Os 70 anos de história da Seat contada em 16 carros especiais
São 16 os automóveis que ao longo de 70 anos de vida da Seat contam a história de inovação da casa espanhola.
O ano de 2020 já não será olímpico devido à pandemia de Covid-19, mas marca o 70º aniversário da Seat e por isso mesmo vamos revisitar 16 carros muito especiais que contam a história da casa de Martorell.
Em 1956, com base no primeiro modelo Seat foi desenvolvido o Seat 1400 Visitas. O nome diz tudo: sem portas, sem teto, o 1400 Visitas era ideal para transportes de visitantes pela fábrica. Foi fabricado pelos mesmos 1400 colaboradores e, em 2005, quando foi restaurado pela “fusão” das duas unidades manufaturadas numa só, foi também feito por antigos funcionários da Seat reformados.
Teve de se esperar até 1964 para que outro ícone, o SEAT 600, fosse usado como carro das autoridades. Foi este o carro que serviu de base para o Seat Savio. A empresa italiana “Carrozzeria Savio” criou o estilo Pietro Frua. Que era um monovolume com três filas de bancos, com uma distância entre eixos de apenas 2 metros, para se poder manobrar facilmente ao lado das linhas de montagem. O teto envidraçado permitiu visibilidade, mas a pedido da Seat, Savio tornou-o ainda mais exclusivo: o teto poderia ser removido, tornando-o numa carrinha descapotável.
A mesma procura pela agilidade foi a razão pela qual a Seat recebeu um pedido muito especial por ocasião da visita de João Paulo II. Um veículo menos aparatoso do que o Papa-móvel era necessário para a visita do pontífice a Espanha em 1982. A razão pode ser encontrada no facto de o carro oficial não caber na entrada dos principais recintos, nos estádios do Real Madrid C.F. e do F. C. Barcelona. Em contra relógio, trabalhando 24 horas por dia, os colaboradores da fábrica na Zona Franca fizeram a partie de um Panda o Seat Panda “Papamóvil”.
Totalmente branco, não tinha tejadilho nem vidros, mas uma estrutura tubular acolchoada na parte de trás onde o Santo Padre se podia agarrar para saudar de pé os fiéis. Como não era blindado, só foi usado dentro dos estádios por razões de segurança.
Também encomendado por um Chefe de Estado, a Seat transformou um Ibiza em 1986, para ser oferecido ao Rei de Espanha, Felipe VI, quando atingiu a maioridade. O carro chamava-se, apropriadamente, Seat Ibiza Rey. Com base no SXI (que só chegaria em 1987) tinha motor de injeção de 100CV, sistema de travagem duplo em X com discos ventilados, além de um volante especial, bancos Recaro e ar condicionado. Destacava-se pela cor dourada e pelos alargamentos traseiros.
Para celebrar a obra de caridade “Pies Descalzos” criada por Shakira para as crianças deslocadas na América Latina, a Seat construiu o Seat Leon Cupra “Pies descalzos”. Autografado no capô, o carro também era conhecido como Seat Leon Shakira, uma vez que foi decorado ao gosto da artista, em lilás, tanto no interior como no exterior. Uma das duas unidades produzidas permaneceu na Coleção Seat Históricos, a outra foi sorteada entre os doadores da fundação. O vencedor foi um estudante que colaborou com 1 euro através de uma SMS!
Antes do Seat Ibiza atingir o seu primeiro milhão de unidades produzidas, a casa espanhola já tinha ultrapassado outros marcos relacionados com esse valor. Após 16 anos a fazer automóveis, tinha saído da linha de montagem o Seat “Um Milhão”, um Seat 124, conduzido pelo então Ministro da Indústria. Sorteou-se entre os trabalhadores, mas o agraciado não tinha carta de condução e tinha acabado de casar. Preferiu devolver o carro à Seat em troca do preço equivalente…
Desde 1975 que a Seat estava a desenvolver os seus carros no Centro Técnico. Em 1982, o Seat Ronda foi introduzido, baseado no Seat Ritmo desenvolvido em conjunto com Rayton Fissore. A Seat estava pronta para iniciar o caminho para transformar a Espanha numa potência exportadora de automóveis, abrindo concessões na Europa. No entanto, este modelo recebeu um processo de plágio. Como convencer um tribunal com centenas de detalhes técnicos? Um Seat Ronda de cor preta, mas com os seus próprios elementos pintados a amarelo, convenceu o tribunal que o Seat Ronda era um Seat. Este Seat Ronda “Tribunal de Paris” nunca precisou de ser matriculado para se tornar um pilar fundamental da história da Seat, conseguindo a total independência do grupo Fiat, o construtor que levou a tribunal a casa espanhola e o Ronda.
Destacando o marco relacionado com o desportivismo, para além dos 124 do rali de Monte Carlo, olhamos para 2014 e para o Seat Leon Cupra SC 280 “record Nürburgring”. Pela primeira vez, um carro de série com tração dianteira baixou de 8 minutos (7:58.44), com Jordi Gené ao volante durante uma sessão de afinação com uma unidade camuflada, equipada com especificações Performance Pack.
Um dos carros que é inevitável falar é o Seat Ibiza “bimotor”, nascido em 1986. AO volante estava José María Serviá que acabou por surpreender no campeonato de ralis de terra espanhol com um Seat Ibiza 4×4.
A solução encontrada foi colocar um motor de Ibiza em cada eixo, cada um com a sua própria caixa de velocidades. Chamaram-lhe 1.5×1.5 (pela cilindrada dos seus motores), e chegou a ter quase 300 cavalos e conseguiu resultados muito interessantes. O mais radical Seat, o Ateca “Mattracks”, foi criado para uma apresentação à imprensa em 2017, o Seat Ateca Snow Experience. Com lagartas produzidas pela Mattracks no lugar das habituais rodas, sobre-elevado, tinha como local de eleição a neve, porém, estava homologado para ser usado em estrada.
Outro destaque da Seat foram as tentativas de ter cabriolets na sua gana e o Seat Ibiza teve inúmeras propostas, que nunca passaram para a produção em série. O Ibiza Cabrio estava baseado na primeira geração do Ibiza, não tinha arco de proteção e foi feito pela Ital Design. O Seat Ibiza Cupster – com uma viseira em vez de para-brisas – nunca esteve perto da produção e a verdade é que o Seat 850 Spyder de 1969 nunca teve sucessor.
Conceito mais simples do protótipo Seat Marbella Pick Up, o Marbella Playa, não chegou à produção. Porém, a mais inovadora criação da Seat é um carro embrulhado em folha que lembra os “trencadís”, o mosaico decorativo com o qual Gaudí destacou a arte de reutilização de azulejos partidos. O Seat Leon Trencadís é uma camuflagem artística, aplicada durante a fase final de desenvolvimento da quarta geração do Seat Leon.
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