Mazda CX-5 2.2 Skyactiv-D 184 cv – Ensaio Teste
Audi: Novo A5 disponível a partir dos 46 mil euros

Lamborghini: uma história de 60 anos

By on 25 Março, 2023

A história dos automóveis Lamborghini começa com o fundador da empresa, Ferruccio Lamborghini, que nasceu em Itália em 1916 e cresceu até se tornar um homem de negócios de sucesso na indústria de tratores.

Tinha uma paixão por carros rápidos e possuía vários veículos de gama alta, incluindo Ferrari. Insatisfeito com a qualidade dos Ferrari que possuía, acreditava que ele próprio poderia construir um carro melhor.

Assim, em 1963, fundou a Lamborghini em Sant’Agata Bolognese, Itália. Em 1974, apenas onze anos depois da sua fundação vendeu a marca.

As graves crises económicas que afetaram a economia mundial no início das décadas de 70 e de 90 não podiam deixar de lado sectores tão sensíveis quanto o dos automóveis de luxo.

Ao longo da sua vida, a Lamborghini tem passado por momentos particularmente difíceis entremeados com outros de franco progresso. Hoje em dia, na posse da Audi há muito, atingiu a estabilidade. Mas, vamos ao princípio.

Ferruccio Lamborghini nasceu a 28 de Abril de 1916, em Renazzo, uma pequena aldeia rural a norte de Bolonha, filho de um casal de agricultores. Cedo, porém, o jovem Ferruccio mostrou a sua vocação, que, para tristeza dos pais, não era a agricultura, mas sim a mecânica.

Os estudos foram todos realizados em Bolonha e o jovem engenheiro teve, desde logo, a oportunidade de testar os seus conhecimentos. Estávamos em plena II Grande Guerra e Ferruccio foi mobilizado para a ilha de Rodes, na Grécia, onde se foi ocupar da manutenção dos veículos militares.

Terminada a guerra e regressado a Itália, a sua primeira ideia foi a de aplicar a grande experiência adquirida nesses anos. Juntando as economias possíveis, adquiriu, a pouco e pouco, um vasto lote de velhos veículos militares, tornados obsoletos após o fim da guerra e postos de lado sem qualquer utilidade prática.

O objetivo era o de transformá-los em tratores, cuja escassez na Itália agrícola do pós-guerra era notória.

Começou num velho barracão, mas o sucesso da experiência levou-o, pouco tempo depois, a comprar uma oficina em Cento, nos arredores de Bolonha, onde, em 1948, nasceu oficialmente a Lamborghini, mas, apenas, com a divisão de tractores.

Era a Lamborghini Trattori e o símbolo escolhido para a marca era, nem mais nem menos, que um touro em homenagem ao seu signo do zodíaco.

Só uns anos mais tarde, em 1959, Ferruccio decidiu diversificar a sua actividade, com outros equipamentos industriais, como, por exemplo, ar condicionado e aquecimento central.

E foi nessa onda de diversificações que se lembrou de fabricar helicópteros, uma velha paixão. Os planos estavam já adiantados, o investimento assegurado e faltava apenas um detalhe: a licença. Após variadíssimas diligências e muito tempo de espera, o governo italiano considerou, finalmente, tratar-se de uma actividade estratégica e, como tal, não licenciou a Lamborghini.

Teimoso como era, Ferruccio decidiu virar-se para outro lado, mas não um lado qualquer: automóveis de Grande Turismo. Conta-se que a ideia de produzir automóveis nasceu de uma discussão com Enzo Ferrari.

Dada a sua boa situação financeira, possuía uma interessante colecção de carros desportivos, mas nenhum deles satisfazia inteiramente os seus padrões de qualidade. E, um belo dia, queixava-se ao comendador do ruído da caixa de velocidades do seu Ferrari, propondo-lhe, desde logo, uma solução para o problema. Foi bater a uma boa porta! Enzo retorquiu-lhe; “continue a fabricar tratores e deixe-me a mim construir carros de desporto.”

É claro que, após esta resposta, a decisão estava mais que tomada.

Em 1963 nascia em Sant’Agata Bolognese, a pouca distância de Modena, onde está instalada a Ferrari, a fábrica de automóveis Lamborghini, de onde, uns meses depois, saía o primeiro modelo: o “350 GT/GTV”, um “coupé” de 2 lugares desenhado por Franco Scaglione e cuja carroçaria foi produzida nas oficinas de Sargiotto em Turim. Apresentado ao público no Salão Automóvel desta cidade, em Outubro de 1963, o “350 GT” utilizava um motor projetado por Giotto Bizzarrini, o mesmo engenheiro que criara o famoso motor do Ferrari 250 GTO.

