BMW M760Li xDrive – Ensaio
BMW M760Li xDrive
Texto: André Duarte ([email protected])
Berço luxuosamente tecnológico
O BMW 760Li xDrive foi revelado ao Mundo no Salão de Genebra de 2016, trazendo consigo aliciantes argumentos, capazes de fazerem acelerar o batimento cardíaco de qualquer condutor ou passageiro. Com ele a marca alemã estabeleceu um novo teto máximo no padrão de exclusividade. Falamos do primeiro veículo M Performance com base no BMW Série 7 Berlina apresentado pela BMW M GmbH. Um paraíso encantado de potência, tecnologia, luxo e requinte que chegou ao mercado em novembro de 2016 e que o AutoSport teve agora ocasião de ensaiar.
Numa altura em que falamos de condução autónoma, veículos elétricos e uma vertente ecológica, continua a ser inegavelmente bom para os amantes de automóveis verem ser comercializado um modelo com um cintilante motor V12 a gasolina. No caso, um exemplar de 610 cv e com um brutal binário de 800 Nm a partir das 1550 rpm. Mas tentemos conter o entusiasmo, porque não é só pelo coração que este BMW 760Li xDrive impressiona. Venha conhecê-lo connosco…
Carroçaria
O exterior apresenta um curioso equilíbrio entre imponência e discrição, à luz do possível, neste último caso. Obviamente que a sua imponência de medidas – com um gigante comprimento de 5,23 metros e uma distância entre eixos de 3,21 metros, aliado a uma largura de 1,90 metros e uma altura de 1,47 metros – provoca um inequívoco arregalar de olhos, apresentando-se como um colosso na via pública.
Uma sensação que cresce quando o começamos a apreciar, com calma, sem pressas, desfrutando do pequenos prazeres que alguns detalhes nos dão. Talvez o que faça mexer mais connosco seja a discreta inserção V12 nos pilares C, por sabermos o quão vibrante é o seu significado.
Numa panorâmica visual, deparamo-nos com uma frente com a nova grelha Active Air Stream (com barras cromadas que regulam ativamente a corrente de ar mediante as necessidades do motor) com moldura em formato de duplo rim e as entradas de ar na tonalidade cinza Cerium, que proporciona um subtil e agradável contraste com a cor da carroçaria.
Ao longo desta, o cinza Cerium assume o papel de protagonista dos detalhes, atribuindo o tom às capas dos espelhos retrovisores, ao friso que se estende na zona inferior nas laterais, assim como ao friso decorativo que percorre a linha do porta bagagens, que ostenta a designação do modelo, em igual tom. Além do referido, a lateral destaca-se pela inserção M mas, sobretudo, pela distância entre eixos, 3,21 metros, que inegavelmente impressiona.
Chegados à secção traseira, apercebemo-nos de imediato da dupla ponteira de escape M, também em cinza Cerium, incluindo o divisor, que assume o papel de materializar para o exterior o poder sonoro do bloco V12. Talvez esta seja a secção que, pelo seu aspeto mais robusto e encorpado, mais marque visualmente.
No global, há uma aura de sobriedade e imponência transmitida pelo exterior, que tem nos referidos pormenores traços distintivos de classe, a que se acrescentam as vistosas jantes exclusivas de liga leve de 20” em cinza Cerium mate, das quais sobressaem as pinças de travão M a azul.
É um carro que nos faz dizer mentalmente, “impressionante”, pela sua proporção e, também, numa ótica mais prosaica, pensar muito bem em sítios para o estacionar. Acima de tudo, consegue ser um conjunto que percorre o quotidiano com relativa discrição, dado que a carroçaria consegue resguardar o Mundo que se esconde no habitáculo e sob o capot… claro que os mais atentos ficam com os sentidos alerta à sua passagem, seja por vislumbrarem a inserção V12, seja pelo bater compassado que emana da dupla ponteira de escape, que deixa perceber que ali vai uma obra muito especial…
Interior – Habitáculo
Quando abrimos a porta somos bafejados por uma sensação de imponência visual de cortar a respiração, esfregar os olhos e pensar se o que está diante dos nossos olhos é mesmo real. De fascínio estampado no rosto, percebemos que é.
