Renault Scenic: Primeiro ensaio
A ofensiva Renault para 2024 é muito forte, com grandes novidades para os clientes e depois do estrondoso sucesso da apresentação do Renault 5, chega outra grande aposta para marca do losango… o Renault Scenic. O Automais esteve em Málaga para os ensaios internacionais do novo Scenic, que convenceu (e de que maneira).
O Automais já tinha estado no pré-show do Scenic E-Tech e logo na altura ficamos agradavelmente surpreendidos, quer pela tecnologia, quer pelo aspeto visual. O exterior é muito bonito e moderno, o interior é confortável, com propostas inovadoras, tal como o Solarbay e o apoio de braços Ingenious. Agora com um teste a sério, pudemos comprovar o potencial desta nova proposta.
Sensações na estrada
O contacto foi feito em dois percursos, um deles com mais de 200km com a versão Esprit Alpine e outro com pouco mais de 100 km, com a versão Iconic, pelas estradas do sul de Espanha, em trajetos mistos, com autoestrada, estrada de montanha, percursos citadinos. Um menu completo, para colocar à prova o novo Scénic.
A primeira viagem foi até Ronda, cidade espanhola construída no topo de um desfiladeiro, que permite imagens impressionantes. O trajeto de ida foi feito por estradas nacionais, com um cenário bucólico, que permita repousar o olhar no horizonte montanhoso. O conforto foi logo notado, com bancos agradáveis, com bom apoio lateral e muito espaço. Se no exterior eram as montanhas que dominavam a paisagem, no interior, era o sistema OpenR Link, com o seu generoso ecrã tátil de 12 polegadas. O sistema com Google integrado torna-se muito intuitivo para quem está habituado ao ambiente Google, tornando a utilização fácil e rápida. Toda a tecnologia é fácil e intuitiva no Scénic (já lá vamos).
Ao volante, ficamos surpreendidos com a sensação de leveza, uma sensação que acabou por ser confirmada pelo peso do carro (1928kg). O peso é um fator a ter em conta nesta nova mobilidade elétrica. Mais peso, implica mais inércia, menos eficiência e menos prazer de condução. A Renault trabalhou muito para reduzir o peso do Scenic e em boa hora, pois isso faz-se notar na estrada, particularmente face a propostas de outras marcas. De salientar que estávamos a testar a versão com a bateria de 87 kWh, maior e mais pesada. Especialmente nas estradas de montanha, a leveza (relativa, claro) do Scenic acabou por tornar a experiência mais agradável, com um adornar de carroçaria menos pronunciado. Resumindo, apesar de não ter sido pensado para tal, o Scenic poderá dar boas sensações em conduções mais ritmadas.
Mas o ponto forte do Scenic são as viagens longas. O espaço, o conforto, ajudado em muito pelo Solarbay, tornam as viagens muito mais agradáveis e não sentimos cansaço depois da jornada de ida e volta que ainda levou pouco mais de três horas a completar. Apesar de não termos perdido muito tempo nos bancos traseiros, entendemos claramente que o espaço é mais que suficiente e que duas pessoas viajam no banco de trás com um conforto assinalável, ajudado pelo apoio de braços Ingenious que dá ao espaço uma versatilidade que apenas se encontra em modelos de outras gamas. No entanto, a agilidade do carro fez se notar em cidade, permitindo resolver com facilidade algumas manobras que à primeira vista prometiam ser mais trabalhosas. Assim, o Scenic está preparado para todos os desafios que uma família irá enfrentar.
Pontos negativos? A sensação do pedal do travão exige adaptação, com uma primeira fase mais “macia” e uma segunda fase muito mais responsiva. Inicialmente não foi fácil calibrar o pé à resposta do travão, mas o tempo acabou por tornar a utilização mais fluída.
Eficiência espantosa
Um dos pontos que mais espantou foi a eficiência da unidade motriz. Quando arrancamos, a autonomia mostrada era de 624km, e depois de bem mais de 200km percorridos, ainda tínhamos à volta de 70% de bateria. O consumo foi de 15,8kWh/100km, e no trajeto do dia seguinte (mais curto – pouco mais de 100km – e com uma condução um pouco menos agressiva), o valor caiu para 15kWh/100km. A capacidade de regeneração do sistema é apreciável, e a eficiência do conjunto permite encarar viagens longas sem receios. A Renault introduziu no seu painel de instrumentos uma funcionalidade que permite ver, em tempo real, a autonomia da bateria tendo em conta a utilização que tem feito, mostrando-lhe a autonomia esperada em autoestrada (o terror dos EV, pela falta de regeneração) a uma temperatura de 5 graus, ou seja, num cenário pouco benéfico para a autonomia da bateria. Assim, saberá sempre qual a autonomia que pode esperar do seu Scénic, sem ter surpresas de abaixamento repentinos da autonomia porque exagerou um pouco na autoestrada.
Tecnologia impressionante
Cada vez mais a tecnologia está presente para nos ajudar na condução e o sistema da Renault consegue fazê-lo de forma simples. Se for o condutor que gosta de ter o controlo absoluto, talvez não vá apreciar, mas se tiver a mente aberta poderá perceber que com apenas um toque num botão do volante, fará com que o Scenic siga o carro da sua frente no trânsito, mantendo sempre uma distância de segurança e parando quando o condutor da frente o fizer. Os sistemas de ajuda à condução são oferecidos e não impostos e facilmente podemos desligar tudo, sem perder demasiado tempo a procura de menus e sub menus. E com o sistema integrado Google, poderá usar um dos 70 comandos para alterar definições do seu carro. Por exemplo, se disser “Hey Google, tenho frio”, o sistema responderá afirmativamente e subirá automaticamente a temperatura em dois graus. Claro que terá de conhecer os comandos, pois a diferença entre um “tenho frio” e “estou com frio” é a diferença entre um comando que sobe a temperatura e uma dissertação sobre a amizade de um carro que não quer ter uma relação fria com o condutor. A integração da inteligência artificial fará este pormenor desaparecer, conferindo mais flexibilidade ao sistema. Salienta-se a facilidade com que o sistema reconhece o que dizemos, sem necessidade de esforço extra para articular as palavras.
Resumindo – uma grande proposta
O Scenic acabou por confirmar tudo o que se esperava dele. Não admira que a Renault deposite tantas esperanças neste carro. O nível de sofisticação e conforto, para o preço, faz desta uma proposta muito interessante, com muito poucos pontos negativos. Já tínhamos ficado convencidos com o Austral e com o Megane E-Tech, mas este Scenic cai na gama Renault entre estes dois modelos, dando mais espaço para quem achou o Megane E-Tech, e dando uma proposta mais compacta para quem achou um Austral um pouco grande demais para as necessidades. E claro, o preço reflete a sua posição na gama. A Renault está a ser ambiciosa e as nossas notas aos carros franceses tem sido claramente positiva e este Scenic, apesar de nada ter a ver com os seus antecessores, promete levar o nome para o futuro com sucesso.
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