Hispano Suiza. 10 curiosidades de uma marca com 117 anos de história
A Hispano Suiza, empresa espanhola que ainda pertence à família que a criou, ressurgiu em 2019 com o lançamento do Carmen e do Carmen Boulogne, dois hipercarros com motorizações 100% elétricas.
A Hispano Suiza está de regresso com dois hipercarros elétricos, contudo, não se trata de uma start-up que aproveitou este tipo de motorizações para entrar no mundo automóvel, bem pelo contrário. De facto, a empresa espanhola já conta com 117 anos de história e ainda pertence à mesma família que a criou. Agora, para dar a conhecer um pouco da sua cultura, a Hispano Suiza lançou dez curiosidades que, segundos eles, são praticamente desconhecidas.
1 – Mais de 100 anos de história
A Hispano Suiza foi fundada a 14 de junho de 1904 por Damián Mateu, juntamente com Francisco Seix e o engenheiro suíço Marc Birkigt, que tinha trabalhado nas duas antecessoras da Hispano Suiza: a La Cuadra e a J. Castro. A experiência de Birkigt na indústria foi determinante para assentar as bases da empresa.
Em 1905, a Hispano Suiza criou o seu primeiro veículo, o Tipo Acorazado Sistema Birkigt, que montava um motor quatro cilindros com 20 cv de potência, alcançando os 87 km/h de velocidade máxima. Seguiu-se-lhe, um ano mais tarde, aquele que seria o primeiro automóvel com motor de seis cilindros construído em Espanha, um modelo com 75 cv de potência, que chegou a completar a rota Perpignan-Paris em 22 horas, proeza que recebeu grande atenção por parte dos meios de comunicação.
2 – Não fabricou apenas automóveis ao longo da sua história
Durante a I Guerra Mundial, a Hispano Suiza deixou de estar centrada na produção de automóveis para passar a fabricar motores de aviação. Foi um período de sucesso para a empresa, em que foi aplicada a sua experiência no fabrico e desenvolvimento de motores para automóveis um novo campo, que lhe proporcionou grandes benefícios.
Birkigt construiu um motor de avião que se baseava no dos automóveis de competição, seguindo o princípio de “comando direto”, com 8 cilindros em V e bloco em liga de alumínio, para reduzir o seu peso. A Hispano Suiza começou a receber inúmeros pedidos. Tantos, que teve que vender licenças a fabricantes de França, Reino Unido, EUA, Itália, Japão ou Rússia… No total, foram fabricados mais de 50 000 motores Hispano Suiza.
Os motores de aviação da Hispano Suiza também tiveram o seu lugar no mar. O mais espetacular, um 12 cilindros em V a 60° com 1300 cv de potência, foi montado numa série de lanchas de corridas, entre elas a chamada Aurora, construída em 1935. Birkigt colaborou na montagem desta embarcação, que foi leiloada há uns anos por uma cifra próxima de um milhão de euros.
3 – O rei Afonso XIII de Espanha: um apaixonado pela marca
O rei Afonso XIII de Espanha desempenhou um papel importante na primeira época da Hispano Suiza. O monarca era um grande aficionado do automóvel, e logo que descobriu a fiabilidade e as prestações do produto da Hispano Suiza, graças ao modelo de 20 cv, que teve a oportunidade de conduzir em 1905, ficou apaixonado pela marca.
Afonso XIII foi muito mais do que um apaixonado pelos ‘Hispano’: em 1910, tornou-se acionista de Hispano Suiza, e chegaria a deter 8% do total da empresa. O rei também teve um automóvel batizado em sua honra, um modelo desportivo, de dois lugares, animado por um de quatro cilindros em linha e 3619 cc, com 60 cv de potência, que conseguia alcançar os 120 km/h. Tratava-se do Hispano-Suiza T45, mais conhecido como Hispano Suiza Alfonso XIII.
4 – O automóvel da classe alta
Graças ao desempenho dos seus veículos, que combinavam velocidade com leveza e boas sensações ao volante; ao seu fabrico artesanal, com atenção ao detalhe; e à qualidade dos seus acabamentos, a Hispano Suiza colocou-se à altura de outras reputadas marcas já estabelecidas no mercado.
Além do rei Afonso XIII de Espanha, os veículos da marca espanhola foram escolhidos por aristocratas, intelectuais e os mais reputados artistas do mundo, como Gustavo V da Suécia, Carlos II da Roménia, Luís II do Mónaco, Pablo Picasso, André Citroën, Coco Chanel, René Lacoste, Paul McCartney ou Albert Einstein, ele mesmo.
A utilização de automóveis Hispano Suiza esteve sempre intimamente ligada a clientes com elevado poder de compra, um requintado gosto pelo luxo e uma paixão incalculável pelo automóvel. Hoje em dia, os Hispano Suiza clássicos são conservados com supremo cuidado em museus e coleções privadas de todo o mundo.
5 – Um Hispano Suiza como Bem de Interesse Cultural
O Hispano Suiza 30-40 HP foi um modelo importante na história da marca, desenvolvido por Birkigt enquanto substituto do 20-30 HP. De todas as que foram produzidas, há uma unidade muito especial, que foi adquirida pelo Marquês de Zayas e carroçada por Francisco Capella.
