Coronavírus e eletrificação: a receita perfeita para mais dificuldades para a indústria automóvel
Os efeitos da pandemia de Covid-19 são mais que evidentes perante o fecho da economia durante mais de dois meses. Mas a esteira deixada pela passagem do vírus promete ser tão ou mais mortal que o microscópico ser.
O exemplo do que pode estar a caminho montado num cavalo descorado é contado no Automotive News Europe: Patricia Notaro é uma das trabalhadoras da fábrica da Nissan em Barcelona. Pouco antes da pandemia, ela e o seu companheiro, igualmente trabalhador da casa japonesa, investiram todas as suas poupanças (40 mil euros) na compra de um novo apartamento. Estavam à espera da luz verde do banco para aprovação do empréstimo para o resto da casa quando a pandemia se instalou.
Mas o pior estava para vir: o anúncio do fecho da fábrica de Barcelona foi uma onda que quase os afogou: a noticia foi conhecida em maio, o banco rejeitou o empréstimo, o proprietário da casa recusou devolver o sinal de 40 mil euros dados pelo casal e a casa que alugaram enquanto não chegava o acordo do banco passou a ser a sua casa.
Uma situação terrível que é partilhada com 25 mil trabalhadores em Espanha que vivem do seu trabalho, direta ou indiretamente, com a Nissan. Mas não só, com muitos mais trabalhadores da indústria automóvel que está de rastos devido, não só, à pandemia de Covid-19.
A decisão da Nissan de fechar as três fábricas nos arredores de Barcelona é parte de uma estratégia de redução de custos que tem como principal objetivo reduzir a produção entre 20 a 30 por cento a nível global. Para piorar o cenário, está a eletrificação e os seus custos gigantescos.
A verdade é que a indústria automóvel está em processo de transformação, acelerada pelo Covid-19 e por uma agenda política que vai criar enormes problemas sociais. Como diz Tomas Diaz, membro das “Comissiones Obreras”, o sindicato espanhol da Catalunha, “é uma nova revolução industrial e a única alternativa é adaptar-se ou morrer. Hoje é a Nissan, amanhã é outra fábrica qualquer.”
A verdade é que as maiores economias do Mundo, que vendem 13% do total de viaturas comercializadas no mundo inteiro, estão comprometidas com o fim dos motores a gasolina e a gasóleo até 2025 e com um declínio de 87% do preço das baterias na última década e o empurrão ecológico dado pela União Europeia, as vendas de carros elétricos chegaram a meio milhão e 2019 e deverão ser de um milhão em 2025.
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