Clássicos, Lancia Delta Integrale: ícone italiano
Qualquer adepto de carros desportivos e dos ralis, lembra com saudade os Lancia Delta Integrale. Modelo nascido da pena de Giugiaro em 1975 e consagrado Carro do Ano em 1980, este mítico automóvel italiano impulsionou o sucesso da Lancia no mercado mundial. Graças à mudança de regulamento da FIA após o malfadado ano de 1986 e à sagacidade de Cesare Fiorio, a Lancia apoderou-se do Mundial de Ralis, vencendo três títulos consecutivos (1987-1989, com Juha Kankkunen e Massimo Biasion) e voltando às vitórias em 1991 com Kankkunen.
No Rali de Portugal, a história da Lancia é ainda mais expressiva: o Delta venceu no nosso país cinco vezes, quatro delas consecutivas (Markku Alen e Massimo Biasion por três vezes). Domínio avassalador de um carro que nem parecia preparado para tamanha façanha. Os Delta de tracção dianteira tinham motores anémicos – exceção feita ao Turbo i.e., porém, quase inguiável – e uma configuração normalíssima. A visão dos responsáveis do
grupo Fiat permitiu que o DeltaHF 4WD fosse sendo desenvolvido, tendo como base a mesma carroçaria com subtis mudanças: faróis dianteiros, os símbolos “HF 4WD”, saias laterais e um pequeno spoiler no topo do portão traseiro. Era quase impossível distinguir os Delta HF Turbo do HF 4WD!
Debaixo da carroçaria, estavam as diferenças; motor com 165 cv, transmissão complexa, direção assistida e suspensões McPherson independentes nos dois eixos. A transmissão usava um diferencial autoblocante que levava a potência para as rodas anteriores, uma unidade Ferguson viscosa que enviava 44 por cento do binário para as rodas posteriores e, finalmente, uma unidade Torsen (igual aos utilizados nos McLaren de F1) sensível ao binário (aumenta ou diminui o bloqueamento do diferencial conforme o binário que lhe chega). Esta complexa, mas brilhante, combinação de diferenciais, além das alterações nas suspensões, deu ao Delta HF 4WD e aos posteriores Integrale, uma superioridade impressionante. As versões Integrale aproveitaram lacunas regulamentares para umas vias mais largas (o carro era quase quadrado!), surgindo assim no Rali de Monte Carlo de 1988. O primeiro motor era uma unidade com cabeça de oito válvulas que debitava 185 cv.
Suspensões, travões e relação final da transmissão foram melhoradas, mantendo-se apenas o excelente sistema de três diferenciais. Os alargamentos das cavas das rodas eram as únicas diferenças para o HF 4WD. A nova variante do modelo recebeu então uma cabeça de 16 válvulas. Com 200 cv, o Delta passou a necessitar de ainda maiores travões e uma renovada distribuição da potência, que passou para 47/53 (fr./tr.). Passou a estar equipado com ABS e estreou o sistema de veios rotativos de contrabalanço, para anular as vibrações do motor. O canto do cisne das versões desportivas do Delta começou em 1991. Nessa altura nasceu o Delta Evoluzione, mais conhecido como “Deltona”, sendo o mais exuberante de todos os Integrale. As vias aumentaram ainda mais, o aileron traseiro passou a ser regulável e pára-choques, faróis, farolins e saias, foram remodelados, dando-lhe um ar agressivo e… lindo!Omotor passou a ter 210 cv, mantendo-se tudo o resto igual às versões de 16v. No interior, surgiram as “bacquets” Recaro e os volantes Momo, bem como os revestimentos em Alcântara.
A versão final do “Deltona” foi o Evoluzione II, com motor de 215 cv, conversor catalítico e injecção avançada. Se deseja ser um feliz proprietário de uma destas verdadeiras relíquias, terá de abrir os cordões à bolsa: um HF 4WD vale 4 mil euros (em Portugal são raros, havendo muitas réplicas com base no HF Turbo de tracção dianteira), os Integrale 8 e 16V valem entre 12 e 13 mil euros e um Evoluzione “Deltona” não ficará por menos de 20 mil euros, podendo as versões especiais limitadas chegar aos 28 mil.
0 comentários