Kia XCeed 1.6 CRDi Tech – Ensaio Teste

By on 18 Outubro, 2019

Kia XCeed 1.6 CRDi Tech

Texto: José Manuel Costa ([email protected])

Afinal, o que é o XCeed?

Desde que fui a Frankfurt conhecer o carro que fiquei com dúvidas. Na altura escrevi “Se está a pensar “oh lá vem mais um SUV” está redondamente engando, pois, a Kia não trouxe para a arena do segmento C “mais um”, mas um automóvel que promete ser o melhor de dois mundos: praticabilidade e a posição de condução elevada dos SUV com o comportamento e a atitude de uma berlina de cinco portas.” Mas disse mais. “Divertidamente, a Kia enquadra o seu XCeed como um CUV. Hã? Sim, o XCeed é um “crossover utility veihcle”(CUV) e não um “sport utility veihcle” (SUV). Serve este acrónimo, prontinho a ser alvo de piadolas mais ou menos conseguidas, para dizer que o XCeed é um automóvel que cruza as características práticas e a posição de condução elevada de um SUV com a serenidade e o comportamento mais envolvente de um carro de cinco portas.”

Ou seja, o XCeed não é um SUV, mas está mais longe do chão que o Ceed, tem uma posição de condução mais elevada, mas longe daquilo que sucede com os SUV, enfim, não tem mais habitabilidade que o Ceed, mas tem uma mala maior. No fundo, é um carro diferente, bonito e com a qualidade que a Kia nos tem habituado.


Mais:

Estilo, qualidade, bagageira

 

 

Menos:

Modularidade, consumos

Exterior

7/10

Pontuação 7/10

O XCeed nem parece pertencer à gama Ceed, pois do modelo base da gama, fica a pele das portas dianteiras. Diz a Kia, porque se “escavarmos” mais fundo, o XCeed tem a mesma plataforma, as mesmas suspensões, as mecânicas e até o tabliê é, praticamente, o mesmo. O XCeed é mais comprido que o Ceed, mas isso deve-se, apenas, a exigências dos estilistas, pois entre os eixos e no interior, não há diferenças. E, claro, o estilo é a pedra de toque neste automóvel sedutor com uma frente que é diferente da berlina e da carrinha, com faróis mais rasgados, uma grelha maior que não prescinde do “Tiger Nose”, uma traseira musculada e uma superfície vidrada mais estreita e alongada. O capô motor alongado que se junta aos pilares A posicionados em cima das cavas das rodas, completa o visual sedutor do Kia XCeed.

Contas feitas, o XCeed tem a mesma distância entre eixos que o carro e a carrinha (2650 mm), mas é 85 mm mais comprido e 26 mm mais largo que a berlina, o que significa que o XCeed tem 4395 mm de comprimento, ganhos com os maiores avanços à frente e na traseira, respetivamente, mais 25 e 60 mm. O XCeed é mais alto que um Ceed – tem 1490 mm de altura, menos que um Fiat 500X ou um Audi Q2 – com a altura ao solo entre os 172 e 184 mm, dependendo de as jantes serem de 17 ou 18 polegadas, ou seja, mais 42 mm que na berlina. O “nosso” XCeed tinha 184 mm de altura ao solo devido às rodas de maiores dimensões. Por todas estas cifras se percebe como o carro tem uma superfície vidrada estreita. Que bebe inspiração no Proceed no arranjo do terceiro vidro lateral, num conjunto que, como disse acima, é tremendamente sedutor.

Interior

8/10

Pontuação 8/10

O interior do XCeed é acolhedor, tem muita qualidade e estreia o painel de instrumentos digital nas gamas da Kia. O desenho do interior é típico da Kia, ou seja, sem grandes devaneios, com ergonomia correta, qualidade percetiva elevada, estilo agradável á vista e, agora, com o tal painel de instrumentos digital. Feito com enorme qualidade, o Supervision (assim se chama o painel digital) tem 12,3 polegadas e junta-se ao novo ecrã TFT sensível ao toque que faz parte do sistema de info entretenimento. Que foi renovado e que agora é multi janela com três grupos principais.

