ENSAIO: Skoda Superb 2.0 DSG 190 cv
A versão topo da Skoda faz jus a um veículo de tal distinção. É um carro completo, para figurar na garagem e dele nos orgulharmos
Torna-se difícil começar quando muito há a apontar… de positivo. Sem rodeios, o Skoda Superb é um luxo, por dentro e por fora. Mas é uma ótima opção para carteiras que estejam dispostas a abrir os cordões a 40 994 €, preço da versão base, ou 46 597 €, na versão ensaiada. Mas vamos por partes.
GRANDEZA DE MEDIDAS
Quando estacionamos no parque de um centro comercial e reparamos que os 4821 mm de comprimento não cabem, e os 1864 mm estão perto de ‘à justa’, percebemos de imediato que temos em mãos algo acima da média. Esta terceira geração tem espaço para dar, vender e sobrar. A distância entre eixos foi aumentada em 80 mm, sendo agora de 2841 mm, algo que se reflete no habitáculo.
Nos lugares da frente há mais 39 mm de espaço ao nível dos cotovelos e na altura ao tejadilho, que é agora de 980 mm. Nos lugares traseiros os passageiros dispõem de mais à vontade para as pernas, 157 mm, e mais 69 mm ao nível dos cotovelos. O conforto dos ocupantes é nota dominante, os quais se podem recostar nos bancos traseiros ou dianteiros, sem que alguém tenha de se endireitar ou recolher pernas e sem penalizar a gigante bagageira. São 625 l (mais 30 l que a versão anterior), 584 l com pneu sobresselente – mas um pneu de verdade, não uma ‘rodinha’ – nesta que é a maior mala do segmento. Com bancos rebatidos, 1760 l dão-nos um mundo de possibilidades para transportar.
Ao espaço associa-se a elegância, com um interior revestido de acabamentos que marcam pela descrição do requinte. Ainda no interior, há uma gama de equipamento de série bem convidativo a ser utilizado, mesmo que mais por deleite do que por necessidade, mas já que há… o ar condicionado automático ‘Climatronic’ 3 zonas, pela primeira vez utilizado num modelo da marca, a câmara de visão traseira, muito útil em caso de estacionamento, assim como o sensor de luz e chuva, que regula automaticamente a ação do limpa parabrisas e dos faróis.
MULTIFUNÇÕES
O Skoda Superb é como um canivete suíço, tem tudo quando preciso, mediante a necessidade. Na condução o maior destaque é o chassis adaptativo dinâmico (Dynamic Chassis Control / DCC), incluindo o Driving Mode Select, sendo o primeiro modelo da marca checa com esta oferta. Ao condutor são apresentados quatro modos – Eco, Comfort, Normal, Sport – cada um com as suas valências, e ainda a possibilidade de personalizarmos as definições através do modo Individual.
O Eco naturalmente apela aos bons consumos, permitindo registos de 5,7 l/100 km numa toada calma. Aqui sente-se falta de alma no bloco de quatro cilindros para deslocar os 1555 kg (incluindo condutor, 75kg), com a troca de relações a ser feita às 2000 rpm. No modo Normal a resposta é mais pronta, ouvindo-se um certo zoar, brando, na subida de rotações que já galga as 3000 rpm para se colocar ‘uma a cima’ e, com decisão, pode beliscarse as 4000 rpm. Os consumos sobem para cerca de 6,5 l/100 km. No Comfort, a suspensão derrota sem problemas mesmo as irregularidades mais pronunciadas. É bem percetível a alteração face aos dois modos anteriores, chegando a ser bamboleante, mas nunca desagradável. Mas é no Sport que se revela… outro carro! À direção mais direta e precisa e à suspensão mais rígida junta-se um leve rosnar que acompanha as rotações e nos faz querer responder a rigor.
Ao trabalharmos entre as 3000 rpm e as 4000 rpm extraímos o que os 190 cv têm para dar, com as relações a sucederem-se de forma subtil e precisa através da caixa DSG. Para travar o nosso ímpeto, os quatro discos, à frente ventilados, cumprem o papel na íntegra. Se recorrermos às patilhas de volante e optarmos por desligar o controlo de tração, um ADN mais selvagem revela-se. Em curva, se o descompensarmos em simultâneo com o pisar firme do acelerador, o Skoda não se nega, mas também não desalvora. O pico de satisfação chega quando o chiar dos pneus nos recorda que encontrámos o limite, através da traseira que nunca desaparece. Sim, isto faz parecer que estamos com o desportivo, mas uma das grandes valias do Superb é não nos apercebermos as suas dimensões ao volante.
No modo Sport os consumos já rondam os 7,5 l/100 km, podendo chegar aos 8,5 l se o entusiasmo se prolongar… muito. Mas depressa ou devagar o Skoda dá gozo. Por tudo isto, 40 994 € são um investimento, não um gasto. Nota final para os amantes de gadgets que têm no Pack Style tudo o que necessitam, mas a troco de 2 098 € – Sistema de infotainment, conectividade para Apple e voice control, entre outros…
Preço: 40 994€ (versão base)
Motor: 4 cil. Diesel, turbocompressor e sistema de injeção direta de alta pressão common rail, 1968 cm3
Potência: 190 cv/3500 – 4000 rpm
Binário: 400 N.m./1750-3250 rpm
Transmissão: dianteira, caixa automática DSG de 6 vel.
Suspensão: tipo McPherson com molas helicoidais à frente e independente multibraços atrás
Travagem: DV/D
Peso: 1555 kg (c/condutor 75 kg)
Mala: 625 l/1760 l (bancos traseiros rebatidos) – menos 41 l com pneu sobressalente
Depósito: 66 l
Velocidade máxima: 235 km/h
Aceleração: 7,7s 0-100 km/h
Consumo médio: 4,5-4,6 l/100 km
Consumo médio AutoSport: 6,8 l/100 km
Emissões de CO2: 118 – 119 g/km
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