Sabe qual é a diferença entre a gasolina simples e a gasolina aditivada?
A “vox populi” diz que há gasolina que estraga o motor e que a aditivada oferece mais potência ao motor. Mas, será que é mesmo assim?
Cada vez mais são as bombas de combustível que oferecem gasolina simples e aditivada, com os mais variados nomes e preços dispares: a primeira mais barata, a segunda mais cara. Na hora da escolha, sabe mesmo o que está a fazer?
A maior diferença entre as duas reside na octanagem, o que é importante no que toca á resistência do motor à detonação e à auto ignição, que é conhecido como “knocking”. Um motor a gasolina tem como princípio misturar combustível com ar, comprimir o mais possível, sendo essa mistura inflamada com uma faísca provocada por uma vela, seguindo-se a libertação dos resíduos pelo escape. O processo deve ser suave e controlado, porém, se há demasiada compressão, surge a tal detonação fora de ordem e o barulho que se escuta é a mesma coisa que deitar feijões secos para dentro de uma lata. Ou como um diesel.
Melhorar a performance pode ser obtida pela sobrealimentação ou pelo crescimento da taxa de compressão, ou ambos. Nos motores mais antigos o limite para evitar a detonação tinha de ser controlado pela forma da cabeça, pela injeção e até pela ignição, piorando a situação com a chegada dos turbos.
Foi um engenheiro da Saab, Per Gillibrand, que ganhou a alcunha de “Mr Turbo”, que criou o APC, ou controlo automático de desempenho. Como funciona? Simples: um microfone colocado no bloco funcionava como sensor de detonação e poderia regular a rotação e a pressão do turbo.
O tempo passou e hoje os sistemas são mais refinados, graças ao poder da computação, com processadores poderosíssimos que antecipam o efeito “knocking”. Num motor aspirado, atrasa-se a ignição em caso de ameaça de detonação, nos motores turbo trabalha-se a pressão e o tempo de ignição.
Ora, é aqui que a porca torce o rabo como diz o povo: se o seu carro não disser, explicitamente, que precisa de gasolina de 98 octanas, não permitindo usar a de 95 octanas, não vale a pena gastar dinheiro na gasolina aditivada ou com 98 octanas! Caso isso não suceda, a possibilidade de um motor ser danificado por uma gasolina simples é quase nulo. Somente os carros desportivos com motores de elevado rendimento precisam de mais octanagem, pois os engenheiros que fazem estes motores querem aproveitar a possibilidade de aumentar a pressão de gasolina (um dos fatores que permite aumentar a potência) que a maior octanagem oferece.
A detonação ou o “knocking” pode, em casos extremos, danificar um motor, particularmente num motor de elevado rendimento. Num motor normal, isso dificilmente acontece e menos ainda se optar pela gasolina simples. Portanto, fique descansado e não mande euros pela janela ao escolher as gasolinas aditivas ou com maior octanagem.
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