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Clássicos, Alpine Renault A110: Pequeno genial

By on 2 Dezembro, 2023

O Cognome é emprestado por uma glória benfiquista, Fernando Chalana, mas assenta que nem uma luva no pequeno Alpine Renault A110. Conhecido mundialmente por “Berlinette” exatamente por ser tão pequeno, o modelo da casa de Dieppe foi produzido entre 1961 e 1977. Evolução do A108, o modelo assentava num esquema de motor e tração traseira, uma carroçaria de duas portas e um tamanho inferior aos 4 metros. Olhando para a folha de características técnicas vemos que o Alpine tinha 4,05 metros de comprimento, pouco mais de 1,5 metros de largura e pouco mais de um metro de altura. Construído com materiais leves, o peso não ia além dos 806 quilogramas.

OA110 teve por base os elementos mecânicos do Renault 8 e em relação ao carro que substituiu exibia algumas diferenças: a traseira era maior para albergar motores maiores. Forte influência veio da Lotus, pois o Alpine tinha um chassis de travessa central com carroçaria em fibra de vidro exatamente como o Lotus Elan. O motor dos primeiros modelos era o 1.1 litros do R8, existindo desde logo uma versão Gordini com 95 CV.

Como sucedia muitas vezes na época, o sucesso no desporto era o trampolim para a fama e o A110 não escapou a essa regra. Temia-se pela fragilidade do chassis e sobretudo da carroçaria, mas várias vitórias em França com o motor do R8 Gordini anularam esse medo. O degrau seguinte foi colocar um motor mais potente e em 1970 o carro recebeu o bloco do R16 TS que alimentado por dois carburadores duplos Weber 45 chegava aos 125 CV. Leve e potente, o A110 1600S (era assim o nome do modelo com motor do 16

TS) alcançava mais de 200 km/h (210) mostrando-se muito ágil e competitivo nos ralis. Entre 1970 e 1972 competiu ao mais alto nível no novel “Campeonato Internacional de Ralis para Marcas”, vencendo muitos ralis e sendo considerado um dos melhores da sua época. O sucesso comercial era relativo e não tardou a compra por parte da Renault da marca criada por Jean Rédélé. Isso aconteceu em 1973, ano em que a FISA (agora FIA) decidiu instituir o “Campeonato do Mundo de Ralis para Marcas”, o que levou a Renault a inscrever-se com o A110 e uma equipa de vedetas dos ralis: Bernard Darniche, Jean Pierre Nicolas e Jean Luc-Thérier. O esforço pagou dividendos e a Alpine conquistou este primeiro campeonato do mundo. O sucesso que dai adveio levou a Renault a permitir que o carro fosse produzido no Brasil (com o nome Interlagos e muitas vezes com Emerson Fittipaldi ao seu volante em corridas brasileiras), México (tinha o nome de Dinalpin) e Bulgária (Bulgaralpine).

Largamente comercializado a partir de 1973 para clientes, a chegada do Lancia Stratos retirou protagonismo a um carro que estava a chegar ao final do seu desenvolvimento. A Renault tudo tentou – motor com injecção, suspensão traseira de duplo triângulo e muitas

outras coisas que deram origem ao A110 S1600SC – mas sem sucesso. O Stratos era melhor, porque construído de raiz para a competição, e rapidamente a Renault terminou a produção do A110, substituído pelo A310. Terminava assim a carreira de um dos mais belos desportivos franceses, por muitos idolatrado e objecto de desejo de outros que acabam por recuar perante o preço pedido por um destes modelos.

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