Mazda 3 CS 1.5 Skyactiv-D – Ensaio

By on 25 Agosto, 2017

Mazda 3 CS 1.5 Skyactiv-D MT Excellence Pack Leather Pack HT Pack Navi

Texto: Francisco Cruz

Convencidos!

A meio do ciclo de vida, o Mazda 3 foi alvo de importante mas também discreta actualização, pensada principalmente no condutor, mesmo sem descurar as opiniões e sensações dos restantes ocupantes. Que, aliás e conforme pudemos confirmar ao volante do sedan 1.5 Skyactiv-D Excellence com tudo e mais alguma coisa, só podiam mesmo ser óptimas!

Hoje em dia com o estatuto que lhe dá as mais de 5,5 milhões de unidades já vendidas desde a estreia no mercado, em 2003, o Mazda 3 continua a sua evolução, nos últimos anos, claramente no melhor caminho. Assumindo-se, cada vez mais, como uma opção que importa ter em conta, enquanto alternativa realmente válida, a verdadeiros dominadores do hiper-competitivo segmento C europeu. Liderados, a grande distância, pelo “rei” Volkswagen Golf, logo seguido do Opel Astra  e do Skoda Octavia. Isto, segundo dados de 2016.

Um Mazda 6 em miniatura

E se é verdade que a referência da Mazda em termos de produto automóvel, o Mazda 6, tem pela frente uma tarefa hercúlea nos esforços de afirmação no Velho Continente, a verdade é que o seu leal escudeiro Mazda 3, não tem melhor sorte. Mesmo com uma estética exterior que, agora retocada com uma grelha tridimensional revista e de aspecto mais acutilante, novas molduras nos faróis de nevoeiro com possibilidade de inclusão da tecnologia LED nas ópticas dianteiras, retrovisores exteriores já com indicadores de mudança de direcção e novas jantes de 18 polegadas, surge agora mais apurada e, de certa forma, a contribuir para fazer deste mais pequeno 3, um 6 em potência. Ainda mais, no caso do sedan.

Já no interior, o mesmo princípio aplicado no navio-almirante, com a estética suave e ergonómica a ceder protagonismo à qualidade de construção e de materiais. Dois dos aspectos em que o Mazda 3 mostra maior evolução após este restyling. Isto, num habitáculo em que a marca não deixou de continuar a evoluir o conceito do espaço interior orientado para o condutor, o qual acaba premiado com uma posição de condução cada vez mais natural e integrada no cockpit. Valorizada por um banco confortável – resultado também da inclusão de série do Pack Leather, além das regulações eléctricas e bons apoios laterais – e um volante redesenhado e de boa pega – culpa dos óptimos materiais -, ainda que com botões a mais, mas também pelo bom apoio de pé esquerdo, fácil acesso à generalidade dos comandos e uma visibilidade em redor agradável; um pouco menos para trás.

Aí, contudo, a responsabilidade acaba tendo de ser repartida também por um óculo traseiro elevado e bastante inclinado, que, embora contribuindo para um perfil exterior estilo coupé, não é grande ajuda no momento de fazer marcha-atrás. Fazendo-nos agradecer a inclusão de “ajudas” como a câmara de estacionamento traseira, a juntar as estreias como é o caso do travão de estacionamento electromecânico que vem tornar a consola sobre o túnel de transmissão mais ergonómica e aproveitável; ou do Active Driving Display, agora mais brilhante e já a cores; ou ainda do painel de instrumentos analógico e digital, após esta actualização mais legível.

