ENSAIO: Toyota Auris 1.2 T Confort
Não é nova a solução da Toyota de, num mesmo motor de gasolina a quatro tempos, tirar simultaneamente partido dos melhores atributos dos ciclos Atkinson e Otto. É algo que a marca já utiliza, em unidades tanto de cilindros em linha como de cilindros em V, de que vários modelos da Lexus fazem uso há já algum tempo.
A novidade, agora, é esta engenhosa tecnologia ter sido aplicada num motor de apenas 1197 cc, dotado ainda de distribuição variável e turbocompressor – que o renovado Auris tem o privilégio de estrear. E ainda bem que assim é. Apesar da sua reduzida capacidade, este novo motor, com 116 cv de potência, e um binário máximo de 185 Nm logo às 1500 rpm, desde os primeiros momentos cativa pelo seu funcionamento silencioso e bastante suave, pela resposta pronta mesmo a baixa rotação, pelo desempenho muito linear ao longo de toda a sua ampla faixa de utilização.
Ao ponto de nem mesmo a adoção de uma caixa de velocidades de escalonamento bastante longo, com o intuito de garantir consumos contidos, chegar para manchar o seu desempenho – sendo da mais elementar justiça sublinhar a sua frugalidade, que, não estando ao nível da de um Diesel, tem associadas prestações interessantes e, sobretudo, uma condução muito mais refinada e agradável.
A fazer jus aos atributos desta unidade motriz está o reconhecidamente evoluído, eficaz e equilibrado chassi do familiar compacto da Toyota, nesta versão dotado de suspensão traseira independente do tipo multilink. Uma combinação que torna o Auris 1.2 T um automóvel deveras competente e agradável de conduzir, conjugando um comportamento eficaz, marcado sobretudo por reações honestas e sempre previsíveis, com um conforto de marcha digno de registo, mesmo quando a qualidade do asfalto se degrada.
No plano dinâmico, há que reconhecer que este é um automóvel que mais do que cumpre com aquilo que se espera e exige de um modelo do seu segmento. Mas o restyling que a Toyota operou no Auris não se limitou à introdução deste novo motor. Foi bastante mais longe e se, no exterior, o modelo tem a distingui-lo, principalmente, a secção dianteira reformulada, agora mais moderna e dinâmica, já no habitáculo as mudanças foram mais profundas. Desde logo, ao nível da qualidade geral, graças à adoção de melhores materiais e acabamentos mais rigorosos – se bem que, estes últimos, amiúde fiquem aquém das referências da classe neste particular.
Outro elemento a ter em conta é o novo sistema multimédia com ecrã tátil, montado na parte central do tablier, e de operação fácil e convincente. Por tudo isto, a Toyota pede €22 750, no caso do Auris 1.2 T de acesso à gama, com o nível de equipamento Confort – o que acaba por ser um valor bastante competitivo tendo em conta as competências do modelo. Inclusive dentro da sua própria gama: veja-se que um Auris 1.6 D-4D de 112 cv não só custa quase €4500 mais, como oferece piores prestações – uma verba que pode muito bem ser aplicada, na versão a gasolina, para incluir o Pack Sport (por €1000, é composto por jantes de 17”, vidros traseiros escurecidos, retrovisores exteriores eletricamente retráteis, retrovisor interior eletrocromático e sensores de luz e chuva) e o sistema de navegação €765… e ainda sobrar uma verba significativa!
Texto: António de Sousa Pereira
Preço €22 750
Motor: 4 cil. em linha, inj. direta e turbo, 1197 cm3
Potência: 116 cv/5200-5600 rpm
Binário: 185 N.m/1500-4800 rpm
Transmissão: dianteira, caixa manual de seis vel.
Suspensão: Independente tipo MacPherson na frente; Independente multibraços atrás
Travagem: DV/D
Peso: 1425 kg
Mala: 360 litros
Depósito: 50 l
Velocidade máxima: 195 km/h
Aceleração: 0-100 km/h 10,1s
Consumo médio: 4,7 l/100 km
Consumo médio AutoSport: 6,4 l/100 km
Emissões de CO2: 109 g/km
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