Todos conhecem os efeitos do álcool na condução, mas e o cansaço?
Todos os condutores em Portugal sabem, ou deviam saber que é proibido conduzir com uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 0,5 g/l. Entre 0.5 gramas por litro de sangue e 0,8 g/l a coima fica entre 250€ e 1.250€ a inibição de conduzir pode ir de 1 e 12 meses sem carta, e entre 0.8 g/l e 1,2 g/l a multa fica entre 500€ e 2.500€ e a carta é ‘tirada’ entre 2 e 24 meses. A grande maioria sabe isto, se não o detalhe, pelo menos o essencial…
Todos conhecem os efeitos do álcool na condução, mas e o cansaço?
Sabia que se tiver dormido menos de cinco horas de sono a probabilidade de ter um acidente de viação é semelhante à de ter ultrapassado (um pouco) o limite legal de álcool no sangue? Sabia que cerca de 20% dos acidentes de viação são causados pela fadiga?
Qual foi a última vez que descansou o que devia durante ou antes de uma viagem?
Qual foi a última vez que parou e dormiu um pouco antes de continuar?
Acha que um cafezinho chega? Ajuda, mas é efémero… o cansaço volta num instante.
Sabia que nos últimos 20 anos, o número de acidentes que têm por causa o álcool têm diminuído significativamente – e mesmo assim não o que deviam – mas quanto aos acidentes provocados por cansaço e/ou sono, mantêm-se na mesma percentagem?
Fala-se, e bem, tanto no álcool, mas pouco ou nada de fala do cansaço.
Todos sabemos que podemos ser multados por excesso de álcool, mas por falta de descanso, não há memória…
Há vários sistemas de deteção de fadiga nos automóveis há já alguns anos. Não em todos, mas em cada vez mais. Visam reduzir as hipóteses de acidente, devido a cansaço, utilizando sensores para monitorizar o estilo de condução do condutor, dando-lhe ‘avisos’.
Até há casos em que estes sistemas estão ligados ao ‘cruise control’ ou por exemplo à condução autónoma, e podem ser desativados se o automóvel ‘acreditar’ que o condutor não está a prestar atenção.
Há dois tipos principais de sistemas de deteção de fadiga disponíveis nos automóveis vendidos atualmente. Mais comuns são os sistemas indiretos que monitorizam o movimento do veículo através de uma câmara frontal virada para a estrada para procurar sinais associados à fadiga do condutor, como por exemplo o pisar várias vezes as linhas delimitadoras da estrada.
O segundo tipo utiliza uma ou mais câmaras viradas para o condutor e tecnologia de rastreio facial para procurar diretamente sinais de fadiga, tais como movimentos da cabeça e a frequência com que o condutor pisca os olhos.
Noutros casos é utilizada uma combinação de um sistema indireto e direto.
No sistema indireto a monitorização contínua, mas o sistema assume no início de uma viagem que o condutor está alerta e concentrado na estrada à frente e se for observado um desvio significativo deste padrão, o sistema atribui isto à fadiga e lembra o condutor para fazer uma pausa.
No Sistema direto, uma câmara de infravermelhos virada para o condutor, que entre várias coisas, vê a frequência com que o condutor pisca, o movimento dos olhos e os ângulos de visão. Estes sistemas que monitorizam diretamente o condutor são mais rápidos e precisos.
Ajudam, mas não são perfeitos.
Uma dica? Nunca faça uma viagem grande com toda a gente a dormir à sua volta…
Concorda que deve ser dada à fadiga mais atenção, tendo em conta a percentagem de acidentes devido a ela? Um recente estudo concluiu que cada hora de sono perdida na noite anterior aumenta significativamente a probabilidade de acidente e um condutor que teve entre zero e quatro horas de sono, pode ter até 15 vezes mais probabilidades de ter um acidente.
É muito difícil impor uma lei sobre a fadiga na condução, e como isso poderia ser regulado.
Não existe atualmente uma forma de avaliar a fadiga na estrada, não há teste conhecido que o faça. Só mesmo a pessoa pode avaliar se está cansado demais para viajar, ou não, e o número que assume a fadiga é ínfimo.
Há uma lei nos EUA em que um condutor pode ser considerado culpado de um acidente se ficar provado que não dormiu nas 24 horas anteriores.
Por isto tudo, a única coisa que lhe podemos dizer é que o cansaço na estrada mata numa percentagem demasiado significativa para ser ignorado…
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