“Stop/Start”: Os mitos e as verdades
Diz-se “start&stop” ou “stop&start”? Gasta mais combustível? Causa mais poluição? Afinal, o que é este sistema “start/stop” ou “stop/start”?
Após tantos anos a usar o sistema, ainda sabemos pouco sobre ele. Vamos deitar mão ao livro da história e saber como apareceu.
O primeiro carro a ter algo semelhante foi o Toyota Crown de 1974, cujo motor de seis cilindros tinha um sistema automático de desligar/ligar, anunciando a casa japonesa uma economia de combustível de 10% em tráfego. Nos anos 80, a Fiat instalou o sistema City-matic no Fiat Regata ES e a Volkswagen no polo “Formel E”. O Golf Ecomatic surgiu em 1994 com essa tecnologia e o VW Lupo 3L e o Audi A2 3L apareceram como campeões do consumo em 1999.
Com a chegada da norma Euro5, os aparelhos da Bosch e da Valeo generalizaram-se, com a primeira a fornecer Citroen, Land Rover, Peugeot, Smart e Volvo, a segunda a cuidar de Fiat, Nissan, Seat e Volkswagen, sendo disponibilizados para motores diesel e a gasolina. Os carros com caixa automática só aparecer em 2010, com a segunda geração do sistema que funcionava com estas caixas.
E então, o que é o “stop/start”?
É um sistema que desliga de forma automática o motor do veículo quando este se imobiliza e retoma o funcionamento quando necessário. A ideia por trás deste sistema é reduzir os consumos quando no tráfego citadino, impedindo que o carro fique a queimar combustível ao ralenti. Poupa-se, assim, o motor, reduz-se os consumos e, claro, reduz-se as emissões. Hoje, todos os carros estão equipados com este sistema.
O funcionamento é simples: sensores detetam quando o carro está a desacelerar (cortando o fornecimento de combustível como sucede na desaceleração numa descida) e assim que o condutor coloca o pé no travão ou coloca o pé na embraiagem e desengata o carro, a unidade de controlo do motor, desliga-o.
Assim que colocar o pé na embraiagem, tocar no acelerador ou tirar o pé do travão (caixa automática), o sistema aciona a ignição e coloca o motor em funcionamento, sem necessidade de fazer mais nada. Os modelos mais sofisticados, assim que os sensores detetam que o carro está a reduzir velocidade abaixo dos 30 km/h desliga desde logo o motor. Há modelos que se tocar no volante também se consegue colocar o motor a funcionar. Naturalmente que há um botão para desligar o sistema.
Vamos agora aos mitos!
Sistema gasta mais gasolina?
Não é verdade e com os novos sistemas cada vez mais sofisticados, a utilização do “stop&start” conduz a uma economia entre 5 e 7%. E, não, não é verdade, o sistema não gasta mais gasolina nos constantes pára arranca.
O sistema estraga o motor?
Este é um dos mitos que não tem sentido nenhum, pois o motor precisa de aquecer os lubrificantes para funcionar como deve ser e por isso, todos os carros têm na unidade de controlo (ECU) sistema de controlo que não deixam exceder determinada rotação até o ciclo de aquecimento estar concluído e, naturalmente, o sistema “stop&start” só funciona depois do motor estar à temperatura de funcionamento. E depois, se o sistema detetar que no pára arranca, os lubrificantes desçam de forma drástica, impede que o sistema funciona surgindo a mensagem “o sistema não pode ser acionado”.
Além disso, se o período de imobilização for demasiado prolongado, de forma a colocar em causa o funcionamento do motor, o sistema liga o propulsor até que as temperaturas voltem ao ideal, desligando novamente o bloco. Além de tudo isto, o motor tem um sistema que a cada paragem evitar que o óleo desça para o cárter permitindo, assim, que o motor arranque sem lubrificante.
Naturalmente que motor de arranque, rolamento da cambota, engrenagens e correias foram todas reforçadas para fazer mais ciclos de arranque, o que não é complicado de alcançar. Os turbos também não são afetados nem os sistemas de limpeza dos gases de escape, pois todos têm circuitos de lubrificação próprios e as ECU sabem quando é que o motor terá de ser ligado para evitar queda das temperaturas de funcionamento.
O stop/start estraga a bateria?
É um enorme mito, primeiro porque quando se começou a usar o sistema, as baterias foram reforçadas em temos de capacidade e o mesmo se passou com os alternadores. Além disso, o sistema desliga alguns acessórios como o ar condicionado e sempre que o sensor de carga da bateria diz estar a haver uma baixa de potência, o sistema coloca o motor a funcionar.
Outros sistemas utilizavam uma bateria própria e sistemas mais recentes com hibridização, utilizam o motor elétrico e a bateria do sistema híbrido para funcionar. E a ECU sempre que entende que não haverá potência suficiente na bateria para voltar a ligar o motor, simplesmente deixa o motor a trabalhar.
Motores com “stop&start” causam mais poluição
Todos os estudos dizem exatamente o contrário. Independentemente do estilo de condução, mais ou menos agressivo, um carro equipado com o sistema “stop&start”, diz um estudo da Universidade Politécnica de Madrid, reduz em mais de 20% as emissões face a um carro com o sistema desligado. E todos os estudos deixam claro que um carro equipado com o sistema é sempre mais benigno para o ambiente que um carro sem o “stop&start”.
Enfim, fica evidente que o sistema “stop&start” é um elemento fundamental para ajudar um veículo a poluir cada vez menos. Mas não é milagroso, só funciona em cidade e não mitiga a poluição que possa ser emitida por um sistema de limpeza defeituoso ou mal mantido.
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