Fiat Tipo SW 1.6 Multijet – Ensaio

By on 24 Junho, 2017

Texto: José Manuel Costa

Fiat Tipo SW 1.6 Multijet 120 Lounge

Espaço, bagageira e fiabilidade são traves mestras do Fiat Tipo na versão carrinha equipada com motor turbodiesel, juntando a tudo isto um preço inferior a 25 mil euros com equipamento muito generoso.

Nasceu Aegea, tinha três volumes e destinava-se aos mercados emergentes mas, numa daquelas reviravoltas de que o mundo automóvel é fértil, a Fiat remexeu na história, trouxe de lá o nome Tipo (um carro muito espaçoso que ganhou o Carro Europeu do Ano em 1989) e duas novas carroçarias, entre elas esta carrinha pertença do segmento C, mas habitabilidade e bagageira acima do segmento.

Curiosamente, o Tipo cumpre o mesmo desígnio que o original, mas com uma carroçaria mais engraçada que o original e maior qualidade geral. Só não conseguirá conquistar o título de Carro Europeu do Ano como o original. Não é importante.

Por menos de 25 mil euros consegue comprar uma carrinha, a gasóleo, com 120 CV que lhe oferece um completo nível de equipamento que inclui ar condicionado automático, sensores de chuva e luz, sensores de estacionamento traseiros, volante e alavanca da caixa em pele, seis airbags, sistema UConnect com Bluetooth e ligações USB e AUX e jantes de liga leve de 16 polegadas. Pode adicionar alguns extras como a pintura metalizada (450 euros), a travagem de emergência (300 euros), a câmara traseira mais o sistema de navegação (Pack Tech Lounge por 600 euros) e um toque de requinte com os estofos em pele (1.000 euros).

Dando de barato que você não compre carro pelo tamanho ou pelo equipamento – não acredito que não de um bom ar condicionado e de ter ligação ao seu smartphone, sem falar de outras coisas – o Fiat Tipo Station Wagon não esgota no parágrafo anterior os seus argumentos. Lembrando, sempre, que este carro não nasceu para ser lançado para os braços dos europeus.

O estilo não é uma das obras primas de Miguel Angelo, mas a forma como a berlina de quatro portas evoluiu para uma carrinha é bastante interessante com a linha de cintura elevada que estreitou a superfície vidrada e nos senta mais acima do que, pelo menos eu, gostaria. Frente a nós está um tablier que está feito com inesperada qualidade (o carro era para turcos e afins!!!) e um painel de instrumentos suficiente sem nenhum rasgo de génio. Depois, tudo o resto lembra que a Fiat ao longo da sua história já comprida e centenária sempre teve duas vias para chegar aos seus clientes. Primeiro a Via Racional onde viajaram modelos como o 128, o Uno e, claro o original Tipo. Depois a Via Emoção onde abitaram o 850 Spider, o Coupe, o Barchetta, e as versões mais loucas do Uno e do Tipo (o Sedicivalvole). Hoje não está muito diferente e para os mais racionais temos o Panda e este Tipo, para os mais emotivos, o 124 Spider, o 500 e as suas múltiplas versões, completando o festim com a Abarth e as deliciosas picadas de escorpião do 124 e do 500.

O Tipo consegue ser ainda mais racional que o Panda (este tem piada e um charme que perdurará para sempre, o Tipo nem por isso…) o que não é nem bom em mau. Não é defeito, é feitio! A sua racionalidade está baseada nos aspetos práticos como a bagageira com um fundo duplo, no rebatimento 60/40 que deixa uma superfície plana até aos bancos da frente (as almofadas sobem e as costas encostam ao chão), nos ganchos para segurar as bagagens e sacos e uma chapeleira de enrolar que se retira facilmente e que tem um nicho no fundo da bagageira para a guardar.

Levar a carrinha Tipo para a estrada é uma experiência fácil e simples, onde a Fiat não procurou entusiasmar os pilotos nem os pais de família que se julgam o novo Lewis Hamilton, antes fazer um carro competente. A simplicidade de processos foi um nadinha longe com o carro a ser mecanicamente pouco refinado. O motor faz algum barulho e o Tipo não tem a insonorização do 500X pelo que mesmo a velocidades estabilizadas em auto estrada, o bloco lá vai matraqueando. Não é demasiado incomodativo, mas podia haver ali mais umas camadas de Dynamat ou outra coisa qualquer para limitar mais o ruído.

A caixa de seis velocidades está bem escalonada, mas o comando é um nadinha estranho e como todos os Fiat um pouco físico, ou seja, é preciso decisão para passar de caixa. Criticazinha que não abafa o facto do Tipo ter uma caixa de seis e esta ajudar o motor e os consumos.

Na suspensão, voltamos ao problema da base ser pensada para outros mercados e parece, sempre, que há demasiados ruídos parasitas nas ligações entre os elementos elásticos e o chassis. Curiosamente o carro é confortável e absorve bem lombas e depressões, mas os ruidinhos dão sempre a ideia que algo está não está certo. No que toca ao comportamento, nada a dizer. Para a utilização esperada, a carrinha Tipo é competente mesmo que no volante não se sinta absolutamente nada do que as rodas dianteiras estão a fazer. Abusando e tentando aquilo que quem desenhou a suspensão e afinou o comportamento nunca tentou, à uma tendência para sair de frente natural e controlável. Quando isso sucede já esposa lhe está a dar palmadas e as crianças aos gritos. Não vale a pena que as multas estão caras, os pontos da carta desaparecem como gelo ao sol e o Tipo Station Wagon nunca foi pensada para isso!

Veredicto

Evidentemente que poderia dizer que um 500L também tem espaço, mas é mais charmoso e que seria uma opção a ter em conta. Posso também dizer que os custos de manutenção são relativamente baixos e o Tipo é fiável. Posso, ainda, dizer-lhe que muito provavelmente daqui a um ou dois anos já se esqueceu do preço e comece a pensar mais naquilo que é o carro e, provavelmente, ficará desanimado pois o Tipo é muito simples e tão racional que não fica na memória. Mas… menos de 25 mil euros de carro com motor a gasóleo?! Acreditem que há alturas em que a racionalidade fica muito mais em conta que a emoção. E se é daqueles que usa o carro apenas para o levar de A até B e não é grande entusiasta do automóvel, adotando como estilo de vida a racionalidade, o Tipo Station Wagon é para si. Para os restantes talvez não seja…

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo – 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo, diesel

Cilindrada (cm3) – 1598

Diâmetro x curso (mm) – 79,5×80,5

Taxa de compressão – 16,4

Potência máxima (cv/rpm) – 120/3750

Binário máximo (Nm/rpm) – 320/1750

Transmissão e direcção – Tração dianteira, caixa manual de 6 vel.; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

Suspensão (fr/tr) – Independente McPherson/eixo de torção

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s) – 10,1

Velocidade máxima (km/h) – 200

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 3,3/4,4/3,7

Emissões de CO2 (g/km) – 98

Dimensões e pesos 

Comp./largura/altura (mm) – 4571/1792/1514

Distância entre eixos (mm) – 2638

Largura de vias (fr/tr) (mm) – 1542/1543

Travões (fr/tr) – Discos/discos

Peso (kg) – 1395

Capacidade da bagageira (l) – 550

Depósito de combustível (l) – 50

Pneus – 195/60 R16

Preços


Preço da versão ensaiada (Euros): 24563€

Preço da versão base (Euros): €