Um luxo num interior batizado por estofos em pele Merino de grão fino – em castanho Tartufo Mediterranean, adornados com costuras e rebordos entrançados (manualmente) e costuras a branco em contrastante – muito agradáveis ao toque e que nos acolhem os sentidos. Depressa nos perdemos na sensação de querermos reter na memória todos os pormenores, todos os detalhes, mas a tarefa torna-se difícil, porque tudo parece de uma realidade pertencente aos sonhos face aos automóveis do quotidiano. No habitáculo deparamo-nos com um modelo de quatro lugares focado em oferecer aos seus passageiros uma experiência premium sempre que nele viagem.
Genericamente, todos os bancos estão ladeados por botões que nos levam a percorrer vários programas de massagens, ou a selecionar o aquecimento, ventilação (ambos com três níveis de intensidade) ou regulação (com memória) dos bancos, fazendo-nos acreditar que tudo é possível, ainda que tenhamos que recorrer aos opcionais para algumas destas mordomias (ver tópico Equipamento Opcional em baixo). Os comandos nas portas permitem-nos regular, além dos bancos, a abertura e fecho dos vidros, do teto panorâmico e das cortinas elétricas para proteger do sol nos lugares e pára-brisas traseiro.
O teto panorâmico Sky Lounge (com um tejadilho específico para os lugares dianteiros e outro para os traseiros) é uma fonte de iluminação natural e bem estar interior, contribuindo para uma agradável noção de espaço, podendo ser também uma fonte de iluminação artificial, já que através de 15.000 elementos luminosos incrustados no vidro do tejadilho, podemos escolher entre seis cores diferentes, atribuindo ao interior um toque distintivo, que se prolonga através da luz ambiente (também com seis cores e intensidade reguláveis) que se encontra no interior ao longo dos pilares B, em mais um acrescento de requinte interior – opcionalmente pode-se optar por luzes no espaço para os pés à frente; porta-luvas; compartimento da consola central traseira; encostos dos bancos dianteiros; luzes de leitura à frente e atrás; na tampa da bagageira; nos frisos interiores; nos retrovisores; nas bolsas das portas; no chão do veículo atrás; na periferia do veículo e junto de todas as portas, para que nada passe despercebido. Através dos lugares traseiros, podemos aceder à bagageira ou a uma geleira elétrica, no caso de contarmos com esse opcional. Já a bagageira é algo à luz do modelo em que se encontra, com 515l, que darão para levar todas as necessidades.
Já a chave inteligente com ecrã permite-nos regular e agendar a climatização, estando fora do veículo, assim como estacioná-lo, consultar a autonomia e o estado de alguns parâmetros, assim como saber se este se encontra ou não trancado.
Interior – Lugares Dianteiros
Além da qualidade geral do habitáculo de que já demos parecer e também de várias funcionalidades comuns aos bancos, cabe olhar em separado para os lugares dianteiros e traseiros a fim de facilitar a perceção da informação.
Nos lugares dianteiros surge destacado com elegância ao centro do tablier um ecrã LCD a cores de 10,25” de fácil leitura e que nos permite aceder a todo o tipo de informações: Média/Rádio (para selecionarmos a estação, televisão ou seleção de músicas); Comunicação (permitindo-nos gerir os dispositivos móveis, ver mensagens ou aceder a e-mails); Navegação (além das informações referentes ao percurso podemos ver, por exemplo, os preços de combustível nas proximidades); Connected Drive (através do qual podemos ver notícias, fazer pesquisas online, consultar a meteorologia ou aceder aos serviços de concierge); O Meu Veículo (permite consultar, entre outros, informações sobre o estado do veículo, como o nível de óleo, consumos, condução ou manual do veículo) e Notificações (indicando-nos as últimas ocorrências da nossa ‘atividade’).
Para a seleção da funcionalidade pretendida há várias formas. Podemos utilizar o sistema de controlo por gestos, a que aconselhamos a consulta do livro do veículo, para sabermos como proceder. Este permite-nos, por exemplo, levantar o volume, mudar de rádio ou atender uma chamada.
