Cadillac nos anos 50: Sonho americano
Mais que uma marca de luxo, Cadillac é a primeira que nos lembramos quando pensamos
em glamour, principalmente devido à era de ouro vivida há meio século
Durante a sua história, a Cadillac sempre se pautou pela superioridade em relação à concorrência. Fundada em 1902 a partir dos restos da Henry Ford Company e baptizada com o nome assumido do explorador Antoine de la Mothe (autoproclamado Senhor de Cadillac e fundador da cidade de Detroit), a marca seguiu os mesmos princípios de precisão de engenharia que o fundador Henry Leland aplicou durante a sua carreira.
Na primeira metade do Século XX, este modo de trabalho valeu à Cadillac a alcunha “Rolex dos automóveis”. No entanto, foi após a Segunda Grande Guerra que nasceu a imagem de glamour estabelecendo ligações aos mundos das artes e da política, fornecendo uma limusine ao presidente Dwight Eisenhower, bem como vendendo o famoso Cadillac cor-de-rosa a Elvis Presley.
Durante a década de 50, os carros da marca americana seguiram a linha de design corrente, que incluia caudas em formato de barbatana, grelhas com formas complicadas e habitáculos envoltos numa espécie de bolha de nave espacial, formatos que atingiram o seu apogeu com os espetaculares e espanpanantes Eldorado e DeVille de 1957. Embora as barbatanas continuassem presentes para além dos anos 50, estas foram integradas em designs mais fluídos e discretos nos anos seguintes.
Os “Caddies” no desporto automóvel
Os grandes Cadillacs dos anos 50 eram bem mais pesados e difíceis de conduzir que os ágeis e performantes “sports cars” europeus da época, mas isso não impediu alguns entusiastas de levarem os seus carros às pistas.
Em 1950, o engenheiro e piloto Briggs Cunningham inscreveu dois Cadillac nas 24 Horas de Le Mans, um Coupé DeVille (apelidado de “Clumsy Pup”, ou “cachorro desastrado”) e um Spider com uma carroçaria aberta especial, conhecido como “Le Monstre”. Ambos lograram chegar ao fim da prova, na 10ª e 11ª posição, respetivamente, mas perderam a vitória na classe para o roadster britânico Allard J2, ironicamente equipado
com um motor Cadillac. Ainda assim, a aventura foi um sucesso com o público francês, pelo que Cunningham regressaria nos anos seguintes, com um projecto mais profissional…
mas já sem qualquer ligação à Cadillac.
Quatro anos depois, um piloto amador, Keith Andrews, pediu apoio a vários concessionários da Cadillac para participar no que viria a ser a última edição da sempre difícil Carrera Panamericana. Andrews, acompanhado
pelo navegador Blu Plemons, foi 11º à geral com o seu Sedan Series 62, mas surpreendeu ao vencer as duas etapas finais da prova de 3000 km. Em 2006, a GM construiu uma réplica do carro de Andrews a partir de um exemplar restaurado, participando na reedição histórica da prova mexicana. Plemons, ainda vivo, teve oportunidade de voltar a conduzir um Cadillac nas estradas mexicanas.
A limusine presidencial: Cadillike
Dwight Eisenhower, presidente dos Estados Unidos entre 1953 e 1961, não foi o primeiro chefe de estado americano a dispor de uma limusine Cadillac, mas o seu carro é sem dúvida um dos mais famosos. “Ike”, como era popularmente conhecido, tinha duas versões descapotáveis à sua disposição, a Queen Mary II e a Queen Elizabeth II. Estreadas em 1956 para substituir as limusines Cadillac V16 anteriores (que estavam em serviço desde 1938), ambas tinham 6,40 metros de comprimento e pesavam nada menos que 3180 kg, o que obrigou os agentes do Serviços Secretos, guarda pessoal do presidente, a receberem treino especial para poderem conduzir estes automóveis. Para “puxar” estes monstros, estava presente um motor V8 de 6000 cc e 305 cv (valor bruto). Uma das limusines presidenciais, vendida em 1968, ainda está no activo nos dias de hoje, tendo sido adquirida para a colecção particular de um empresário de Cincinatti.
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