Mazda CX-5 2.2 Skyactiv-D 184 cv – Ensaio Teste
Audi: Novo A5 disponível a partir dos 46 mil euros

Publicidade Automóvel Anos 30: vender com imaginação

By on 15 Março, 2024

Assim que se tornou possível adquirir um automóvel, a publicidade transformou-se num instrumento indispensável para o sucesso de vendas. A década de 30 foi uma das mais profícuas e diversificadas, com alguns exemplos de campanhas bem estruturadas

Texto Adelino Dinis; Imagens Arquivo Edições Vintage

Condicionada pelos suportes à sua disposição, a publicidade invade jornais e revistas sendo, de início, não mais do que um punhado de palavras com uma marca, um modelo e descrição das virtudes que pudesse ter. A demonstração, em feiras de curiosidades, acabava por ser mais eficaz do que vários anúncios. A competição, que também não tardou na vida do automóvel, foi também utilizada como forma de divulgação, e mesmo como tema de anúncios. Mas, com a popularização do automóvel e o aparecimento de novas marcas, a publicidade ganhou capital importância no desempenho comercial.

Portugal não foi excepção. Apesar de não ser um produtor, o nosso país recebeu o automóvel e a actividade comercial a ele associada, de braços abertos. O aparecimento do jornal “O Volante”, em 1926 e, quatro anos depois, da revista “ACP”, vieram dotar o mercado de meios de comunicação dedicados. E, nos anos 30, com quatro publicações mensais (“O Volante” era trimensal, a “ACP”, mensal), a publicidade no nosso país recebeu um enorme empurrão, quantitativo e qualitativo.

O Poder do Ouro Negro

Como as páginas a cores ficavam muito caras, a maior parte das edições eram monocromáticas. Em situações especiais, podiam ser impressas a duas cores. Mesmo assim, as empresas de combustíveis e óleos, filiais de empresas estrangeiras, bombardeavam as revistas com anúncios diferentes em cada edição. Muitos deles, com mensagens e imagens poderosas, como o da gasolina Atlantic que, reputadamente, daria asas ao automóvel

dos seus clientes. As ilustrações, de traço simplificado, impressas através do método de gravação, não ficam longe de poderem ser vistas como arte moderna. A mensagem é forte e directa, mas o resultado final, com o tom

escuro e as enormes asas, é algo ameaçador.

Já o da Gasolina Auto-Gazo, da Vacuum Oil (mais tarde, Mobil), é muito mais subtil. Um jovem casal partilha a condução do seu automóvel, com o pé da senhora a carregar no acelerador. Há aqui algo de provocador e atrevido, mas temperado com bom gosto.

Outro anúncio da Atlantic apela a sentimentos mais nobres. O mecânico aconselhou ao seu cliente o uso de óleo daquela marca, mesmo sabendo que assim teria menos trabalho. Muito lírico para os dias de hoje.

E, provavelmente, também para os anos 30…

A Shell utilizou durante algum tempo este anúncio em que compara a sua gasolina à de outros fabricantes. A sua estratégia não é realçar uma ou outra qualidade, mas o equilíbrio do seu produto, contrapondo-o, numa

só mensagem, ao apregoar de qualidades individuais dos seus concorrentes. A Castrol, em meados nos anos 30, adotou a estratégia da colagem: o melhor automóvel do mundo usa os nossos produtos. E a boa reputação da Rolls Royce passa também pelo óleo do motor.

Argumentos variados As marcas de automóveis digladiaram-se ferozmente, sobretudo no segmento dos modelos populares, mas sempre através dos seus representantes. As mais agressivas e belicosas eram a Citroën e a Ford, que não se coibiam de comparar consumos e prestações uma da outra, guerra que animou, durante algum tempo, as páginas das revistas.

A Austin afastava-se destas quezílias diretas, fazendo gáudio do crescimento das suas vendas. Mas um dos mais interessantes anúncios é da americana Reo e dos seus camiões. A ilustração tem muita força e retrata a condução de um destes veículos quase como um ato heróico. A Adler tentava, nos anos 30, implementar o seu sistema de tração dianteira. A campanha “O rei das curvas” salientava as qualidades dinâmicas dessa solução. E uma vitória num concurso de elegância era motivo de celebração. A Citroën também preconizava a tração dianteira, comparando o seu 7cv a um galgo. Os anúncios da marca francesa eram belos e elaborados, mesmo quando as ilustrações eram utilizadas apenas numa cor. Já a Peugeot, mais conservadora por natureza, anunciava a sua gama de forma mais discreta, mas bastante elegante, com dois perfis do 301.

A Ford anunciava, para o V8 de 1935, os benefícios da suspensão gravicentrada, uma das mais curiosas formas de designar um sistema de eixo rígido com molas ¾ elípticas de que haverá registo. Para a Fiat, as características técnicas, mesmo com nomes enigmáticos, não serviam os seus potenciais clientes. Redefinir palavras do dicionário era a melhor forma de aumentar as vendas. Bela ilustração do Ardita e close-up da sua condutora.

Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)