Nissan com 5,6 mil milhões de euros de prejuízo em 2019, confirma corte de custos de 2,5 mil milhões de euros
A Nissan acaba de revelar os resultados financeiros do ano fiscal de 2019 (fechado em março de 2020) que registam um prejuízo colossal que forçou a casa japonesa a rigoroso plano de emagrecimento.
Os mais de 5,6 mil milhões de euros (671 mil milhões de ienes) de prejuízo registados no ano fiscal de 2019, é o pior resultado apurado nas últimas duas décadas, com a Nissan a registar, pela primeira vez em 11 anos, um resultado operacional negativo, de 342 milhões de euros (40,5 biliões de ienes). A situação é complicada e com a pandemia de Covid-19 ainda à solta no Mundo, a Nissan não pôde revelar nenhuma previsão sobre o ano fiscal de 2020 que começou no mês de março.
Porém, revelou os detalhes do plano a quatro anos da Nissan para a recuperação, que incluem medidas drásticas e duras para recuperar o equilíbrio e o regresso aos lucros operacionais. O plano “Nissan Next 20 – 23” corta no marketing, na pesquisa e desenvolvimento e em outras áreas, nomeadamente, corte de volume de produção, rejuvenescimento da gama, fecho de fábricas – a de Barcelona vai ser fechada com a perda de 2800 postos de trabalho, bem como a unidade da Indonésia, deixando Sunderland como plataforma europeia e mantendo a Tailândia como base para a zona de comércio livre asiática (ASEAN) – e concentração em mercados rentáveis para a Nissan como os EUA, China e o mercado interno no Japão. Ficou claro que a Nissan vai sair do mercado da Coreia do Sul e vai acabar com a operação da Datsun da Rússia.
Makoto Uchida, o CEO da Nissan, reconheceu os erros do passado e admitiu que as flutuações da cotação da moeda japonesa e as vendas em recuo devido a uma gama envelhecida, são fatores negativos. Por isso mesmo a redução do produto disponível ao longo dos três próximos anos o corte de produção é de 20% para 5,4 milhões de unidades ao longo de três anos e o produto também encolherá 20%, de 69 propostas para 55 modelos. A fábrica de Sunderland ficará ativa para cumprir o sistema “leader – follower”, nivelar a Aliança e manter uma operação consistente na Europa.
A Nissan vai realocar os seus recursos para desenvolver modelos competitivos, focando-se no segmento C (Qashqai) e D (X-Trail) e nos modelos elétricos. Vai reduzir o ciclo de renovação dos produtos para que a idade média da gama Nissan fique nos 4 anos.
A Nissan segue, assim, as iniciativas da Aliança Renault Nissan Mitsubishi de foco no controlo dos custos, regresso aos lucros e lidar com o colapso das vendas devido à pandemia de Covid-19.
Analisando o relatório do ano fiscal de 2019, a Nissan perdeu 15% do volume de negócios para 9,9 triliões de ienes (84 mil milhões de euros) e viu o seu valor bolsista encolher 29%, registando uma performance pior que a de Toyota e da Honda. Contas feitas, a Nissan vendeu 4,93 milhões de unidades (5,52 milhões em 2018), com desaceleração na Europa e nos EUA.
Apesar de “cash flow” negativo devido a aprovisionamentos e outras dificuldades, o diretor financeiro, Stephen Ma, lembrou que a Nissan tem uma liquidez robusta. Segundo aquele responsável, “temos a liquidez suficiente para avançar no meio deste desafiador ambiente provocado pela pandemia de Covid-19”. A Nissan, segundo Stephen Ma, tem 12,7 mil milhões de euros (1.5 triliões de ienes) em dinheiro e acesso a linhas de crédito ainda não utilizadas no valor de 10,9 mil milhões de euros (1,3 triliões de ienes).
A Nissan continua comprometida com a mobilidade elétrica e com a condução autónoma, acreditando que em 2023 as suas vendas serão de veículos eletrificados, com destaque para o sistema e-Power. Na China a Nissan quer aumentar a quota de mercado nos produtos elétricos, enquanto nos EUA vão ter de trabalhar muito para recuperar uma imagem de marca algo maltratada nos últimos anos.
A Europa manter-se-á como um mercado importante, mas com condições difíceis e um ambiente demasiado competitivo, a Nissan vai focar-se nos crossover e nos SUV, expandindo a sua gama elétrica, fazendo melhor uso da sua relação com a Renault. Ou seja, modelos como o Micra podem desaparecer, embora Makoto Uchida ou Ashwani Gupta, se tenham escusado a falar sobre esse assunto.
A eletrificação será decisiva para a Nissan, embora mantenha o ADN da marca japonesa apoiado em três pilares: paixão inovação e desafio. A Nissan vai lançar 8 novos modelos totalmente elétricos, globais, até 2023 e vai levar o e-Power para outras regiões como a Europa. O objetivo é vender 1 milhão de unidades eletrificadas em 2023 e mais de 1,5 milhões de unidades com o sistema ProPilot nessa mesma data. Nos objetivos financeiros, a Nissan quer obter uma margem de lucro operacional de 5% daqui a 3 anos e uma quota de mercado global de 6% em 2023.
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