Já se quisermos permanecer com as mãos no volante multifunções, através do simples toque num botão colocado neste, podemos ativar o comando por voz e vocalmente aceder à funcionalidade pretendida, havendo ainda as hipóteses de o fazermos através do toque diretamente no ecrã tátil ou da pequena roda na consola central, o meio mais ‘tradicional’ dos existentes. Junto desta, e ao lado do seletor, a inserção V12 brilha na consola central contrastando com o preto mate desta.
Logo abaixo, na consola central, podemos regular e controlar todo o sistema de climatização, assim como o aquecimento ou ventilação dos bancos. Todos os botões são muito agradáveis e responsivos ao toque. Junto do seletor, podemos selecionar o modo de condução desejado (que aprofundaremos no tópico Ao Volante) ou subir a suspensão, enquanto o nosso olhar se cruza com a bonita inserção V12 que contrasta com o preto mate e não nos deixa esquecer onde estamos.
Interior – Lugares Traseiros
A BMW apelidou o espaço nos lugares traseiros de “Executive Lounge”, um conceito que condensa bem o patamar em que colocou a fasquia, que é totalmente cumprida. Ao aí circularmos, sentimentos de imediato que este é um carro para “trazer” no menu um chauffeur.
Falamos de um espaço que atribui uma sensação de bem estar tal que nos faz esquecer que estamos a viajar num carro, fazendo parecer que estamos instalados num local que condensa o melhor de dois mundos, o de uma confortável e luxuosa sala de estar, com um moderno e tecnológico escritório de trabalho.
Na traseira temos dois ecrãs a cores de 10” nas costas dos bancos dianteiros, com inúmeras funcionalidades, permitindo: regular o rádio; conectar o telemóvel; consultar e definir a navegação e aceder ao Connect Drive para gerir os dispositivos móveis e às configurações do veículo (como consumos, ecrã, dispositivos móveis, sistema de som, até à distribuição do aquecimento do apoio de braços traseiro).
Os dois ecrãs são controlados através do Comando Touch BMW. Para que nada falte a quem aí se instale, incluem um leitor Blu-Ray, uma ligação HDMI para terminais móveis, bem como diversas ligações para leitores de MP3 e consola de jogos. À ligação sem fios integrada podem ser ligados até três auscultadores, garantindo um mundo de entretenimento a rigor.
Já a consola central traseira conta com um Comando Touch BMW, um tablet amovível através do qual podemos, com a maior comodidade e a partir dos lugares traseiros, aceder e regular várias funções do âmbito do conforto, entretenimento e comunicação: iluminação do habitáculo em cor e brilho (existe uma paleta de 11 cores); abrir o tejadilho e as cortinas dos vidros para proteger do sol, algo muito útil principalmente em altura de verão; regular a posição de qualquer um dos bancos (à exceção do do condutor); ativar um basculante elétrico situado nas costas do banco do pendura que nos permite esticar as pernas; deslocar até 90 mm para a frente o banco do pendura e rebater o encosto de modo a ficarmos com mais espaço e a vista desimpedida, desfrutando do “Lounge” no seu melhor; selecionar massagens através de um amplo rol de opções (massagem lombar; de ombros; de costas; de corpo inteiro; exercício do tronco; de corpo inteiro; ativação tronco; ativação bacia – cada opção é explicada no seu funcionamento e sobre que partes do corpo é que atua); pode-se selecionar a climatização, de forma independente, para cada um dos lugares traseiros; a ionização de todo o habitáculo; controlar o telefone incorporado que existe na traseira, ‘escondido’ dentro do apoio de braços; ter acesso a informações de condução, como os quilómetros, consumos e tempo de viagem e conectar o telemóvel ao tablet, podendo aceder a todo um rol de aplicações.
Se depois de contactarmos com tamanha dose de tecnologia quisermos ver se ainda temos o visual a preceito, basta carregarmos nos espelhos colocados no tejadilho, por cima dos encostos de cabeça dos bancos dianteiros, que estes de imediato se abrem e iluminam, permitindo-nos conferir o ‘look’.