Este modelo utilizava madeiras nobres e materiais como marfim e prata. O volante estava montado à direita, como então era habitual, e contava com aplicações em mogno, puxadores de marfim, cristais biselados, cortinas automáticas, bancos com fino revestimento amortecido, perfumadores, jarras para flores e inúmeros pormenores que sublinham a elegância e a exclusividade de um Hispano Suiza feito sob medida.
O modelo, após o leilão dos automóveis do Marquês de Zayas, foi adquirido pelo Ministério do Interior, que o declarou Bem de Interesse Cultural em 1988, sendo o primeiro automóvel considerado como tal, o que o coloca no mesmo patamar de outros monumentos espanhóis. O veículo passou para a custódia da Direção Geral de Tráfego e encontra-se exposto no Museu da História do Automóvel, de Salamanca.
6 – A cegonha
O emblema da Hispano Suiza, a cegonha, é uma referência ao legado da empresa enquanto fabricante de motores de aviação. A marca decidiu adotá-lo em todos os seus modelos em honra a um piloto francês, Georges Guynemer, que fazia parte de uma bem-sucedida esquadrilha que exibia a cegonha nos seus aviões de combate, os quais, naturalmente, estavam equipados com motor Hispano Suiza.
Em 1919, a cegonha prateada acompanhou o novo Hispano Suiza H6B na sua apresentação no Salão Automóvel de Genebra e, desde então, tem sido parte importante de todos os modelos da marca, acompanhada das bandeiras de Espanha e da Suíça. Cem aos depois, a cegonha voltou a levantar voo na apresentação do Carmen, também em Ginebra.
7 – A origem do Carmen
Carmen é o nome que foi dado pela Hispano Suiza ao veículo com que a marca ressurgiu. Trata-se de um modelo que fez história: o tecnologicamente mais avançado jamais concebido, fabricado e desenvolvido em Espanha. A escolha do nome não foi um acaso: é uma homenagem a Carmen Mateu, neta de Damián Mateu – fundador da empresa – e mãe do atual presidente da Hispano Suiza, Miguel Suqué Mateu.
“O nome Carmen é uma homenagem à nossa mãe. Quando debatíamos que nome colocar ao veículo, surgiu a ideia de que fosse Carmen, e a família ficou encantada”, declarou Miguel Suqué Mateu. “Ela dizia-me sempre que queria voltar a ver um Hispano Suiza nas ruas, e estou certo de que, agora, estará orgulhosa disso mesmo. A assinatura que se encontra na parte traseira do veículo é a sua assinatura original”.
O ’apelido’ Boulogne, utilizado para a versão mais potente do Carmen, tão pouco é uma coincidência. É uma homenagem da empresa às vitórias alcançadas pelo Hispano Suiza H6 Coupé na Taça George Boillot, levada a cabo na localidade francesa de Boulogne há um século atrás.
8 – Um automóvel criado nas corridas
Os Hispano Suiza Carmen e Carmen Boulogne foram desenvolvidos nos circuitos de corridas. Para a criação deste modelo tão especial, apresentado mo Salão Automóvel de Genebra de 2019, a Hispano Suiza contou com o apoio da de QEV Technologies, empresa especializada na competição, que construiu o automóvel com que conquistou o primeiro título de pilotos da Fórmula E, o campeonato de monolugares elétricos.
Por este motivo, não é segredo que o Hispano Suiza Carmen conte com prestações de sonho, à altura das de um carro de corridas. Os seus 1019 cv de potência – 1114 cv na versão Boulogne –, e os seus menos de três segundos na aceleração 0- 100 km/h, tornam-no num dos automóveis de estrada mais potentes e velozes do mundo.
9 – Hispano Suiza tem um ex-piloto de F1 na sua equipa
Depois do processo de conceção e fabrico, a Hispano Suiza deixou o volante dos seus modelos nas mãos de um ex-piloto de Fórmula 1 como é Luis Pérez-Sala. O catalão ficou encarregue do desenvolvimento do modelo em circuito e em estrada, e trabalhou para garantir que o seleto grupo de proprietários dos novos Hispano Suiza se sentem como um verdadeiro piloto de corridas.
Além de Pérez Sala, também participou nos testes Pablo Suárez, um experiente piloto de ralis e ralicross das canárias, com formação de engenheiro de motorsport, e que foi testemunha, desde o início do processo de criação, desta autêntica obra de arte sobre rodas.
10 – A oportunidade de criar o automóvel dos seus sonhos
Cada Hispano Suiza Carmen é único. Não existem dois iguais no mundo. O cliente, graças ao programa Unique Tailormade da marca, acede a uma grande variedade de opções para criar o modelo com que sonhou toda a sua vida. Existem 1904 combinações possíveis para diferenciar o hiperdesportivo de qualquer outro que exista no planeta.
O cliente pode escolher entre três linhas de configuração, que refletem os principais valores do ADN da marca – Elegance, Heritage e Sport -, e, a partir dos mesmos, tem a opção de escolher diversas cores o materiais para o interior e o exterior do veículo, que lhe permitirão dar um toque pessoal ao design, e adaptá-lo aos seus gostos. A nomenclatura das cores foi definida com base na história da marca, sendo disso exemplo as tonalidades Peralada Green, Swiss Red, Xenia Grey, Birkigt White ou Begur Blue, entre outras.
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