A posição de condução está um pouco mais alta que no Ceed, mas vamos sentados como se fossemos ao volante da Proceed, ou seja, nem parece que este é um crossover. Confesso que é uma das posições de condução que mais gostei, pois temos a noção que vamos mais altos que o normal, mas sentados de forma “normal”. Brilhante! Por outro lado, esta altura extra permite que os mais idosos com problemas nas ancas, entrem e saiam com menores dificuldades. Não há mais espaço do que num Ceed e até no banco traseiro, a configuração do tejadilho e da traseira cria dificuldades. O único problema poderá ser uma questão de claustrofobia para quem segue no banco traseiro.

Equipamento

8/10

Pontuação 8/10

O equipamento do XCeed é muito completo e nesta versão Tech (equivalente ao GT Line do Ceed), quase tudo é de série: alarme, cruise control, faróis de nevoeiro, assistência ao arranque em declive, máximos automáticos, assistente de manutenção na faixa de rodagem (LKA), ar condicionado automático, bancos condutor e passageiro com regulação em altura, bncos em tecido e pele, Bluetooth, carregador USB, computador de bordo, sensores de chiva e luz, chave inteligente e acesso e arranque mãos livres, ecrã TFT de 10,25 polegadas com sistema Android Auto e Apple Car Play, carregador sem fios de smartphone, vidros elétricos nas quatro portas, porta bagagem elétrico, câmara de estacionamento traseira, painel de instrumentos digiral Supervision com 12,3 polegadas, travão de mão elétrico, volante e alavanca da caixa em pele, jantes de liga leve de 18 polegadas, faróis Full LED, farolins LED, espelhos com regulação e rebatimento elétrico e vidros escurecidos. Como opcionais encontramos o teto de abrir elétrico (950 euros), pacote Yellow (150 euros, oferecendo inserções em amarelo e bancos com padrão de favo de mel em amarelo), pacote ADAS (1.100 euros para alerta de colisão frontal pesões, detetor do ângulo morto, alerta de tráfego na retaguarda) e pacote ADAS Plus (adiciona cruise control adaptativo, estacionamento automático e assistente de fila de trânsito).

Consumos

/10

Pontuação 5/10

O bloco turbodiesel tem como consumos homologados valores entre 4,1 e 4,9 l/100 km. São cifras algo otimistas, pois durante o ensaio a média ficou nos 7,1 l/100 km, um valor que me surpreendeu. Claro que consegui andar abaixo dos sete litros e se descontar as idas á autoestrada e ao caótico trânsito lisboeta, a média teria ficado nos 6,7 l/100 km.

 

Ao Volante

7/10

Pontuação 7/10

No que toca ao chassis do XCeed, há alguma novidades, como os limitadores da suspensão hidráulicos (iguais aos que a Renault usar em alguns Megane) colocados nas torres dianteiras, para melhorar o conforto e o controlo da suspensão, permitindo alterações nas molas e amortecedores. Contas feitas, as molas estão 7% mais brandas à frente e 4% atrás, algo que era fundamental fazer num carro que está mais longe do solo, tem um centro de gravidade mais acima e que a Kia não desejava endurecer, ainda mais, a suspensão. Aliás, a marca coreana quis dar mais conforto ao interior do XCeed e por isso também alterou algumas das ligações e o amortecimento na traseira e reforçou o isolamento para melhorar o ruído e a vibração. O resto do esquema de suspensão multibraços manteve-se igual ao do Ceed.

Tudo isto dá origem a um… Ceed. É verdade, o carro não é assim tão diferente do modelo base, desde o momento que abrimos a porta, entramos e colocamos o carro em andamento. Há diferenças, mas os objetivos da Kia com as mudanças não foram totalmente alcançados. Verdade que é mais suave que o Ceed e mais ainda face ao Proceed, mas o XCeed continua a ter um amortecimento firme. A baixa velocidade isso é perfeitamente percetível, melhora com a velocidade onde o XCeed se mostra mais eficaz que o modelo de base. Por outro lado, os “bump stop” ou limitadores hidráulicos mostram-se eficazes quando atacamos lombas, bandas sonoras ou pisos mais degradados. Nestas condições, o XCeed é melhor que qualquer modelo da gama Ceed, lidando muito melhor com as imperfeições da estrada.