Perante tais melhorias, de lamentar, só mesmo a irritante característica de um sistema de info-entretenimento que, oferecendo funcionalidades como a possibilidade de ler/ouvir um sms ou e-mail, ou até de aceder à lista de contactos com um simples comando de voz, continua a manter um ecrã táctil que perde a sensibilidade sempre que o carro começa a deslocar-se. Obrigando-nos, a partir daí, a usar o menos acessível (ainda que funcional) botão rotativo colocado entre os bancos dianteiros, para aceder aos vários menus…

Habitabilidade e conforto são argumentos

Com acesso fácil através das portas traseiras, resultado da forma ampla como estas abrem, excelente é também a habitabilidade, perfeitamente capacitada para acomodar cinco ocupantes. Ainda que com o do lugar do meio sem o mesmo (bom) conforto dos restantes, aos quais não falta sequer espaço para as pernas. Viajando descansados até pelo facto de terem uma quase garantia de que não vão ter de deixar nada para trás – é que bagageira, embora com um acesso um pouco mais apertado, segue, também ela, o princípio aplicado no “irmão maior”, mostrando-se funda, com os seus 419 l de capacidade inicial de carga.

Menos convincente, apenas o facto de ser, basicamente, o está à vista. Sendo que também não lamentaríamos se os responsáveis da Mazda se tivessem lembrado de colocar um pouco mais da funcionalidade no espaço, instalando, por exemplo e a par das funcionais trancas que permitem o rebatimento – 60/40 e na horizontal – das costas dos bancos traseiros no tecto da bagageira, um ou outro gancho porta-sacos, um ou outro espaços de arrumação independente.

Equipamento sem mácula

Mas se a habitabilidade continua a afirmar este Mazda 3 como uma óptima proposta para carro de família, o equipamento, igualmente revisto, reforça-a. Desde logo, por contemplar, na versão por nós testada, Excellence,  tudo e mais alguma coisa. E por um preço que, embora ultrapassando a barreira psicológica dos 30 mil euros, não deixa de ser justo, face ao extenso recheio que oferece.

Assim e embora igualmente disponível no mercado português noutros dois níveis de equipamento – Essence e Evolve – mais acessíveis, optando pela versão mais completa, Excellence já com os packs Leather, HT (High Technology) e Navi, não faltarão, entre muitos outros argumentos, as ópticas e luzes diurnas em LED, faróis de nevoeiro, retrovisores exteriores rebatíveis electricamente, vidros traseiros escurecidos, sensores de chuva e de luz, jantes em liga leve de 18″, sistema de acesso e arranque sem chave (i-Stop), áudio premium BOSE com leitor de CD, Bluetooth e entradas USB (2), ar condicionado automático, computador de bordo, sistema de info-entretenimento Human Machine Interface, Active Drive Display, sistema de navegação e os bancos em pele. Sendo os dianteiros aquecidos, e do condutor, também com regulação eléctrica.

Já no capítulo dos sistemas de segurança activa e passiva, garantidos estão o imobilizador, alarme, ABS com Distribuição Electrónica da Força de Travagem, Assistência à Travagem de Emergência, airbags frontais, laterais e de cortina, travão de mão eléctrico, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, Controlo Dinâmico de Estabilidade, câmara de auxílio ao estacionamento traseiro, sistema de monitorização do ângulo morto, ajuda ao arranque em subidas (Hill Launch Assist), sistema de alerta de ângulo morto (Blind Sport Monitoring System), aviso de aproximação ao carro da frente com travagem automática de emergência (Smart City Brake Support), alerta de cansaço do condutor (Driver Attention Alert), Cruise Control (Mazda Radar Cruise Control) e manutenção na faixa de rodagem (Lane Keep Assist System). Sem esquecer a novidade chamada G-Vectoring Control, sistema que ajusta a potência transmitida às rodas segundo a inclinação do volante, de forma a garantir um controlo mais fácil e preciso do veículo.

