Dia mundial do trânsito e cortesia ao volante: tanto, mas tanto por dizer…
Comemora-se esta sexta-feira, 5 de maio, o dia mundial do trânsito e cortesia ao volante. Pensámos em dar-lhe cinco conselhos para apelar e sensibilizá-lo, a si e a todos os condutores para a necessidade de uma condução atenta, segura, calma, de forma a prevenir acidentes, proteger a sua vida e a de outros condutores, mas cinco conselhos é muito pouco, porque são imensos os tópicos que podemos dar.
E nunca serão demais. Sabemos que este artigo é essencialmente para uma pequena minoria, felizmente, porque a maioria não precisa de ler isto. Mas também pode relembrar…
Em quase todo o lado, com raríssimas exceções, a Prevenção Rodoviária é feita de sensibilização, alertas, campanhas. Resulta com muita gente, mas uma percentagem ainda demasiado grande tudo isto lhes entra a 100 e sai a 1000, tais são muitos dos comportamentos que todos os dias assistimos na estrada.
E não falamos só dos comportamentos perigosos no trânsito, mas por exemplo, do desrespeito pelo próximo nas mais variadas situações. Por exemplo, vivo mesmo ao lado de um café/pastelaria muito bom na minha zona e não há fim de semana em que não exista um concerto de buzinadelas durante horas, em que a explicação é a mesma há anos. Demais condutores querem “entrar com o carro pelo café dentro”, e bloqueiam tudo o que está nas redondezas: “foi só um cafezinho”, justificam alguns, como se uma pessoa que acabou de beber o seu tivesse que esperar que quem lhe bloqueou o carro bebesse o dele. Só este, é um pormenor do que é o desrespeito de muitos condutores. E isto, é com o carro parado…
Voltando ao tema principal, é lógico que os comportamentos perigosos e imprudentes na estrada podem variar de país para país e de região para região, mas alguns são transversais.
Conduzir sob a influência de álcool, drogas ou medicamentos é extremamente perigoso e pode levar a acidentes graves. E o ‘pode’, é para sermos simpáticos, pois o desfecho é quase sempre problemático, para não dizer pior. Conduzir sob a influência de álcool é um dos comportamentos mais perigosos na estrada pois diminui muito a capacidade do condutor de tomar decisões e de reagir rapidamente a situações imprevistas na estrada, além de afetar a coordenação motora e a visão. Sair de uma refeição, bar, discoteca ou outros e dizer “estou bem, não há problema…” pode ser só o princípio do fim…
Conduzir em excesso de velocidade em em autoestrada, ou especialmente em zonas residenciais continua a ser a principal causa de acidentes. Os melhores pilotos do mundo, quer seja na F1, WRC, WEC, todos eles têm acidentes, porque se excedem, de vez em quando. Na estrada, os melhores condutores do mundo são os que passaram a vida de encartados sem ter um único acidente por si provocado. Todos nós excedemos os limites de velocidade, não vale a pena ser hipócrita, mas é quando começa o exagero extremo que vai haver problemas. Seria bom que as pessoas tivessem isto na consciência: podem ‘safar-se’ 99 vezes, mas a outra é que pode acabar com tudo, da sua vida, ou da vida de outrém.
Na maior parte das vezes que excedemos a velocidade, ganhamos o quê, minutos? Lá está, alguém um dia se lembrou que mais vale perder esses minutos na vida, que a vida num minuto…
O smartphone é ‘esperto’, mas quem agarra nele e no volante ao mesmo tempo não é. Antes achávamos que alguém que víamos na estrada a fazer tangentes aos dois limites da faixa de rodagem, ia bêbado, mas hoje em dia os que vão a ver o telemóvel, ‘ganham’ com grande vantagem. Tenho consciência que nem toda a gente pode ter um carro com ligação bluetooth, mas são às centenas as pessoas que vejo ao volante de carros que tenho a certeza terem sistemas de mãos livres. É só preciso fazê-lo uma vez, depois disso é só ligar o carro e falar pelo sistema de som do carro.