Ou seja, a Kia deu ao XCeed mais refinamento e por isso, além de trabalhar na suspensão e na insonorização, o novo modelo está bem protegido dos ruídos aerodinâmicos e até dos ruídos de rolamento. Até a insonorização do motor é excelente, pois o turbodiesel não é mais que um rumor que não incomoda absolutamente nada.

Claro está que lá porque o carro está mais refinado e até mais confortável que o Ceed, isto não quer dizer que pode chegar á primeira curva e atirar-se á campeão. Não deve, pois, o XCeed não tem essa pretensão. Curva com competência, o chassis enrola muito bem e depois de alguns (muitos) quilómetros em estrada sinuosa e exigente, fiquei deveras impressionado. A direção foi revista para oferecer uma resposta mais direta e rápida e apesar da assistência elétrica, a Kia conseguiu dar alguma sensibilidade, o que permite usufruir da agilidade do XCeed. Há mais rolamento da carroçaria que num Ceed, mas a frente segue as ordens da direção sem grandes problemas. Claro que se perdermos a noção que o XCeed não é um desportivo e entrarmos depressa demais numa curva, a frente escorrega e entra em ação o ESP e o sistema de vectorização de binário. Mas para chegar a esta situação, já terá abusado… e muito. Realmente, o XCeed não é um desportivo, mas curva muito bem, com segurança e uma aderência do eixo dianteiro assinalável. Uma evolução face ao Ceed e à carrinha Ceed, jogo igual com o Proceed. O que sublinha o trabalho da Kia, pois o XCeed é bem mais alto que a “shooting brake”.

Motor

7/10

Pontuação 7/10

O motor turbodiesel acoplado a uma caixa manual de seis velocidades, rima bem com as qualidades do XCeed. Com 136 CV e 280 Nm, o motor a gasóleo vale-se do seu binário e da suavidade de utilização para mascarar alguma letargia. A caixa manual é fácil de utilizar, mesmo que no escalonamento, haja um “buraco” entre a segunda e a terceira e a sexta seja algo longa. Nada de muito preocupante, pois o binário, não sendo brutal, serve para quase tudo. Confesso que não é o motor que melhor rima com o XCeed, pois penso que o melhor bloco é o 1.4 T-GDI a gasolina. Este turbodiesel serve para você que faz muitos quilómetros.

Balanço Final

8/10

Pontuação 8/10

Não tenho duvidas que este é o melhor modelo da gama Ceed, pois não sendo uma berlina, também não é SUV, oferece a posição de condução mais alta, mas sem perder a sensação de carro normal, consegue misturar um comportamento acima do esperado para um crossover, com um refinamento muito interessante. Junta a tudo isto um estilo inspirado, sedutor como poucos, com um interior com enorme qualidade percecionada, espaço suficiente, bagageira maior que a do Ceed, tecnologia avançada, info entretenimento revisto e de qualidade e sete anos de garantia que nos libertam de muitas preocupações. Enfim um carro que com um preço inferior, com as promoções da marca, aos 30 mil euros deixa água na boca.

Concorrentes

BMW X2 18d

1995 c.c. turbo diesel; 150 CV; 350 Nm; 0-100 km/h em 9,3 seg,; 207 km/h; 4,6 l/100 km, 223 gr/km de CO2; 46.200 euros

(Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Volkswagen T-ROC 1.6 TDI

1598 c.c. turbo diesel; 116 CV; 250 Nm; 0-100 km/h em 10,9 seg,; 187 km/h; 4,3 l/100 km, 113 gr/km de CO2; 31.168€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Toyota CH-R

1798 c.c. híbrido a gasolina; 122 CV; 188 Nm; 0-100 km/h em 10,5; 170 km/h; 3,8 l/100 km, 86 gr/km de CO2; 31.875€

(Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Ficha Técnica

Motor

Tipo: 4 cilindros, turbodiesel com injeção direta e intercooler

Cilindrada (cm3): 1598

Diâmetro x Curso (mm): nd

Taxa de Compressão: nd

Potência máxima (CV/rpm): 136/4000

Binário máximo (Nm/rpm): 280/1500 – 3000

Transmissão: dianteira com caixa manual de 6 velocidades

Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente

Suspensão (ft/tr): independente McPherson/eixo multibraços

Travões (fr/tr): Discos ventilados/discos

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s): 10,2

Velocidade máxima (km/h): 195

Consumos extra-urb./urbano/misto (l/100 km): 4,1/4,9/4,4

Emissões CO2 (gr/km): 116

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4395/1826/1495

Distância entre eixos (mm): 2650

Largura de vias (fr/tr mm): 1575/1573

Peso (kg): 1415

Capacidade da bagageira (l): 426/1378

Deposito de combustível (l): 50

Pneus (fr/tr): 235/45 R18

Mais/Menos


Mais

Estilo, qualidade, bagageira

 

 

Menos

Modularidade, consumos

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 29340€

Preço da versão base (Euros): 29340€

Exterior
Interior
Equipamento
Consumos
Ao volante
Concorrentes
Motor
Balanço final
Ficha técnica

Exterior

Pontuação 7/10

O XCeed nem parece pertencer à gama Ceed, pois do modelo base da gama, fica a pele das portas dianteiras. Diz a Kia, porque se “escavarmos” mais fundo, o XCeed tem a mesma plataforma, as mesmas suspensões, as mecânicas e até o tabliê é, praticamente, o mesmo. O XCeed é mais comprido que o Ceed, mas isso deve-se, apenas, a exigências dos estilistas, pois entre os eixos e no interior, não há diferenças. E, claro, o estilo é a pedra de toque neste automóvel sedutor com uma frente que é diferente da berlina e da carrinha, com faróis mais rasgados, uma grelha maior que não prescinde do “Tiger Nose”, uma traseira musculada e uma superfície vidrada mais estreita e alongada. O capô motor alongado que se junta aos pilares A posicionados em cima das cavas das rodas, completa o visual sedutor do Kia XCeed.

Contas feitas, o XCeed tem a mesma distância entre eixos que o carro e a carrinha (2650 mm), mas é 85 mm mais comprido e 26 mm mais largo que a berlina, o que significa que o XCeed tem 4395 mm de comprimento, ganhos com os maiores avanços à frente e na traseira, respetivamente, mais 25 e 60 mm. O XCeed é mais alto que um Ceed – tem 1490 mm de altura, menos que um Fiat 500X ou um Audi Q2 – com a altura ao solo entre os 172 e 184 mm, dependendo de as jantes serem de 17 ou 18 polegadas, ou seja, mais 42 mm que na berlina. O “nosso” XCeed tinha 184 mm de altura ao solo devido às rodas de maiores dimensões. Por todas estas cifras se percebe como o carro tem uma superfície vidrada estreita. Que bebe inspiração no Proceed no arranjo do terceiro vidro lateral, num conjunto que, como disse acima, é tremendamente sedutor.

Interior

Pontuação 8/10

O interior do XCeed é acolhedor, tem muita qualidade e estreia o painel de instrumentos digital nas gamas da Kia. O desenho do interior é típico da Kia, ou seja, sem grandes devaneios, com ergonomia correta, qualidade percetiva elevada, estilo agradável á vista e, agora, com o tal painel de instrumentos digital. Feito com enorme qualidade, o Supervision (assim se chama o painel digital) tem 12,3 polegadas e junta-se ao novo ecrã TFT sensível ao toque que faz parte do sistema de info entretenimento. Que foi renovado e que agora é multi janela com três grupos principais.

A posição de condução está um pouco mais alta que no Ceed, mas vamos sentados como se fossemos ao volante da Proceed, ou seja, nem parece que este é um crossover. Confesso que é uma das posições de condução que mais gostei, pois temos a noção que vamos mais altos que o normal, mas sentados de forma “normal”. Brilhante! Por outro lado, esta altura extra permite que os mais idosos com problemas nas ancas, entrem e saiam com menores dificuldades. Não há mais espaço do que num Ceed e até no banco traseiro, a configuração do tejadilho e da traseira cria dificuldades. O único problema poderá ser uma questão de claustrofobia para quem segue no banco traseiro.