O equipamento Executive Lounge disponibiliza ainda uma mesa integrada no apoio de braços da consola central que se encontra forrada em pele Nappa preta e que pode ser colocada a uso em qualquer um dos lugares traseiros, revelando-se muito útil para aquela viagem em que precisamos de acabar algum trabalho de última hora. Claro que para isso precisaríamos de alguém para conduzir, vindo novamente ao pensamento a ideia da necessidade de um chauffeur ‘incorporado’. Pode parecer descabido para o ‘comum mortal’, mas para aqueles que possam ter na garagem um modelo que custa mais de um quarto de milhão de euros, não constituiria qualquer espanto.
Sistemas de Assistência à Condução e Segurança
Logicamente que um modelo como este BMW M760Li xDrive incorpora todo o tipo de sistemas de assistência à condução que hoje são utilizados. Mas, de entre eles, há alguns que são naturais merecedores de destaque, por aquilo que possibilitam. Aqui ficam: assistente de direção e de faixa com assistente de condução em trânsito; assistente de faixa com proteção ativa contra colisões laterais; Head-up Display; controlo de estacionamento à distância (que permite colocar ou retirar o veículo do estacionamento estando fora dele, através da chave inteligente); assistente de estacionamento; cruise control ativo com stop & go; PDC ativo (ajuda-nos nas manobras de estacionamento em marcha atrás, evitando eventuais colisões); Surround View (o sistema de câmaras com função de câmara traseira, vista panorâmica, Top View e visualização tridimensional); BMW Night Vision com reconhecimento de peões (muito útil, principalmente quando, em condução noturna, nos cruzamos com pessoas a circular na berma sem qualquer tipo de equipamento que os sinalize, como um colete refletor, por exemplo, alertando-nos para isso; o sistema reconhece a presença de pessoas ou animais no escuro a uma distância de 300 metros).
Ao volante
Todas as funcionalidades, desde o painel de instrumentos, ao ecrã LCD de 10,25” no centro do tablier, assim como os botões para a regulação do sistema de climatização estão direcionados para o condutor, de acesso fácil e intuitivo. O banco, que permite regulações e todo o género, proporciona uma boa e prazerosa posição de condução, em que desfrutamos de uma ampla visibilidade. Só os pilares A parecem ser ligeiramente expressivos, e por vezes dificultarem em cruzamentos, por exemplo.
Devidamente instalados, sabemos estar sob o capot um motor M Performance TwinPower Turbo de 12 cilindros a gasolina, com uma ficha técnica de fazer inveja a uma infinidade de desportivos. Vejamos: bloco de 6600 cc; 610 cv de potência; binário máximo de 800 Nm disponível a partir das 1.550 rpm; aceleração dos 0 aos 100 km/h em apenas 3,7 segundos. O modelo conta ainda com o sistema de regulação ativa da suspensão Executive Drive Pro com amortecimento pneumático de 2 eixos – conta com elevação manual de 20 mm a uma velocidade máxima de 35 km/h e rebaixamento automático de 10 mm a partir dos 120 km/h, através do toque de um botão na consola central – controlo dinâmico da suspensão, direção ativa integral e sistema inteligente de tração integral xDrive. Um conjunto dotado de classe a todos os níveis.
Para nos ajudar a gerir este potencial no quotidiano, ao nosso dispor temos vários modos de condução que se subdividem: Eco Pro (Standard/Individual); Comfort (Standard/Plus); Sport (Standard/Individual) e Adaptive.
Chegamos assim à altura de deixar a teoria e passar à prática… colocando finalmente as mãos no volante M e iniciando a marcha. A primeira impressão ao volante é o respeito que nos incute a dimensão deste exemplar. Sente-se claramente que temos em mãos um automóvel de dimensões bem acima do normal, que nos leva a cuidados “triplicados”, para não o molestarmos de maneira alguma. No modo Eco Pro, começando na base da pirâmide, se andarmos com cuidados, sempre com um pisar suave do acelerador, nem parece que temos um motor com 6600 cc. Este desenvolve suavemente, quase sem se fazer ouvir, a que muito se deve a impressionante insonorização interior, que coloca o habitáculo numa existência paralela. Claro que não deixamos de ter 610 cv ao alcance do pé e a qualquer momento pudemos mudar para um registo “canhão”.