Quem não tem carro com o sistema, basta um simples íman no tablier, para prender o telefone. Tenha atenção que em termos legais, não pode mexer no telefone, mas só isto diminui drasticamente as probabilidades de ter um acidente. O artigo 84º do Código da Estrada diz que é proibida ao condutor, durante a marcha do veículo, a utilização ou o manuseamento de forma continuada de qualquer tipo de equipamento ou aparelho suscetível de prejudicar a condução, designadamente auscultadores sonoros e aparelhos radiotelefónicos. É completamente ilegal fazer chamadas durante a condução? Não, apenas se elas implicarem o manuseamento contínuo de um dispositivo, nomeadamente o próprio telemóvel. Como tal, existem exceções, referidas na alínea 2 do mesmo artigo 84º. São elas os aparelhos com um único auricular, incluindo os que funcionam por bluetooth, e os dispositivos com microfone e sistema de alta voz. Uma vez que não implicam manuseamento continuado para serem usados, aos olhos da lei permitem fazer chamadas de forma segura, não desviando a atenção do condutor da estrada. Note-se que os fones, auriculares com fios e mesmo aparelhos GPS não se encaixam nesta categoria, representando risco de multa. Mesmo que só coloque um dos fones, o uso deste tipo de dispositivo é considerado perigoso por implicar uma distração e diminuir o tempo de reação do condutor.
Fazer manobras perigosas, como ultrapassagens imprudentes ou mudanças repentinas de faixa, pode levar a colisões graves e colocar em risco a segurança de outros na estrada. Neste caso, pense só numa coisa: se lhe fizerem a si, não gosta, pois não? O efeito contrário é o mesmo. Confesso que se vê, em termos gerais, os portugueses a guiar melhor, mas continua a existir uma percentagem significativa de ‘manobradores de risco’. E não é muito difícil de os identificar no meio do trânsito. Quando os detetar, deixe-os ir à vida deles ou fuja deles como o “diabo da cruz”.
Não respeitar os sinais de trânsito: estes são colocados para orientar os condutores e garantir a segurança na estrada pelo que é escusado dizer que não respeitar os sinais pode levar a acidentes graves. É verdade que há distrações, má sinalização, más condições de visibilidade, tudo isso, mas quanto mais isso for evidente, maior deve ser a atenção…
Condução agressiva: A agressividade na estrada é um dos piores males a que assistimos. Há pessoas que, por um motivo ou outro têm mais pressa que as outras, ou simplesmente não têm paciência para o trânsito, mas essa agressividade tem o condão de se estender a outros condutores na estrada, pois muitas pessoas não conseguem manter a calma, quando acossados, quer seja de alguém que se ‘encosta’ à nossa traseira, quando mudam de faixa repentinamente e com isso no obrigam a travar, mesmo que pouco, ou pior do que tudo, nos ultrapassam numa zona ‘impossível’. ‘Impossível’ pelo risco totalmente desnecessário que correram. Este tipo de condução tem uma percentagem demasiado elevada nas nossas estradas, embora seja um número (felizmente) baixo. Mais uma vez, quem como eu guia há mais de 30 anos, nota-se melhorias nos últimos anos. Mas melhorias dentro de algo que é mau face a outros países da União Europeia.
Não manter distâncias seguras: esta é uma definição muito simples, a distância segura entre veículos é aquela que nos permita nunca ter batido no carro à nossa frente, e aqui, claro está, entram muitas incógnitas nesta equação. Quer saber um truque? Se for numa estrada em que os limites oscilam entre os 80 e 100 Km/h, por exemplo, não se foque nas luzes de travões do carro à sua frente, mas sim nas luzes dos carros à frente desse. Se estas se ligarem, prepare-se de imediato pois vai ter que travar. Se rodar em zonas de cidade, espere sempre o inesperado. Ter que travar repentinamente para uma passadeira, um semáforo, é normalíssimo e extremamente habitual. Se sentir que tem o carro atrás de si demasiado perto, toque no travão só para acender a luz, sem diminuir velocidade, pois isso alerta o condutor de trás sem o assustar com diminuição repentina de velocidade. Isso nunca faça, só mesmo se tiver mesmo de o fazer, claro.
Cansaço na condução: evite ao máximo viajar, ou mesmo fazer percursos curtos se estiver cansado ou sonolento pois isso diminui fortemente a capacidade de reação e aumenta significativamente o risco de acidentes. Se for em viagem, fazê-lo cansado é mesmo a última coisa a fazer, pois pode mesmo ser a última coisa que faz na vida…
Ignorar as condições meteorológicas: Não adaptar a condução às condições meteorológicas, como chuva, neve ou gelo, pode levar a acidentes muito graves. A visibilidade é um fator de extrema importância e adequar a velocidade do carro às condições com que se depara é absolutamente fundamental, pois o risco de algo suceder sobe exponencialmente. Se tiver que conduzir neste condições dobre, triplique o foco do que está a fazer ao volante.
