300 SL Gullwing que serviu de inspiração a Andy Warhol está a ser leiloado
O Mercedes-Benz 300 SL Gullwing escolhido por Andy Warhol é mais uma das originais e interessantes histórias do mundo da arte, sendo que esse mesmo 300 SL está agora disponível para venda.
Tal como a expressão de Albert Einstein, o rosto de Marilyn Monroe ou as latas de sopa, o Mercedes-Benz 300 SL Gullwing é um dos trabalhos que mais facilmente associamos às obras de Andy Warhol. Mas a história desta obra de arte começa muito mais cedo do que a obra propriamente dita.
A Car Series de Andy Warhol nunca teria existido se não fosse por Hans Meyer, o seu galerista, que sempre defendeu a ideia de uma marca tão grandiosa como a Mercedes-Benz deveria colaborar com este artista na criação de uma série de obras dedicadas a esse tema. A administração da Daimler-Benz não achou grande piada à ideia. Mas como nestes casos, segundo é defendido no meio, a arte tem de ser vista para poder ser apreciada. Desta forma, Mayer viajou até aos Estados Unidos para se encontrar com Warhol e entregou-lhe um enorme livro referenciado por diversos colecionadores e pessoas ligadas ao mundo automóvel, pela sua qualidade fotográfica e de impressão. Sugeriu ao artista que escolhesse um modelo e que fizesse uma das suas obras em jeito de exemplo.
A escolha recaiu precisamente no Mercedes-Benz 300 SL Gullwing, dando origem ao “aperitivo” desejado por Meyer, que rapidamente o fez chegar à administração da Daimler-Benz, que ficou rendida e encomendou de imediato uma série de 80 obras, baseadas em 20 dos seus modelos. Infelizmente, e devido a algumas complicações após uma cirurgia, Andy Warhol viria a falecer inesperada e prematuramente a 22 de fevereiro de 1987, fazendo com que a série “Cars” nunca tivesse sido concluída. Ainda assim, existem 49 obras (36 sobre tela e 13 desenhos), sendo que a do Gullwing, foi a que deu início a tudo isto.
Quanto ao 300 SL Gullwing propriamente dito, Andy Warhol nunca sequer o chegou a ver presencialmente, o que deixa a história ainda mais intrigante. Aliás, Warhol nunca sequer chegou a ter carta de condução. O modelo que viu nas imagens do tal livro (“Series Sports Cars from 1945-1980”, de Frank Oleski), é a unidade com o número de chassis a terminar em 00629. Conheceu o seu primeiro proprietário em Paris, em agosto de 1955 e contava com a carroçaria no quase obrigatório Silver Grey e com o habitáculo em couro azul. Mais tarde, em maio de 1981, acabou por emigrar para a Alemanha, recebendo a matrícula “EL-DR 1” e passando a fazer parte da coleção privada do Dr. Heinz Noeth, que o manteve até 2020, o ano em que foi adquirido pela Brabus para um meticuloso restauro que durou dois anos. Ao longo de mais de 4.500 horas de trabalho artesanal, este Gullwing recuperou o seu estado original até ao mais pequeno detalhe, sendo agora um dos melhores representantes da época e das 1.400 unidades deste modelo, que já chegou mesmo a see eleito o carro desportivo do século, em 1999.
Em junho deste ano, a obra de arte produzida por Andy Warhol (que pertence à coleção da Mercedes-Benz), esteve em exposição no museu da marca em Estugarda, juntamente com o modelo que esteve presente nas páginas do livro e que esteve nas mãos da Brabus ao longo dos últimos anos para o programa de restauro “6-Star”.
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