Entusiasmo pela condução autónoma total parece esfriar cada vez mais
Há não muito tempo todos acreditavam que em 2020 teríamos já tudo pronto para os carros autónomos sem condutor serem uma realidade. Afinal…
A realidade é muito diferente e parece que os principais responsáveis da indústria automóvel mundial estão cada vez mais céticos e cautelosos sobre o futuro da mobilidade autónoma. Todos apelam a maior paciência, culpando os custos exagerados e a complexidade dos sistemas. Além disso, todos acreditam que é incomportável aliar o desenvolvimento desta tecnologia com a mobilidade elétrica.
Obviamente que por trás de tudo isto está a perceção dos consumidores que os acidentes podem continuar a acontecer, mesmo com o carro controlado pelos computadores. E como um estudo da Deloitte esclarece, “o interesse pela condução autónoma total arrefeceu muito no último ano.
Fazendo uma ronda pelas declarações que muitos responsáveis fizeram já sobre o assunto, fica claro que tudo arrefeceu e a condução totalmente autónoma pode ser atirada lá mais para a frente.
Hakan Samuelsson, CEO da Volvo, já declarfou que “o nosso programa de desenvolvimento da condução autónoma acabou por se tornar num desafio tecnologicamente mais exigente do que esperávamos. Por isso, seremos muito cautelosos para evitar levar para o mercado alguma coisa que tenha a sensação de ser autónoma e depois acaba por não ser. Não queremos dar uma ideia de falsa segurança aos consumidores.”
Carlos Tavares, o patrão da PSA já referiu que “não vemos mais valia para o consumidor ter condução autónoma para lá do nível 3, por questões de preço. Para lá disso, vemos que o valor do investimento na tecnologia sobe rapidamente e a mais valia não tem a mesma proporcionalidade. A condução autónoma de nível 4 e 5 será interessante para mobilidade partilhada como ‘shuttles’ autónomos ou robotáxis. Esses veículos são partilhados por muitos utilizadores e por isso podem ser mais caros que serão mais facilmente amortizados. Podem ser usados em ambientes simplificados com faixas dedicadas e sinalização clara e objetiva.”
Mais otimista, Adrian Hallmark, CEO da Bentley, refere que veículos elétricos totalmente autónomos podem substituir voos dentro da Europa. “Digamos que possa fazer 320 km/h de forma absolutamente segura, durante três horas. Com este autonomia e velocidade, conseguimos quase cobrir a Europa.”
Evidentemente que o patrão da Bentley está a sonhar alto, pois isso não vai acontecer tão brevemente, não só pela complexidade do sistema e das dificuldades técnicas em manter um veículo de dimensões razoáveis com propulsão elétrica a 320 km/h durante três horas. E a verdade é que Hallmark já reconheceu que falava de um sonho e que os carros totalmente autónomos não serão possíveis em muitas décadas. “Pelo que antevemos”, diz Hallmark, “ainda haverá muita gente a querer conduzir e isso será possível ainda durante muitos e muitos anos.”
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