Não sinalizar: Sinalizar adequadamente as suas intenções é fundamental para garantir a segurança na estrada. Não sinalizar ao mudar de faixa, virar ou reduzir a velocidade pode levar a colisões. Pense nisto: não fazer ‘pisca’, do seu ponto de vista pode não fazer grande diferença, mas para os outros condutores, que estão à ‘sua espera’, faz toda a diferença, pois ficam a saber com o que contam. É que se não sinalizar se torna regra, não se esqueça que também vai estar do “outro lado” de alguém que não ‘pisca-pisca” e depois vai sentir o mesmo que sentem os outros quando você não faz o pisca…
Não dar prioridade a outros condutores ou pedestres, quando necessário, pode levar a colisões ou atropelamentos. Quando chega a uma situação, por exemplo um entroncamento com três carros a pretenderam passar. Se estiver perfeitamente ciente de quem tem a prioridade, sabe sempre com o que contar. Se tiver dúvidas, mas vale hesitar um pouco. Se não cumpre a prioridade, está a colocar-se em risco a si e aos outros, porque as pessoas partem sempre do princípio que você sabe o código.
Não usar os espelhos: Com tanta coisa a acontecer à nossa volta na condução, não usar os espelhos é meio caminho andado para cometer erros. Os retrovisores para verificar a posição de outros veículos são uma enorme ajuda, e quando pensa em fazer uma manobra olhar para os retrovisores demora um, dois segundos no máximo, e pode poupar-lhe muitos problemas.
Condução com veículos em más condições: Conduzir um veículo que não está em boas condições mecânicas, como pneus carecas ou travões demasiados gastos, aumenta muito o risco de acidentes. Quase todos os dias passamos por (ou passam por nós) carros que duvidamos seriamente estarem em condições de circular. Infelizmente, demais. Percebemos porquê, porque sabemos o País em que vivemos em que 26% dos carros a circular têm mais de 20 anos. Entendemos as dificuldades das pessoas, mas os riscos são enormes, para os próprios, e para todos à volta, porque a probabilidade de qualquer coisa falhar nos carros é exponencialmente maior.
Comer e beber ao volante é um dos hábitos mais comuns dos condutores, mas não é ilegal a não ser que esteja a ser um comportamento de risco que esteja a influenciar a capacidade de concentração do condutor. Se precisar de beber água numa viagem, por exemplo, se viajar sozinho e tiver cuidado extremo a abrir a tampa, e a beber, sem nunca tirar os olhos da estrada, ou mesmo comer, nao vem daí grande mal ao mundo nem é ilegal, mas imagina que está a beber ou a comer umas das suas refeições enquanto conduz e de repente esta cai, a sua reação é imprevisível e pode ser perigosa, sendo “susceptível de prejudicar o exercício da condução com segurança”, portanto aí já pode e deve ser multado. Os condutores devem, durante a condução, abster-se da prática de quaisquer atos que sejam suscetíveis de prejudicar o exercício da condução com segurança.
Animais no carro: Os animais de estimação podem ser distrações perigosas na estrada. Os condutores devem garantir que os animais estejam devidamente seguros e confinados e pode ser multado caso não os transporte em condições de segurança. A segurança da condução não pode ser posta em causa, portanto não é permitido viajar com animais à solta no veículo. Há cintos para cães e caixas para cães e gatos, que também os defendem em caso de acidente.
Fazer ‘cair’ o sinal vermelho: as zonas com controlo de velocidade multiplicam-se em todo o País e quem passa muitas vezes nos mesmos locais já sabe com o que conta. Mas há muita gente, quer seja por distração ou simplesmente “está-se a marimbar.” faz cair facilmente os sinais. Até podemos compreender os distraídos, a grande maioria não faz por mal, mas alguns já sabem exatamente onde acelerar para passar, e “quem vem atrás que apague a luz”. E esses a única coisa que vão conseguir é que este comportamento se estenda a muitos que cumpriam, mas estão “fartos de ficar parados no sinal…”.
E depois perdem todos se a maioria se marimbar para os que vêm atrás…
Não usar o cinto de segurança: Ainda há muita gente que não usa o cinto de segurança, que é um dos dispositivos mais importantes de segurança em um veículo. Muita gente negligencia o seu uso, especialmente em percursos curtos. Um erro que pode ser fatal…
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