No Comfort/Standart, a suspensão coloca-nos no topo da classe em movimento, como se os obstáculos fossem encarados como o embalo de uma alcofa, sendo passados com leveza e tranquilidade, num sobe e desce quase imperceptível e que conhece o seu expoente máximo quando selecionamos a opção Plus. Aí até se sente um leve bambolear na abordagem a algumas irregulares ou encarando curvas com maior vigor, fazendo lembrar um barco a velejar, ao sabor do prazer da condução. Uma beleza.
O Adaptive revela-se o ideal para uma utilização mais frequente. Basta dizer que é aquele que adapta de forma instantânea as parametrizações – como motor, direção, suspensão e caixa – àquilo que a situação “pede” a cada momento, mediante a leitura em tempo real do nosso tipo de condução.
No Sport entramos no topo da performance. A resposta do motor é muito mais célere e apesar de facilmente nos colar ao banco, este modelo transmite sempre uma grande noção de segurança e tranquilidade, enquanto fluímos como uma bala pelo asfalto.
Os 610 cv têm condão de em poucas dezenas de metros nos fazerem poder oscilar grandemente nas velocidades, passando, por exemplo de 60 km/h para 160 km/h com a maior das naturalidades, chegar aos 200 km/h, voltar a 50 km/h e estar novamente nos 170 km/h, numa variação galopante com um modelo de 2180 kg que se torna tocante. Todo o “metro” passa a ser tempo mais que suficiente para uma ultrapassagem e a condução parece não nos colocar quaisquer impedimentos.
É soberba e extremamente agradável a sensação de escalarmos uma exuberante potência de um motor V12 com uma tranquilidade e pacatez como se estivéssemos a passear na marginal, desfrutando do belo clima à beira mar.
Se passarmos a caixa de 8 velocidades Steptronic do modo Normal para o Sport e recorrermos às patilhas no volante, as sensações vivenciadas assumem o seu pico… como se tal ainda fosse preciso e possível.
O controlo na troca de relações faz-nos poder levar cada uma delas ao corte, às 7000 rpm… claro que, na realidade, podemos fazer isto talvez até à 3ª ou à 4ª, altura em que já circulamos a velocidades em que a segurança e os limites, invariavelmente, já foram amplamente ultrapassados, e nos fazem recorrer com vigor aos travões que reluzem o símbolo M. Vigorosos discos que têm uma consistente atuação no desempenho da sua difícil tarefa. É neste ‘jogo’ em que extraímos a melhor sonoridade do bloco V12 que, na realidade, nunca é, à luz da sua potência, muito explosiva. Aqui cabe ressalvar o sistema de escape M modificado que surge neste modelo, com comando da grelha ventiladora, fazendo-o variar entre o som mais discreto e o mais nervoso.
Independentemente de máximos, sentimos que ficamos sempre bem longe dos seus limites. Tudo funciona com um requinte, que nos podemos passear depressa sem que nos apercebamos, porque o comportamento em estrada é exímio e, por outra lado, é tão permissivo que depressa nos apercebemos que mesmo que queiramos, não há estradas para o levarmos ao limite. Dá vontade de colocar a sirene azul, ligar os quatro piscas e dizer “deixem passar”, é uma urgência, sentimo-nos quase um Chefe de Estado, só falta circularmos com escolta e todas as honras a que se tem direito.
A insonorização é qualquer coisa de brilhante. Em estrada, apercebemo-nos que o carro rola e pouco mais, tudo o resto passa ao lado, do lado de lá dos vidros. Uma sensação que atinge o topo quando ligamos o rádio, com a sonoridade a chegar-nos através dos 16 altifalantes do sistema de som surround Bowers & Wilkins Diamond (com uma potência de 1.400 Watts) que, de noite, nos presenteiam com iluminação própria que dá um grande gosto visual. Neste ponto há qualquer coisa de mágico, catapultado pela sumptuosidade do interior, fazendo-nos sentir estar numa sala de espetáculos com uma acústica de uma finura tocante. A vida deixa de ter questões, os problemas desvanecem-se e a razão da nossa existência passa a ser só aquele momento, aquela felicidade, percorrendo o mundo inebriados por um sentimento de radiante leveza, como se o paraíso fosse a próxima paragem…
Consumos
Obviamente que quem está disposto a dar perto de 300.00€ por um veículo, não estará preocupado com quanto o modelo gasta aos 100 km e nem deve fazer ideia do preço da gasolina. Porém, sem ela… nada feito.
