Carlos Tavares e a ‘ofensiva chinesa’: “vai ser muito duro e vai haver consequências na sociedade”
Não é de agora que o CEO da Stellantis, Carlos Tavares vê a indústria automóvel europeia numa encruzilhada em relação aos seus rivais chineses. Estes chegam à Europa com custos de produção 25% mais baixos, e com isso a indústria automóvel europeia poderá ser forçada a reduzir massivamente a sua capacidade de produção face à crescente concorrência da China.
Perguntámos a Carlos Tavares o que pensa dessa ‘ofensiva’ chinesa e como é que se pode lidar com isso? “Essa é uma questão que se deve pôr aos políticos! Se nos perguntarem se na Stellantis temos receio, não. De modo nenhum! Vamos lutar. Mas sabemos que vai ser muito duro e vai haver consequências na sociedade. Lutar contra os chineses significa que temos de lidar com 25% de vantagem competitiva que eles têm portanto vai ser uma luta dura.
Quando se trata de falar de mudanças, todos concordam com elas, desde que seja para o vizinho! Não para eles próprios. Os europeus não sabem o que significa mudança.
Quando começarmos a ter de mudar na luta contra os chineses, isso vai ser muito duro, e pode colocar em risco construtores europeus.
Na Stellantis estamos confiantes que somos os mais resilientes na Europa, de longe.
Mas basta ver nos últimos dias o que Volkswagen tem dito. Vai ser mesmo muito duro.
E eu digo, quando os líderes políticos virem quão duro vai ser, vão ter receio, porque vai haver consequências.
Quando se mantém o mercado aberto, convida-se os construtores chineses que têm uma vantagem competitiva de 25%, e de momento temos de digerir 40% de custos superiores, que é o custo da eletrificação, é uma grande, grande divergência.
Vamos lutar porque temos essa capacidade, mas quando as pessoas me perguntam, o que vai ser das fábricas, dos empregos, quem sabe? Quem sabe? Isto vai ser super difícil.
Mas foi decidido pelos políticos europeus e pelo Parlamento Europeu com as pessoas em quem votamos. As pessoas que estão sentadas no Parlamento Europeu, porque nós votámos nelas. Portanto o que é que nós cidadãos queremos dizer a estas pessoas?
Essa é a questão…
Os políticos têm que fazer alterações já, senão as pessoas vão sofrer.
Têm que o fazer. Têm que ouvir as pessoas, têm mesmo, isto vai ser muito duro, e na Stellantis estamos preparados para isso.
Temos a tecnologia, temos as soluções low-cost, temos os modelos, as marcas a estratégia de Marketing, nós estamos preparados para a luta, mas ninguém na Europa deve pensar que isto vai ser fácil, vai haver consequências, mas os políticos decidiram e nós temos que fazer. Nós votamos neles, e se não dissermos que estamos em de acordo, é com eles…
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