Equipamento

Pontuação 8/10

O equipamento do XCeed é muito completo e nesta versão Tech (equivalente ao GT Line do Ceed), quase tudo é de série: alarme, cruise control, faróis de nevoeiro, assistência ao arranque em declive, máximos automáticos, assistente de manutenção na faixa de rodagem (LKA), ar condicionado automático, bancos condutor e passageiro com regulação em altura, bncos em tecido e pele, Bluetooth, carregador USB, computador de bordo, sensores de chiva e luz, chave inteligente e acesso e arranque mãos livres, ecrã TFT de 10,25 polegadas com sistema Android Auto e Apple Car Play, carregador sem fios de smartphone, vidros elétricos nas quatro portas, porta bagagem elétrico, câmara de estacionamento traseira, painel de instrumentos digiral Supervision com 12,3 polegadas, travão de mão elétrico, volante e alavanca da caixa em pele, jantes de liga leve de 18 polegadas, faróis Full LED, farolins LED, espelhos com regulação e rebatimento elétrico e vidros escurecidos. Como opcionais encontramos o teto de abrir elétrico (950 euros), pacote Yellow (150 euros, oferecendo inserções em amarelo e bancos com padrão de favo de mel em amarelo), pacote ADAS (1.100 euros para alerta de colisão frontal pesões, detetor do ângulo morto, alerta de tráfego na retaguarda) e pacote ADAS Plus (adiciona cruise control adaptativo, estacionamento automático e assistente de fila de trânsito).

Consumos

Pontuação 5/10

O bloco turbodiesel tem como consumos homologados valores entre 4,1 e 4,9 l/100 km. São cifras algo otimistas, pois durante o ensaio a média ficou nos 7,1 l/100 km, um valor que me surpreendeu. Claro que consegui andar abaixo dos sete litros e se descontar as idas á autoestrada e ao caótico trânsito lisboeta, a média teria ficado nos 6,7 l/100 km.

 

Ao volante

Pontuação 7/10

No que toca ao chassis do XCeed, há alguma novidades, como os limitadores da suspensão hidráulicos (iguais aos que a Renault usar em alguns Megane) colocados nas torres dianteiras, para melhorar o conforto e o controlo da suspensão, permitindo alterações nas molas e amortecedores. Contas feitas, as molas estão 7% mais brandas à frente e 4% atrás, algo que era fundamental fazer num carro que está mais longe do solo, tem um centro de gravidade mais acima e que a Kia não desejava endurecer, ainda mais, a suspensão. Aliás, a marca coreana quis dar mais conforto ao interior do XCeed e por isso também alterou algumas das ligações e o amortecimento na traseira e reforçou o isolamento para melhorar o ruído e a vibração. O resto do esquema de suspensão multibraços manteve-se igual ao do Ceed.

Tudo isto dá origem a um… Ceed. É verdade, o carro não é assim tão diferente do modelo base, desde o momento que abrimos a porta, entramos e colocamos o carro em andamento. Há diferenças, mas os objetivos da Kia com as mudanças não foram totalmente alcançados. Verdade que é mais suave que o Ceed e mais ainda face ao Proceed, mas o XCeed continua a ter um amortecimento firme. A baixa velocidade isso é perfeitamente percetível, melhora com a velocidade onde o XCeed se mostra mais eficaz que o modelo de base. Por outro lado, os “bump stop” ou limitadores hidráulicos mostram-se eficazes quando atacamos lombas, bandas sonoras ou pisos mais degradados. Nestas condições, o XCeed é melhor que qualquer modelo da gama Ceed, lidando muito melhor com as imperfeições da estrada.

Ou seja, a Kia deu ao XCeed mais refinamento e por isso, além de trabalhar na suspensão e na insonorização, o novo modelo está bem protegido dos ruídos aerodinâmicos e até dos ruídos de rolamento. Até a insonorização do motor é excelente, pois o turbodiesel não é mais que um rumor que não incomoda absolutamente nada.