Neste particular é muito interessante perceber-se que a marca anuncia 12,8l/100 km de consumo misto e, no nosso caso, conseguimos fazer 12,4l, recorrendo ao modo Eco Pro e a uma condução extremamente cuidada, sem um único momento pisar o acelerador a fundo. Em suma, guiando-o com ‘pinças’ e acelerando em igual tom, como se nunca passássemos do ralenti, que é quase o que basta para ir a um máximo de 120 km/h.
Numa condução despreocupada, ainda que dentro da legalidade, os consumos sobem para os 16l a 18l, facilmente chegando aos 20l. Na verdade, mesmo este valor, atendendo a que temos um motor V12 a debitar 610 cv, não se pode considerar muito. Mas numa condução quotidiana, a verdade é que as coisas nunca irão fugir muito disso, porque mal pisamos a acelerador com vigor, temos de estar a travar. Nunca nos podemos esquecer que em 3,7s chegamos aos 100 km/h após um arranque parado, o que faz que, quando vamos a circular, mesmo que a 60 ou 70, chegar aos 160 km/h é algo simples e natural, mas o Mundo não está sequer feito para isso, quanto mais irmos mais além. Por via das dúvidas, fica a nota de que o BMW M760Li xDrive vem limitado eletronicamente a uma velocidade máxima de 250 km/h.
Em matéria de consumos, o modelo beneficia também do baixo peso, apenas 2180 kg, quando a imagem exterior faz pensar que poderá ser mais expressivo nesse capítulo. O valor resulta do programa de construção de baixo peso da BMW, que se traduz por um conjunto com menos 130 kg face à geração anterior do Série 7. Entre os materiais aplicados, destaque para alumínio, aço de elevada rigidez, magnésio e plástico reforçado com fibras de carbono (CFRP), a partir do qual é fabricado o “Carbon Core”, do qual é possível ver a inserção nos pilares B quando abrimos a porta.
Motorizações e versões disponíveis
Um Série 7 é o topo a que um cliente pode almejar no seio da marca alemã. De entre os existentes, este M760Li revela-se o topo do topo, porque abaixo dele coloca-se, por exemplo, o 750Li, que com os seus 450 cv, não é de todo a mesma coisa. O único motor disponível é o referido M Performance TwinPower Turbo de 12 cilindros a gasolina. Já as versões, são duas: BMW M760Li xDrive e BMW M760Li xDrive modelo V12 Excellence. A primeira mais apostada na dinâmica, a segunda no luxo, mas ambas dispõem de componentes exteriores e interiores premium da linha BMW Individual, que permite a seleção de materiais de cunho estético, exterior e interiormente. Algo que faz com que possamos optar por uma versão, elegendo pormenores de personalização que nos podem fazer ir ‘beber’ também muito à outra.
Equipamento Opcional
Em boa parte, o BMW M760Li xDrive impressiona também pela quantidade de oferta tecnológica que contempla. Porém, acaba por desagradar o facto de muitos desses regozijos estarem na lista de opcionais. Além dos 231.500€, temos que dar mais 42.796€ para termos o veículo munido de boa parte do equipamento de que temos falado ao longo destas linhas. Acreditamos que estamos a falar já a um nível económico em que é perguntado ao futuro proprietário se quer o “menu completo”, dizendo-lhe que pode ter “extra queijo e batatas grandes” por mais 42.796€, ao que ele encolhe os ombros e diz: – “sim, ponha tudo”…
Ainda assim, é muito. Entre outros, destacam-se: controlo remoto universal integrado (219€); teto solar panorâmico Sky Lounge (1.772€); ventilação ativa dos bancos dianteiros e traseiros (691€) cada par; bancos Executive Lounge (2.479€); pack aquecimento comfort (715€); função de massagem nos bancos dianteiros (623€) e traseiros (926€); assistente de condução Plus (1.609€) BMW Laserlight (2.479€; Surround View (626€) Assistente de estacionamento 300,81€ Assistente remoto (463€) Função TV (1.056€) BMW Head-UP Display (1.170€) Sistema de som Surround Bowers & Wilkins Diamond (4.747€) Sistema multimédia Professional para bancos traseiros com iDrive (2.609€); unidade de telefone para os bancos traseiros (699€); conectividade aparelhos móveis, bluetooth e USB com carregamento wireless (585€); BMW Night Vision com reconhecimento de pessoas (1.853€) Geleira BMW Individual (1.178€); pack serviços e Connected Drive (593€).
