Ensaio: Mazda MX-5 RF

By on 2 Maio, 2017

Poucas certamente são as propostas que tão democraticamente nos fazem pensar que o nosso espólio automóvel pode ser completado com um pequeno sonho. O Mazda MX-5 é precisamente um desses casos. Fomos por isso descobri-lo em modo ‘hard top’…

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O Mazda MX-5 RF é um carro que faz por manter viva uma noção que previsivelmente se virá a diluir num futuro dominado pela mobilidade autónoma – o prazer da condução. Porém, e enquanto tal não acontece, há que o aproveitar e ao volante deste MX-5 isso é um deleite.

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Aposta de aplaudir

Com este MX-5 RF é-nos colocado em mãos o melhor de várias realidades. Um carro moderno em linhas e de diversão ‘à antiga’: motor dianteiro; tração traseira; caixa manual de 6 vel.; dois lugares; descapotável; uma reduzida distância ao solo e medidas que o dotam de uma personalidade tocante comprovada pela generosa e constante atração de olhares exteriores. Esquecemo-nos de algo? À partida não, até porque com este modelo candidatos ao lugar de pendura não faltarão…

 É por isso um franco agrado quando vemos marcas como a Mazda a continuarem a apostar neste tipo de veículos e a melhorá-los, como é o caso deste MX-5, que viu ser-lhe acrescentado a sigla RF (Retractable Fastback). Resultado, podemos desfrutar de tudo aquilo que já era conhecido do modelo, com uma nota mais de comodidade, segurança e performance (travões; coluna de direção e suspensão contam com afinações específicas). Em apenas 13s e até uma velocidade máxima de 10 km/h podemos, tranquilamente, abrir ou fechar a capota (o processo pode ser acompanhado através de um ecrã TFT de 4,6” e o sistema acresce um peso de 45 kg face à versão soft top) recorrendo ao toque de um botão de fácil acesso na consola central. Esta atribui-lhe um ar mais robusto e musculado, sem colocar em causa a génese de um conjunto esteticamente equilibrado, bonito e galante. Em suma, um belo roadster para nos passearmos com igual garbo seja maior ou menor a ‘ventilação’ no habitáculo.

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Aquele prazer

Assim que carregamos no Start o MX-5 saúda-nos com um ‘ronco’ explosivo, caloroso e célere, um “olá” que tão depressa surge como se dissolve em partículas no ar, deixando um ralenti constante, tocante e síncrono que nos faz antever a sua vocação. Tanto que a primeira ação, por nós aconselhada, após chegar-se ao Mazda e o ligarmos é… desligar-se o rádio, para não incomodar.

Dados os primeiros passos ao volante, toda a sua transparência vem ao de cima. O MX-5 é muito intuitivo e isso percebe-se desde o primeiro momento. O som, de capota aberta, preenche a alma e faz-nos querer esticar cada passagem de caixa enquanto vemos o ponteiro do conta rotações chegar às 7000 rpm, acompanhado por um rugido crescente que desejamos que nunca pare. Tudo é proporcional e gradual – ao aumento da velocidade acresce o da sonoridade, das rotações, do prazer… e do sorriso. Uma sensação que se adensa com a capota fechada, momento em que o ambiente se reveste de um ronco mais pronunciado oriundo da dupla ponteira de escape. Quando voltamos à terra continuamos o êxtase de prazer ao desfrutarmos igualmente do seu rolar a ritmos brandos, em que a paisagem assume o destaque que até aqui era totalmente absorvido pela pulsação.

O carro é extremamente equilibrado e ágil, com a frente a inserir-se facilmente em curva e a traseira a avisar-nos subtilmente aquando da sua intenção de seguir derivas mais amplas. Surpreende também pelo seu conforto, absorvendo muito bem as irregularidades. A direção é precisa, mas poderia ser ligeiramente mais endurecida. A versão 1.5l de 131cv adequa-se na perfeição à arquitetura e dimensões (3915 mm de comprimento; 1735 mm de largura; 1230 mm de altura) do MX-5 RF, com os consumos, dentro da legalidade, a serem de 6l/100 km e uns nada alarmantes 7 a 7,5l em situações mais calorosas ao volante. Para isto muito contribui o bom escalonamento da caixa. Em estrada nota apenas para uma ligeira zoada constante produzida pelo vento quando rodamos com a capota fechada. Em suma, com este MX-5 RF a Mazda apresenta uma proposta equilibrada, coerente, entusiasmante, moderna e desportiva. No fundo, uma opção que tem o benefício de juntar todas estas prerrogativas e um preço (29.840€) que nos faz poder sonhar e, em alguns casos, algo mais…

André Duarte

 

Mais: Prazer de condução; Diversão; Imagem;

Menos: Zoada do vento no habitáculo com capota fechada; falta de regulação do banco em altura

Ficha técnica

Motor 4 cil. em linha, longitudinal dianteiro, injeção direta, 1496 cc

Potência 131 cv/7000 rpm

Binário 150 Nm/4800 rpm

Transmissão traseira, caixa manual de 6 vel.

Suspensão Paralelogramo deformável com molas helicoidais à frente e atrás

Travagem DV/D

Peso 1015 kg

Mala 127l

Depósito 45l

Vel. Máx. 204 km/h

Aceleração 0 aos 100 km 8,3s

Consumo médio 6,1l/100 km

Consumo Médio AutoSport 6l/100 km

Emissões de CO2 142 g/km