Euro 7: Custos 4 a 10 vezes superiores às estimativas da Comissão Europeia
Um estudo da Frontier Economics conclui que a proposta da União Europeia relativa ao Euro 7, relativa às emissões poluentes conduziria a aumentos de custos diretos 4 a 10 vezes superiores aos citados pela Comissão Europeia. Resumindo muito a questão, os custos dos construtores de automóveis, para chegar aos novos limites impostos, vão aumentar drasticamente, o que em última análise é sempre repercutido no utilizar final.
O problema é vasto, e dando como exemplo os utilitários e citadinos, os custos deste tipo de carros torna para as marcas o negócio nestes segmentos muito mais difícil, pois muito poucos iriam comprar carros dos segmentos A (citadinos) e B (utilitários) quando os seus valores se iriam aproximar fortemente do segmento C (Familiares compactos), sendo que todos aumentariam face aos valores atuais.
Recorde-se que a Norma Euro 7 é uma das medidas da União Europeia para alcançar a neutralidade carbónica em 2050, e define limites antipoluição para a indústria automóvel, uma das principais responsáveis por emissões de CO2 do mundo. A norma regula a emissão de gases prejudiciais à saúde com uma só norma para motores a gasóleo e gasolina, ao invés de regras separadas. Assim, se até agora o limite era de 60 mg/km para automóveis a gasolina e 80 mg/km para automóveis a gasóleo, a proposta é que ambas as tecnologias tenham o limite mais rigoroso: 60 mg/km².
Como se percebe, esta proposta da Norma Euro 7 aumentará os custos de fabrico de automóveis, carrinhas, camiões e autocarros e um estudo da Frontier Economics calcula os custos por veículo em cerca de 2000€ para os automóveis e carrinhas com motor de combustão interna e perto de 12000€ para os camiões e autocarros a gasóleo.
Estes valores são 4 a 10 vezes superiores às estimativas da Comissão na sua avaliação de impacto Euro 7 (180-450€ para automóveis e furgonetas e 2800€ para camiões e autocarros).
Estas estimativas incluem apenas os custos directos de fabrico, principalmente para equipamento e investimentos e como facilmente se percebe, os preços para os utilizadores finais serão ainda maiores. Com as atuais normas Euro 6/VI, a UE tem as normas mais abrangentes e rigorosas do mundo em matéria de emissões poluentes (como o NOx e as partículas). As emissões de gases de escape já se encontram a um nível dificilmente mensurável graças à tecnologia de ponta dos veículos.
“A indústria automóvel europeia está empenhada em reduzir ainda mais as emissões em benefício do clima, do ambiente e da saúde. No entanto, a proposta Euro 7 não é simplesmente a forma correcta de o fazer, uma vez que teria um impacto ambiental extremamente baixo a um custo extremamente elevado”, declarou Sigrid de Vries, Directora-Geral da Associação dos Construtores Europeus de Automóveis (ACEA).
“A transição para a electrificação trará maiores benefícios para o ambiente e a saúde, ao mesmo tempo que substitui os veículos mais antigos nas estradas da UE por modelos Euro 6/VI altamente eficientes.” Ou seja, é um erro colossal tirar dinheiro da eletrificação para a colocar na Norma Euro 7 que terá efeitos mínimos.
Para além dos custos directos, a proposta Euro 7 provocará custos indirectos, que são ignorados na avaliação de impacto da Comissão, como o aumento do consumo de combustível. Ao longo do tempo de vida de um veículo, os custos de combustível poderão aumentar 3,5%, o que representa um acréscimo de 20000 euros para os camiões de longo curso e de 650 euros para os automóveis e carrinhas.
FOTO Freepik
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