Carlos e Carole Ghosn dão entrevista em Beirute e arrasam Japão e a Nissan
Finalmente estão juntos em Beirute, caminham juntos de mãos dadas pelas ruas de Beirute e deram uma entrevista à Reuters onde não pouparam nas palavras.
“Para mim, o Japão acabou!” diz Carole Ghosn quando lhe perguntam sobre o país do Sol Nascente. Recordamos que há duas semanas, Carlos Ghosn fugiu do Japão de forma dramática dentro de uma caixa de instrumento musical, escapando ao julgamento que o esperava e que Ghosn desconfiava não lhe ser favorável, devido á acusação de quebra de confiança e apropriação indevida de fundos da Nissan, algo que ele nega de forma veemente.
Quando Ghosn apareceu em Beirute, imediatamente o Japão lançou um pedido de captura para Carole Ghosn, acusando-a de alegado perjúrio relacionado com as acusações de apropriação indevida de recursos da Nissan.
“As acusações que me fazem é uma anedota” diz a esposa de Carlos Ghosn, nascida no Libano e com cidadania libanesa e norte americana, em 1966, pertencente a uma família abastada do Líbano e mãe de três filhos de um casamento anterior com um financeiro que vivia entre com ela entre Nova Iorque e Beirute. Passa muito do seu tempo nos Estados Unidos onde foi “designer” de moda, tem uma licenciatura em ciências políticas e foi em Nova York que conheceu Carlos Ghosn.
“Testemunhei horas a fio, disseram-me que estava livre para me ir embora, e agora, nove meses depois… aparece isto! São vingativos (os japoneses ndr)! Isto não tem nada a ver com leis” disse sem papas na língua Carole Ghosn. E o seu marido foi mais longe dizendo que “passei 18 anos no Japão e nunca suspeitei desta brutalidade, desta falta de honestidade e desta falta de empatia.”
O casal Ghosn confessou que a ideia de fugir do Japão para o Líbano desenvolveu-se rapidamente dentro de um muito restrito grupo de pessoas, teve um “preço razoável”, referiu Carlos Ghosn que adiantou ainda que “a primeira regra para se fazer alguma coisa como esta é que nenhum membro da família saiba, pois torna-se ansiosa e pode estragar os planos.” E isso acabou confirmado por Carole Ghosn que quando lhe perguntaram se, caso soubesse da ideia de fugir do Japão, tentaria dissuadi-lo, respondeu de forma veemente “sim!!”
Porém, olhou para o marido, fez uma pausa, pensou e disparou “Não. Quer dizer, deixe-me refazer a resposta. Se me tivesse dito que queria fugir logo no início do processo, tentaria tudo para que não o fizesse. Preferia que lutasse e provasse a sua inocência. Mas, com o tempo e com tudo o que aconteceu e a forma como os procuradores se comportaram, comecei a pensar ‘Oh meu Deus! o meu marido nunca vai ter um julgamento justo” e aí entrei em desespero. Por isso, hoje, estou feliz eu to tenha feito.”
O Japão, pelo seu ministro da Justiça, já considerou a fuga de Ghosn um crime e a chegada do brasileiro ao Líbano – onde cresceu antes de seguir para França – pode criar atritos entre os dois países. Recordamos que Beirute não tem acordo de extradição com o Japão, mas Carlos Ghosn já percebeu que a sua presença pode gerar algum mau estar entre os dois países, particularmente numa altura em que a economia libanesa está frágil. Seja como for, o Líbano já comunicou que Ghosn está proibido de sair do país.
Talvez por isso, o casal Ghosn tenta focar a sua narrativa na questão dos direitos humanos, batendo muito na tecla do tratamento desumano como foi tratado depois da sua prisão em 2018. O executivo brasileiro refere que esteve preso em isolamento com limitado acesso aos seus advogados e, sendo esta a sua maior queixa, proibiram-no de falar com a sua mulher. Recordamos que Carole e Carlos estavam casados há dois anos (é o segundo casamento para ambos) quando o brasileiro foi preso. “Só falei com ela duas vezes em 9 meses. Não é desumano?!”
Ghosn acredita que tudo foi feito “para me quebrarem. Colocaram-me numa situação em que a vida era miserável, tudo para me levarem a confessar o que não é verdade!” No Japão, Masako Mori, ministro da justiça nipónico disse que estas acusações são “absolutamente intoleráveis!”
Carole Ghosn contou, nesta entrevista à Reuters, que tentou a ajuda da “Human Rights Watch”, contratou um famoso advogado especialista em direitos humanos em Paris, apelou diretamente a Donald Trump e a Emmanuel Macron. Mas nada resultou. Já Carlos Ghosn disse que “pretendia me manter no Japão e apostar tudo na sua defesa em julgamento, mas no dia de Natal percebi que estes casos podem durar mais de cinco anos É muito tempo!”
No meio de tudo isto, há alguns arrependimentos: Carole Ghosn arrepende-se de ter feito a festa do seu 50º aniversario como tema século 17, em Versailles, exatamente a festa que está na investigação em França, para perceber se o local da festa foi obtido de forma legal. “Foi uma festa maravilhosa e agora passou a ser uma arma de arremesso. Olhando para trás, reconheço que foi um erro. Nunca a deveria ter feito!”
Ambos dizem que podem ficar toda a sua vida no Líbano, pois sentem-se bem, até porque regressar ao Japão “Nunca!!!” disseram os dois.
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