E se a Ford decidisse abandonar o mercado europeu?
É verdade que o patrão da Ford Motor Company disse em janeiro que o plano de reestruturação, reforçando Jim Hackett que a Europa faz parte desse plano.
Porém, tudo isto aconteceu antes da pandemia de Covid-19 e os homens da casa da oval azul podem olhar para o lado e perceber como a General Motors se livrou, há três anos, da Opel e da Vauhxall vendendo uma operação que durante 17 anos consecutivos (!) deu um prejuízo acumulado de 18,5 mil milhões de euros. Venda que veio dar mais lustro as capacidades de Carlos Tavares, pois o português, ao leme da PSA, colocou a operação antes deficitária novamente nos lucros em pouco tempo.
Para já, a Ford quer reestruturar a operação europeia, despedindo 12 mil dos 51 mil colaboradores, a maioria redundante, fechando fábricas e mudando a gama com o fim de modelos pouco rentáveis e aposta forte nos SUV.
A pandemia atingiu duramente a Ford, que registou um prejuízo operacional de 562 milhões de euros no primeiro trimestre, mas deverá chegar a 4,5 mil milhões no segundo trimestre. Por isso, a casa da oval azul anda a rapar os bolsos adiando lançamentos, travando o desenvolvimento da condução autónoma e cancelando a “joint venture” entre a Lincoln (a marca de luxo da Ford) e a Rivian para uma berlina de topo elétrica e mais algumas medidas para reduzir a despesa e aumentar o dinheiro guardado no banco.
Se a hemorragia continuar, acredita-se que Jim Hackett olhe para a operação europeia com outros olhos e poder fechar a sua operação no Velho Continente. E como é que isso se fará?
O acordo que a Ford fez o grupo VW para o desenvolvimento de veículos comerciais na Europa levantou algumas sobrancelhas. Porque razão a Ford faz um acordo numa área onde tem tradições, é forte e é a única divisão onde a casa da oval azul consegue ganhar dinheiro? Uma hipotética saída do Velho Continente pode ter aqui uma porta, via grupo VW, mas esta será apenas uma questão de sustentabilidade e tentar encontrar o delicado equilíbrio entre dificuldades a breve prazo ou ganhos a longo prazo.
Para já, como referimos acima, a Ford entende que tomou as medidas necessárias para sobreviver no curto prazo e conhecer o sucesso na Europa. E acredita-se que carros como o Puma, quem o conhece diz ser um excelente carro, podem ser a charneira de viragem nos crónicos resultados negativos da divisão Europeia.
Convirá recordar que a situação da Ford Europa não é a mesma da Opel/Vauhxall debaixo da batuta da General Motors. Apesar dos resultados menos simpáticos, a operação da Ford no Velho Continente é bem mais sólida do que alguma vez foi a da General Motors, nem passou pela bancarrota que experimentou a GM. Pontos de contacto, uma gama semelhante, exposição ao Brexit e aposta muito forte nos mercados norte americano (EUA, Mexico e Canadá) que liberta poucos recursos para os restantes mercados.
Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)
0 comentários