Este foi o balão de ensaio para a Lamborghini. Ao 350 GTV outros se sucederam: o 350 GT Spider, o 400 GT 2+2, o fabuloso Miura, até chegar ao Espada 400 GT de 1968.

Mas, em 1972/73, a crise do petróleo, que deu origem a uma grave recessão económica, reduziu drasticamente as vendas da Lamborghini.

Ferruccio é, então, obrigado a vender 51% das acções da companhia a Georges-Henri Rossetti, um homem de negócios suiço. Contudo, a situação da companhia continuou a degradar-se e, no ano seguinte, Ferruccio é mesmo forçado a vender os restantes 49% a René Leimer, um amigo pessoal de Rossetti.

A crise atinge também as suas outras companhias. A de ar condicionado é obrigada a abrir falência e a de tractores é vendida à Fiat.

Ferruccio refugia-se na sua propriedade perto de Peruggia e regressa às origens familiares, ou seja, à agricultura. Entre outras actividades produz um vinho que se torna famoso: Colli de Trasimento, que rapidamente é apelidado de “Sangue de Miura”. Morre a 20 de Fevereiro de 1993, aos 77 anos e a poucos meses do 30º aniversário da Lamborghini.

Uma série de decisões erradas por parte dos novos accionistas, nomeadamente o excessivo investimento no projecto de um veículo todo-o-terreno, que nunca viu a luz do dia, assim como, a incapacidade de cumprir um acordo com a BMW para a produção em pequena série de um desportivo, tornaram a situação praticamente incontrolável, a tal ponto que o tribunal de Bolonha se preparava para decretar a falência da companhia.

Foi então que Alessandro Artese, um advogado de Bolonha, especialista em direito comercial e apaixonado pela marca, se antecipou à decisão final do tribunal e conseguiu evitar a falência.

Em conjunto com o engenheiro Giulio Alfieri, diretor técnico da Lamborghini e com o Dr. Sgarzi, diretor comercial da marca, Artese pôs em execução um plano estratégico que tinha como único objetivo salvar a empresa.

Para conseguir esse objetivo, iniciou contactos em busca de novos proprietários interessados em investir, ao mesmo tempo que assegurava a total cooperação dos trabalhadores.

Foi assim possível manter a Lamborghini em funcionamento durante quase dois anos, até que em Julho de 1980, o tribunal conseguiu encontrar um comprador na pessoa dos irmãos Minram, reputados industriais no ramo da alimentação e grandes entusiastas dos automóveis.

Tinha começado uma nova era para a Lamborghini.

Com uma nova administração, a marca italiana foi substancialmente reestruturada na sua organização, a fábrica conheceu sensíveis melhorias e foram recrutados reputados técnicos para lugares chave da empresa.

Com esta reorganização, a Lamborghini estabilizou a sua produção e as suas vendas e, mais tarde, no período de 1984 a 86, conheceu um assinalável crescimento, a tal ponto que se tornava cada vez mais difícil ao capital privado suportar o nível de investimento necessário.

Foi então que o gigante americano Chrysler se interessou pelas potencialidades da marca e propôs à família Minram a tomada de todo o capital, o que veio a concretizar-se em 23 de Abril de 1987.

O passo seguinte foi a nomeação de um novo presidente, na pessoa de Emile Novaro a quem Chrysler forneceu os meios indispensáveis para a evolução da Lamborghini e para o aumento da produção.

Em Maio de 1990, o Countach cede o lugar ao Diablo, outro modelo a marcar a história da Lamborghini e graças a ele, a marca italiana regressou aos lucros no ano seguinte. Mas, um novo período de crise adivinhava-se no horizonte.

Em 1992 a economia mundial entra em recessão e as vendas de automóveis descem significativamente, especialmente no sector de carros de luxo onde a Lamborghini se insere.

É em tempo de crise que se projetam os investimentos.

Partindo deste princípio, a marca italiana apresenta em Março de 1993 a versão VT do Diablo, que se caracteriza por um acoplamento viscoso que permite dispor de tracção integral quando pretendido.

Uns meses depois, em setembro, é apresentada uma versão especial do Diablo destinada a celebrar os 30 anos da marca.

No ano seguinte, porém, a Chrysler decide vender a Lamborghini à Mega Tech uma empresa do grupo indonésio Sedtco, do qual é accionista Tommy Suharto, filho do presidente indonésio.

A 24 de Julho de 1998, dá-se um acontecimento da maior importância para a vida da Lamborghini, talvez o mais importante da sua história a seguir à fundação. É assinado em Londres um acordo que permite à Audi tomar posse completa da Lamborghini, dando-lhe uma estabilidade financeira e técnica como nunca teve e marcou o início de uma nova era para a empresa, uma vez que ganhou acesso a novas tecnologias e recursos.