Concorrentes
Há dois modelos a ter em conta. O Mercedes AMG S 63 4Matic Coupé, ainda que privilegia mais a vertente desportiva, não deixa de oferecer uma comodidade e requinte a rigor. Vem com um motor V8 de 585 cv acoplado a uma caixa automática de 7 velocidades. Na fatura falamos de 233.450€. Por outro lado, o Audi A8 L é também um caso a ter atenção, ainda que o motor esteja longe na comparação em matéria de potência. Uma proposta que surge a partir dos 146.704€ com um bloco 4.0 TFSI a debitar 435 cv. Obviamente que não pode ser totalmente comparável, porque a diferença de preço para este BMW M760Li xDrive, que custa de base 231.500€, tem que fazer a sua diferença. Mas nada como ver e escolher.
Balanço Final
Depois de tudo o que foi dito, naturalmente que o balanço final só pode seguir o mesmo pendor.
No fundo, a estupefação do primeiro impacto mantém-se na hora da despedida, num modelo que parece ter sempre algo mais para descobrir.
Parece o verdadeiro automóvel para ser nosso e conduzido por outros, que nos levam àquela reunião de trabalho, àquele almoço inadiável, àquele compromisso de ultima hora, enquanto nós fazemos uma última chamada, vemos um e-mail, redigimos uma nota ou terminamos um projeto, refasteladamente acomodados, como se nos encontrássemos no conforto do nosso lar, munidos de toda a comodidade necessária para que nada nos falte nem lasque a tranquilidade ambiente, requerida na hora do cuidado labor.
Já na hora de descomprimir, podemos controlar todas as funcionalidades no habitáculo a gosto, através do tablet e dos ecrãs na traseira, enquanto circulamos, apreciando o Mundo, como seguíssemos num roteiro de luxo, com um guia em regime de exclusividade no lugar do condutor e nós, atrás, a apreciar a vida.
É um gosto ao volante e fora dele. Aquele modelo premium, de uma exclusividade de topo, a nata da nata daquilo que se pode esperar de um modelo de luxo, o requinte garboso, a classe… e os 274.296€ na hora de o adquirir.
Mais: Interior; Motor; Luxuosidade; Conforto; Insonorização
Menos: Quantidade de equipamento que surge como opcional
FICHA TÉCNICA
Motor
Tipo – V12 M Performance TwinPower Turbo
Cilindrada (cm3) – 6592
Diâmetro x curso (mm) – 89,0 x 88,3
Taxa de compressão – 10,0:1
Potência máxima (cv/rpm) – 610/5550-6000
Binário máximo (Nm/rpm) – 800/1550
Transmissão e direcção – integral permanente, transmissão automática desportiva de 8 velocidades Steptronic; direção ativa integral
Suspensão (fr/tr) – Pneumática, independente de braços duplos à frente e multi braços atrás
Prestações e consumos
Aceleração 0-100 km/h (s) – 3,7s
Velocidade máxima (km/h) – 250 km/h (limitada eletronicamente)
Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 18,4/9,6/12,8
Emissões de CO2 (g/km) – 294
Dimensões e pesos
Comp./largura/altura (mm) – 5238/1902/1479
Distância entre eixos (mm) – 3210
Largura de vias (fr/tr) (mm) – 1611/1640
Travões (fr/tr) – Discos ventilados/Discos ventilados
Peso (kg) – 2180
Capacidade da bagageira (l) – 515
Pneus (fr/tr) – 245/40 R20 e 275/35 R20
Preços
Preço da versão ensaiada (Euros): 274296€
Preço da versão base (Euros): €
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