa capacidade e espalhados por vários locais do habitáculo; já para não falar numa posição de condução correcta e confortável, graças não só a um volante redesenhado, de melhor pega e ajustável tanto em altura como em profundidade, mas também a um banco de concepção desportiva, óptimo apoio lateral, e também ele regulável tanto em altura como em profundidade.

De resto e num habitáculo em que o acesso pelas portas traseiras não deixa de merecer um ligeiro reparo, devido à possibilidade do passageiro bater, ao entrar ou ao sair, com a cabeça no vão superior, elogie-se, pelo contrário e comparativamente a outros modelos da marca, o correcto posicionamento, neste Mazda 6, dos comandos rotativos do intuitivo sistema de info-entretenimento que a Mazda chama de Human Machine Interface. No qual só há, de resto, a lamentar pequenas particularidades como é o facto do ecrã táctil perder a sensibilidade assim que colocamos o carro em movimento, ou do sistema demorar a recarregar a lista de estações de rádio favoritas, sempre que a ela acedemos.

Equipamento: muito e tecnológico

E já que falamos de equipamento e tecnologia, impossível não referir, num modelo que mantém como oferta três níveis de equipamento – ‘Essence’, ‘Evolve’ e ‘Excellence’ -, o novo head-up display, que na Mazda se chama Active Driving Display. E que, a cores, com maior resolução e novo grafismo, só não convence totalmente devido à projecção algo minúscula das informações. Sendo que, depois, contempla tudo e mais alguma coisa!

A par deste argumento, muitos outros equipamentos a comporem um nível ‘Excellence’ particularmente recheado e já com mais-valias à partida propostas apenas no âmbito de packs, como é o caso dos bancos em pele de cor branca (Pack Leather White), do Cruise Control Adaptativo (Cruise Pack), do tecto de abrir em eléctrico (TAE) ou ainda do sistema de navegação (Pack Navi). A que se juntam, depois, soluções já conhecidas como o sistema de acesso e ignição sem chave, áudio premium BOSE com leitor de CD, Bluetooth e entradas USB (2), ar condicionado automático, computador de bordo, Active Drive Display, bancos dianteiros aquecidos, sistema de arranque inteligente (i-Stop), Start&Stop, sistema de travagem regenerativa inteligente (i-ELOOP), monitorização da pressão dos pneus, sensores de chuva e de luz, jantes em liga leve de 19″, ópticas, faróis de nevoeiro e luzes diurnas em LED e sistema automático de accionamento de máximos.

Já no domínio da Segurança, soluções como o imobilizador, alarme, ABS com Distribuição Electrónica da Força de Travagem, Assistência à Travagem de Emergência, airbags frontais, laterais e de cortina, travão de mão eléctrico, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, Controlo de Tracção, Controlo Dinâmico de Estabilidade, câmara de auxílio ao estacionamento traseiro, sistema de monitorização do ângulo morto e Ajuda ao Arranque em Subidas (Hill Launch Assist), além do já conhecido pacote de sistemas de segurança activa e pré-colisão i-ActiveSense. Após esta actualização, com três novidades: sistema de monitorização dianteira mais abrangente e com reconhecimento de peões (Advanced Smart City Brake Support); monitorização da distância para o veículo da frente, emitindo avisos sempre que a mesma diminui, acabando por travar se não houver intervenção do condutor (Smart Brake Support); e o reconhecimento dos sinais de limite de velocidade e de trânsito proibido, com correspondente exibição no ecrã do Active Driving Display (Traffic Sign Recognition). Sem esquecer tecnologias como a Assistência à Manutenção na Faixa de Rodagem (Lane Keep Assist), além da novidade chamada G-Vectoring Control, sistema que ajusta a potência transmitida às rodas segundo a inclinação do volante, de forma a garantir um controlo mais fácil e preciso do veículo.

Para cinco… e com respectiva carga

Numa proposta que é também um verdadeiro familiar, convincente é igualmente a habitabilidade, com muito espaço para inclusivamente esticar um pouco as pernas nos lugares traseiros, ainda que com um lugar do meio mais elevado e, como tal, a aproximar demasiado a cabeça do ocupante do tejadilho. Que, ainda assim e embora com não o mesmo nível de conforto, não deixa de disfrutar de um certo à-vontade para as pernas, graças a um túnel de transmissão quase imperceptível.

