AFIA receosa: Industria portuguesa de componentes para automóveis sente abrandamento do mercado
O mercado automóvel enfrenta muitas incertezas e a diminuição das encomendas dos elétricos, além de toda a situação social e política global, está a levar a um abrandamento das encomendas, o que preocupa a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA)
Em entrevista ao ECO, José Couto, presidente da Associação, manifestou-se preocupado com a situação atual, com os 63 mil empregados das indústrias de componentes para automóveis a poderem ser afetados:
“Estamos à espera que a produção de automóveis encolha. O feedback que temos neste momento dos nossos clientes é que o mercado pode encolher, nomeadamente na Europa. Deixámos de crescer a dois dígitos [as exportações subiram 14% em 2023, para um valor recorde de 12.433 milhões de euros] e a nossa melhor expectativa neste momento é que em todo o ano se possa crescer à volta de 5%. O mercado está a encolher, há uma diminuição também nalguns casos até da produção de automóveis elétricos, que baixaram as vendas.”
O presidente de AFIA quer manter os números de trabalhadores para fazer frente aos possíveis desafios do futuro e porque entende que uma redução dificilmente será revertida:
“Vamos ter de adaptar o chão-de-fábrica, aquilo que acontece na produção, a este recuo. A tentativa é manter sempre o aparato industrial, quer ao nível da mão-de-obra quer dos equipamentos. Acabámos o ano com 63 mil trabalhadores – o mesmo efetivo que tínhamos nos dois anos anteriores –, embora tenhamos crescido 14% nas exportações. A não ser que exista uma queda significativa, seremos capazes de manter este número entre os 62 e os 63 mil trabalhadores. É importante que se mantenha porque o investimento destas 350 empresas em recursos humanos é significativo. A partir do momento em que se perde, é difícil de recuperar.”
Curiosamente, a vontade da AFIA é ver os números das exportações baixarem, desde que isso significasse que a produção passou a ser usada em Portugal, tendo mesmo desafiado a Autoeuropa a aumentar a compra de componentes nacionais, uma vez que os valores atuais são baixos para a realidade nacional. Para já, a AFIA parece ver o cenário atual com algumas reservas.
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