Em 2001, a Lamborghini introduziu o Murciélago, um novo modelo emblemático que substituiu o Diablo. O Murciélago era movido por um motor V12 e apresentava um design marcante que se inspirava nas raízes aeroespaciais da empresa.

Apesar da introdução do Murciélago, a Lamborghini continuou a ter dificuldades financeiras. Em 2002, a empresa foi posta à venda pelo seu proprietário, o grupo de investimento Mycom Setdco.

Em 2003, a Lamborghini introduziu o Gallardo, um novo modelo de nível básico que foi concebido para apelar a uma gama mais vasta de clientes. O Gallardo era movido por um motor V10 e apresentava um preço mais ‘acessível’ do que o Murciélago.

Também em 2003, a Lamborghini anunciou que iria produzir uma edição limitada do Murciélago chamada “Edição do 40º Aniversário”. Foram produzidas apenas 50 unidades, cada uma com elementos de design únicos.

A introdução dos Murciélago e Gallardo durante este período ajudou a preparar o cenário para o sucesso da Lamborghini nos anos vindouros.

Em 2008, Lamborghini introduziu o Reventón, um supercarro de edição limitada que se baseava no Murciélago. Apenas 20 foram construídos, tornando-o num dos modelos Lamborghini mais raros alguma vez produzidos.

Já em 2011, a Lamborghini revelou o Aventador, um sucessor do Murciélago que apresentava um novo motor V12 e um design futurista. Tornou-se rapidamente um dos modelos Lamborghini mais icónicos de todos os tempos.

O ano de 2014 trouxe-nos o Huracán, mais pequeno e mais acessível que foi concebido para competir com os modelos Ferrari 458 Italia e McLaren 650S. O Huracán foi elogiado pelo seu manuseamento e desempenho, e tornou-se mais um modelo popular para a empresa.

Em 2018, a Lamborghini introduziu o Urus, um SUV de luxo. Foi o primeiro SUV da Lamborghini desde a LM002 nos anos 80, e foi concebido para apelar a um leque mais vasto de clientes.

Em 2021, a Lamborghini revelou o Countach LPI 800-4, um supercarro híbrido de edição limitada que presta homenagem ao icónico Countach dos anos setenta e oitenta.

O Countach LPI 800-4 apresenta um motor V12 emparelhado com um motor elétrico, e apenas 112 unidades foram produzidas.

O FANTÁSTICO MUSEU

Inaugurado no início do Séx XXI, na via Modena, em Sant’Agata Bolognese, o museu Lamborghini é um edifício completamente envidraçado, de forma a que, do exterior, se possa ver o seu rico património.

Ao longo de dois andares, estão expostos todos os grandes automóveis que constituem a história da marca desde o primeiro modelo – o 350 GT de 1964 – até às mais recentes criações, incluindo os Larrousse-Lamborghini de Fórmula 1, “concept cars” e motores para automóveis e barcos.

Completam a exposição centenas de fotografias que documentam a história da companhia, assim como, várias miniaturas às mais diversas escalas e provenientes de todo o mundo e ferramentas antigas outrora usadas na fábrica.

Integrados no museu estão dois departamentos: o arquivo histórico, cuja missão é a de recolher, preservar e recuperar toda a documentação acumulada ao longo dos anos e que ilustra a história da marca e o Registo Lamborghini, uma associação criada para inventariar os cerca de dez mil Lamborghini existentes em todo o mundo e aptos a circularem, para seleccionar aqueles que estão em perfeito estado de conservação e que farão parte do registo da marca.

TODOS OS LAMBORGHINI

1964 – 350 GT/GTV – 131

1966 – 400 GT 2`+2 – 247

1967 – Miura P400 – 755

1968 – Espada 1.310

1968 – Islero – 225

1970 – Jarama – 327

1973 – Urraco P200 – 791

1974 – Countach – 2.049

1976 – Silhouette – 52

1982 – Jalpa 350 S

1982 – LM 002

1990 – Diablo

2001 – Murciélago

2003 – Gallardo

2011 – Aventador

2014 – Huracán

2018 – Urus

ALGUNS “CONCEPT CARS”

1966 – Flying Star II (Turim 66 com base no 400 GT)

1967 – Marzal (Genebra 67 com base no Miura)

1974 – Bravo (Turim 74 com base no Urraco P300)

1980 – Athon (Turim 80 com base no Silhouette)

1987 – Portofino

1988 – Genesis (Turim 88 de Bertone)

– Jotta (com base no Miura)

– Cala

– P 140

2003 – Murciélago Barchetta (Detroit 03)

One-Off/Produção limitada

2008 – Reventón

2012 – Sesto Elemento

2013 – Veneno

2016 – Centenario

2018 – SC18 Alston

2020 – Sián FKP 37

2020 – Essenza SCV12

2021 – SC20

2022 – Countach

2022 – Huracán Sterrato

Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)