Diesel poupado em conjunto ágil

Embora proposto entre nós também com motor a gasolina 1.5 Skyactiv-G de 100 cv e preços a partir de 19.118€ (já com pintura metalizada), o Mazda 3 com que tivemos oportunidade de contactar exibia, contudo, o bem mais apetecível (para o mercado português, pelo menos…) e único turbodiesel à disposição no modelo – um quatro cilindros 1,5 litros de 105 cv às 4000 rpm e 270 Nm de binário, logo a partir das 1.6000 rpm. Que, não sendo um poço de força e emoção, afirma-se, acima de tudo, pela agradável disponibilidade e suficiente desenvoltura. Desde que, sublinhe-se, mantido acima das anunciadas 1600 rpm, altura a partir da qual a subida de regime se faz de forma principalmente linear, embora não sem alguma presença do motor no habitáculo – é certo que a marca anuncia melhorias neste capítulo, mas a verdade é que, particularmente a insonorização do habitáculo, pode ainda evoluir…

Apoiado numa convincente caixa manual de seis velocidades, o maior argumento deste 1.5 Skyactiv-D são, no entanto, os consumos. Que a marca nipónica fixa, à partida, nos 3,8 l/100 km em trajecto combinado, valor distante da realidade, mas não tanto quanto isso – conduzindo sem quaisquer condicionalismos e de forma despachada, tanto em cidade como com alguma auto-estrada pelo meio, terminámos o nosso ensaio com uma média de 5,4 l/100 km. Resultado que, inquestionavelmente, não deixa de ser muito positivo!

Ágil, mas também confortável

Desta forma e não só fazendo uso de um turbodiesel que claramente “se desenrasca”, mas também aproveitando as qualidades de uma direcção competente e de chassis ágil e leve, torna-se fácil sentirmo-nos bem ao volante deste Mazda 3! Com o familiar compacto japonês a conseguir, inclusivamente, disfarçar uma capacidade de aceleração apenas aceitável, com uma bem mais convincente agilidade, comportamento em curva, estabilidade e segurança. Fruto, também, do apoio dado pelos vários sistemas de ajuda à condução com que conta.

No entanto e porque as qualidades familiares, num modelo como este, não são menos importantes, saúde-se, igualmente, o bom compromisso, garantido pela suspensão, entre dinamismo e conforto. Com este último a não se mostrar sequer muito afectado pela escolha de jantes de mais largas (18″), revestidas a borrachas de cariz mais desportivo (Michelin Sport Pilot 3), mantendo-se a salvaguarda do bem-estar dos ocupantes, inclusivamente, quando por pisos mais irregulares.

Resumindo…

Cativante ao olhar, com uma óptima qualidade de construção e de materiais, bastante espaço interior, muito equipamento e um comportamento sem mácula, inclusivamente superior as capacidades de um turbodiesel que se destaca, principalmente, pelos consumos, a Mazda tem neste 3 agora renovado um óptimo produto e alternativa real aos reis do segmento. Já que nem mesmo a carroçaria tipo “Coupé Style” (CS), outrora uma variante menos apreciada pelos clientes tradicionais dos familiares compactos, habitualmente mais inclinados para as carrinhas e hatchbacks, pode aqui ser apontada como desculpa para, quanto mais não seja, dar uma olhada…

FICHA TÉCNICA

 Motor

Tipo – Quatro cilindros em linha, injecção directa Common-Rail, turbocompressor de geometria variável e intercooler

Cilindrada (cm3) – 1.499

Diâmetro x curso (mm) – 76.0×82,0

Taxa compressão – 14.8:1

Potência máxima (cv/rpm) – 105/4.000

Binário máximo (Nm/rpm) – 270/1.600-2.500

Transmissão, direcção, suspensão, travões

Transmissão e direcção – Dianteira, com caixa automática de seis velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Suspensão (fr/tr) – Tipo McPherson/Multi-link

Travões (fr/tr) – Discos ventilados/Discos sólidos

Prestações e consumos 

Aceleração 0-100 km/h (s) – 11,0

Velocidade máxima (km/h) – 186

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 3,5/4,3/3,8

Emissões de CO2 (g/km) – 99

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm) – 4,580/1,795/1,450

Distância entre eixos (mm) – 2,700

Largura das vias (fr/tr) (mm) – 1.555/1.560

Peso máximo (kg) – 1.870

Capacidade da bagageira (l) – 419

Depósito de combustível (l) – 51

Pneus (fr/tr) – 215/45 R18/215/45 R18

(Preço inclui pintura metalizada)

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 32114€

Preço da versão base (Euros): €