Automóveis autónomos, afinal, podem não salvar tantas vidas como se pensava
A ideia do automóvel sem condutor germinava na cabeça de muitos e recentemente foi destaque quando as tecnológicas se lançaram na pesquisa de soluções viáveis. Uma das vantagens era a diminuição drástica dos acidentes.
A verdade é que rapidamente as tecnológicas arrepiaram caminho perante os monstruosos custos de desenvolvimento, tomando os construtores a liderança na pesquisa e desenvolvimento da tecnologia. Milhares de milhões de euros têm sido gastos, alguns construtores, perante as dificuldades enfrentadas nas contas anuais e na quebra de vendas, colocaram tudo em pausa e agora sabe-se que, afinal, as coisas não são assim tão benéficas como isso.
Segundo um estudo da IIHS (Insurance Institute for Highway Safety), agência norte americana para a segurança rodoviária, sugere que os veículos autónomos só poderão prevenir cerca de um terço dos acidentes.
O que parece uma incongruência dado que 9 em cada 10 acidentes envolvem erro humano. Porém, segundo as conclusões da IIHS, é a falha final na cadeia de eventos que provoca os acidentes. Ou seja, eliminar o fator humano não pode, de forma milagrosa, prever todos os acidentes.
A análise dos americanos diz que os veículos autónomos só vão ser capazes de evitar um terço dos acidentes porque “têm maior perceção que os condutores humanos e não são vulneráveis á distração ou à incapacidade.” Mas, para eliminar todos os acidentes, segundo a IIHS, os automóveis autónomos teriam de ser todos radicalmente reprogramados para dar prioridade à segurança face á velocidade e utilidade.
A IIHS olhou para 5 mil acidentes que foram reportados pela polícia e tiveram presença de serviços de emergência médica e onde pelo menos um veículo saiu de reboque da cena do acidente. Ou seja, olharam para acidentes muito graves.
A conclusão a que chegaram é que alguns acidentes são impossíveis de evitar, como os que são causados por falha mecânica. Descobriram, também, que acidentes causados exclusivamente por situações como baixa visibilidade ou distração do condutor, foram apenas 24% dos acidentes analisados. Incapacidade causada por problemas de saúde, drogas, álcool ou adormecer ao volante, foi responsável por mais 10% dos acidentes.
Por outro lado, a IIHS acredita que 34% dos acidentes analisados poderiam ter sido evitados, mas só se todos os veículos na estrada fossem autónomos e todos os sistemas e sensores funcionarem de forma perfeita.
Todos os outros, a IIHS diz que aconteceriam seja em que veículo fosse, a não ser que os veículos autónomos fossem programados para antecipar decisões, tal como viajar demasiado depressa ou assumir, de forma errada, qual a atitude que os outros utentes da estrada vão ter.
Para isso, a IIHS lembra o acidente de um veículo de testes da Uber em 2018. Em primeiro lugar, o veículo teve dificuldade em identificar o peão que acabou por atropelar. Depois, não conseguiu antecipar que Elaine Herzberg, assim se chamava a vítima, ou antecipar o facto de ela querer atravessar a estrada.
Portanto, um acidente como esse só poderia ser evitado se o conceito priorizasse a segurança sobre todos os outros conceitos. Para isso, os veículos autónomos teriam de ter uma velocidade muito reduzida nas zonas mais congestionadas de pessoas.
Portanto, a solução para acabar com os acidentes não reside nos automóveis autónomos e isso poderá ajudar alguns construtores, em sérias dificuldades devido aos pornográficos custos da mobilidade elétrica, a colocar de lado os carros sem condutor. Até porque, quer se queira quer não, os carros evoluem muito, mas as estradas são as mesmas de sempre e já cá estão há séculos!
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