E se no interior do habitáculo viajam confortavelmente cinco ocupantes, na bagageira, não falta espaço para as respectivas bagagens, fruto, desde logo, de uma capacidade de carga inicial fixada nos 480 litros, além de alçapões mais e menos profundos nas laterais. Que só o acesso um pouco mais apertado (culpa da opção por uma estética mais coupé) e a enorme profundidade do espaço (difícil, difícil, é conseguir tocar com a mão nas costas dos bancos, sem nos deitarmos lá dentro!…), acabam colocando algumas dificuldades. Felizmente e em caso de necessidade, existem trancas na parte de cima da bagageira, que, uma vez accionadas, soltam as costas dos bancos traseiros, permitindo rebatê-las totalmente na horizontal e na continuidade do piso da mala…

Motor de fulgor em verdadeiro pápa-léguas

Embora disponível no nosso País com dois níveis distintos de potência – 150 e 175 cv -, o Mazda 6 que nos calhou em sorte para este ensaio contava, no entanto, com o mais potente dos 2,2 litros turbodiesel, aperfeiçoado com tecnologia SKYACTIV e agora melhorado com a inclusões de tecnologias como o High-Precision DE Boost Control, que aumenta a capacidade de resposta do bloco ao acelerador, conferindo maior capacidade de controlo sobre o sistema de injecção; o Natural Sound Smoother, que visa abafar o tradicional ruído dos blocos a diesel que mais se sente no habitáculo; e o Sound Frequency Control, que procura suprimir outras sonoridades frequentes neste tipo de motores. Estas duas últimas, soluções destinadas a garantir a um funcionamento mais discreto da parte do propulsor, ainda que, no caso do “nosso” carro, nem sempre conseguido da forma mais eficaz – culpa também da insonorização do habitáculo, que em situações como quando com o motor “a frio” ou a velocidades mais elevadas, não impede a entrada de ruídos exteriores…

Pelo contrário, convincente e muito agradável pareceu-nos a disponibilidade e capacidade de aceleração demonstradas por este quatro cilindros, inlcusive, desde os regimes mais baixos, com a opção por uma transmissão automática de seis velocidades e patilhas (funcionais) no volante a encontrar justificação, principalmente, na suavidade, progressividade e linearidade com que o ponteiro do conta-rotações sobe de regime. Aspectos que, de resto, agradam em qualquer ambiente, mesmo se, em termos de consumos, a anunciar um ligeiro aumento (0,3 l/100 km) face à solução manual. Com as médias a quedarem, no nosso caso, pelos 8,0 l/100 km.

Mas se tanto o motor como a caixa convidam a viagens longas em conforto e descontracção, ainda que com a consciência de que, sempre que for necessário, ambos estarão lá para recuperar andamentos (rapidamente), o mesmo se passa com o restante conjunto. Que, apoiado numa suspensão também ela mais preocupada com o bem-estar dos ocupantes (mesmo quando conjugada com jantes de 19″…) do que com desempenhos particularmente desportivos, assim como numa direcção que, algo filtrada em demasia, não desdenharia maior dose de feedback e precisão, não esconde a preferência pela “passarelle”, mesmo se cumprida a velocidades mais elevadas, do que por momentos de grande adrenalina. Por exemplo, em trajectos mais sinuosos ou dinamicamente mais exigentes, onde o G-Vectoring Control confirma a sua validade, mas onde até mesmo as rodas maiores, propostas de origem, não deixam de impor a respectiva factura em termos de agilidade.

Resumindo…

Familiar por excelência, executivo de elevado gabarito e proposta que fica bem em qualquer ambiente, o Mazda 6 assume-se, cada vez mais, como uma óptima proposta e alternativa aos grandes dominadores do segmento D. Juntando ao design, habitabilidade e capacidade de carga, uma qualidade de construção e de materiais cada vez mais próxima das referências generalistas alemãs, mais e melhores equipamentos, um motor sempre disponível, além de um comportamento que, basicamente, encaixa na perfeição daquele que, na maior parte dos casos, o cliente-tipo deste tipo de propostas. E que, mais do que adrenalina, gosta, sim, de qualidade, luxo e conforto…

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo: quatro cilindros em linha, injecção directa Common-Rail, turbocompressor de geometria variável e intercooler

Cilindrada (cm3): 2.191

Diâmetro x curso (mm): 86.0×94.3

Taxa compressão: 14.0:1

Potência máxima (cv/rpm): 175/4.500

Binário máximo (Nm/rpm): 420/2.000

Transmissão, direcção, suspensão e travões 

Transmissão e direcção: Dianteira, com caixa automática de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr): Tipo McPherson; Multi-link

Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos sólidos

Prestações e consumos 

Aceleração: 0-100 km/h (s): 8,4

Velocidade máxima (km/h): 216

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km): 4,2/6,0/4,8

Emissões de CO2 (g/km): 127

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4,865/1,840/1,450

Distância entre eixos (mm): 2,830

Largura das vias (fr/tr) (mm): 1.585/1.575

Peso máximo (kg): 2.070

Capacidade da bagageira (l): 480/1.648

Depósito de combustível (l): 62

Pneus (fr/tr): 225/45 R19/225/45 R19

(Preço inclui pintura metalizada)

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 49841€

Preço da versão base (Euros): €