Claro está que lá porque o carro está mais refinado e até mais confortável que o Ceed, isto não quer dizer que pode chegar á primeira curva e atirar-se á campeão. Não deve, pois, o XCeed não tem essa pretensão. Curva com competência, o chassis enrola muito bem e depois de alguns (muitos) quilómetros em estrada sinuosa e exigente, fiquei deveras impressionado. A direção foi revista para oferecer uma resposta mais direta e rápida e apesar da assistência elétrica, a Kia conseguiu dar alguma sensibilidade, o que permite usufruir da agilidade do XCeed. Há mais rolamento da carroçaria que num Ceed, mas a frente segue as ordens da direção sem grandes problemas. Claro que se perdermos a noção que o XCeed não é um desportivo e entrarmos depressa demais numa curva, a frente escorrega e entra em ação o ESP e o sistema de vectorização de binário. Mas para chegar a esta situação, já terá abusado… e muito. Realmente, o XCeed não é um desportivo, mas curva muito bem, com segurança e uma aderência do eixo dianteiro assinalável. Uma evolução face ao Ceed e à carrinha Ceed, jogo igual com o Proceed. O que sublinha o trabalho da Kia, pois o XCeed é bem mais alto que a “shooting brake”.

Concorrentes

BMW X2 18d

1995 c.c. turbo diesel; 150 CV; 350 Nm; 0-100 km/h em 9,3 seg,; 207 km/h; 4,6 l/100 km, 223 gr/km de CO2; 46.200 euros

(Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Volkswagen T-ROC 1.6 TDI

1598 c.c. turbo diesel; 116 CV; 250 Nm; 0-100 km/h em 10,9 seg,; 187 km/h; 4,3 l/100 km, 113 gr/km de CO2; 31.168€

(Conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Toyota CH-R

1798 c.c. híbrido a gasolina; 122 CV; 188 Nm; 0-100 km/h em 10,5; 170 km/h; 3,8 l/100 km, 86 gr/km de CO2; 31.875€

(Veja o ensaio AQUI e conheça todas as versões e motorizações AQUI)

 

Motor

Pontuação 7/10

O motor turbodiesel acoplado a uma caixa manual de seis velocidades, rima bem com as qualidades do XCeed. Com 136 CV e 280 Nm, o motor a gasóleo vale-se do seu binário e da suavidade de utilização para mascarar alguma letargia. A caixa manual é fácil de utilizar, mesmo que no escalonamento, haja um “buraco” entre a segunda e a terceira e a sexta seja algo longa. Nada de muito preocupante, pois o binário, não sendo brutal, serve para quase tudo. Confesso que não é o motor que melhor rima com o XCeed, pois penso que o melhor bloco é o 1.4 T-GDI a gasolina. Este turbodiesel serve para você que faz muitos quilómetros.

Balanço final

Pontuação 8/10

Não tenho duvidas que este é o melhor modelo da gama Ceed, pois não sendo uma berlina, também não é SUV, oferece a posição de condução mais alta, mas sem perder a sensação de carro normal, consegue misturar um comportamento acima do esperado para um crossover, com um refinamento muito interessante. Junta a tudo isto um estilo inspirado, sedutor como poucos, com um interior com enorme qualidade percecionada, espaço suficiente, bagageira maior que a do Ceed, tecnologia avançada, info entretenimento revisto e de qualidade e sete anos de garantia que nos libertam de muitas preocupações. Enfim um carro que com um preço inferior, com as promoções da marca, aos 30 mil euros deixa água na boca.

Mais

Estilo, qualidade, bagageira

 

 

Menos

Modularidade, consumos

Ficha técnica

Motor

Tipo: 4 cilindros, turbodiesel com injeção direta e intercooler

Cilindrada (cm3): 1598

Diâmetro x Curso (mm): nd

Taxa de Compressão: nd

Potência máxima (CV/rpm): 136/4000

Binário máximo (Nm/rpm): 280/1500 – 3000

Transmissão: dianteira com caixa manual de 6 velocidades

Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente

Suspensão (ft/tr): independente McPherson/eixo multibraços

Travões (fr/tr): Discos ventilados/discos

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s): 10,2

Velocidade máxima (km/h): 195

Consumos extra-urb./urbano/misto (l/100 km): 4,1/4,9/4,4

Emissões CO2 (gr/km): 116

Dimensões e pesos

Comprimento/Largura/Altura (mm): 4395/1826/1495

Distância entre eixos (mm): 2650

Largura de vias (fr/tr mm): 1575/1573

Peso (kg): 1415

Capacidade da bagageira (l): 426/1378

Deposito de combustível (l): 50

Pneus (fr/tr): 235/45 R18

Preço da versão ensaiada (Euros): 29340€
Preço da versão base (Euros): 29340€