Marcas desaparecidas: Edsel
Esta marca do grupo Ford terá sido aquela com menor período de vida. A forma como surgiu também foi sui-generis; a Ford tornou-se uma empresa cotada em bolsa e deixou de estar totalmente controlada pela família Ford nos primeiros anos da década de 50. A nova gestão olhou para o portfólio de marca e percebeu que a Lincoln competia não com a Cadillac (da rival GM) mas com a Oldsmobile. O dinheiro a mais no banco que a marca tinha devido ao sucesso do Thunderbird – como está diferente hoje a Ford… – levou os gestores a puxarem a Lincoln para cima, com o majestoso Continental, criando uma nova marca para ocupar o seu lugar.
Em 1955 a Ford começou a estudar o assunto e, paralelamente, foi deixando o mercado a salivar por algo completamente novo, chegando mesmo a pagar um programa televisivo chamado The Edsel Show, para mostrar o que seria o novo modelo. As reações não foram as melhores, especialmente devido ao estilo e ao facto do carro ser largamente baseado em modelos da Ford já conhecidos.
Apesar destas reações nada abonatórias, a Ford insistiu e criou mesmo uma rede de vendas com 1500 concessionários.
Este passo teve um duplo objetivo: vender os Edsel em exclusivo e acompanhar o número de pontos de venda dos seus maiores rivais (Chrysler com 10 mil e a General Motors com 16 mil concessionários). Com uma gama composta de quatro modelos baseados em versões Ford de outros carros, facilmente se percebeu que o Edsel não se vendia e ainda mais rapidamente os exclusivos concessionários Edsel passaram a vender modelos Lincoln e Mercury e até mesmo os Ford Taunus vindos da Europa, sempre com financiamento da Ford Motor Company. Apesar disso, a maioria
acabou por fechar. Um estilo pouco menos que horrível, interiores decalcados de modelos existentes mais baratos e inovações tecnológicas propaladas como inovadoras, mas que outros já tinham usado (caso dos travões com auto-ajuste, usados pela Studebaker no amanhecer da década de 50), conduziram ao fim da marca.
Apesar de tudo, a Ford conseguiu vender 63110 unidades no primeiro ano de comercialização e mais 4935 unidades no Canadá. Valores muito abaixo daquilo que a Ford esperava e que nunca mais se repetiram: em 1959 só se venderam cerca de 45 mil carros.
Perante esta situação a Ford decidiu acabar com o projeto Edsel em Novembro de 1960, após apenas 2 846 modelos terem encontrado comprador. No total a Edsel vedeu cerca de 120 mil unidades, metade do necessário para tornar rentável o projeto. Contas feitas, a Ford perdeu 350 milhões de dólares com esta aventura, uma antevisão daquilo que seria a marca americana nas décadas seguintes. Curiosamente, muitas das coisas aplicadas no Edsel consideradas na época como pouco práticas e feias, hoje são comuns: direção trancada pela ignição, travões de ajuste automático,
comando da caixa no volante através de botões. E a Alfa Romeo utiliza hoje, com sucesso, a grelha dianteira na vertical. Como são as coisas na indústria automóvel…
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