Terá a Nissan um plano secreto para acelerar a separação da Renault?
O jornal “FInancial Times” noticia o nascimento de um plano de contingência da Nissan, que prevê o divórcio entre japoneses e franceses, citando fontes próximas do assunto.
Carlos Ghosn foi preso, fez uma escapada hollywoodesca do Japão e está asilado em Beirute, com o governo do Líbano a protege-lo e a impedi-lo de sair do país, e deu uma entrevista onde disse… tudo! “O que vemos hoje entre a Renault e a Nissan é uma encenação de uma aliança que, obviamente, com as pessoas que estão envolvidas não vai a lado nenhum!” O brasileiro com cidadania francesa e libanesa prometeu mandar a lama contra a ventoinha e, pelo visto, sabe bem do que está a falar.
Segundo as fontes do “Financial Times”, os executivos da Nissan estão a desenhar um plano de contingência onde figura a possibilidade de negociarem a separação total das duas empresas no que toca á engenharia e á produção. Ainda de acordo com as mesmas fontes, este plano estava a ser desenhado há algum tempo e conheceu aceleração depois da prisão de Ghosn no Japão.
Apesar dos esforços feitos dos dois lados da barricada para melhorar a relação entre Paris e Tóquio, as muitas mudanças no conselho de administração da Nissan tiveram como objetivo desenhar o fim da Aliança. E as fontes citadas pelo “Financial Times” dizem, claramente, que há algum tempo que as relações chegaram a um patamar de quase impossibilidade de conversações.
Ora, a Aliança Renault Nissan Mitsubishi produz, grosso modo, 10 milhões de veículos, sendo o terceiro maior grupo mundial. Uma separação seria complicada para ambas, pois haveria a necessidade de encontrar novos parceiros, pois tanto a Renault como a Nissan, sozinhas, valem muito menos. Além disso, os cada vez maiores custos de pesquisa e desenvolvimento para a mobilidade elétrica, autónoma e digitalizada, obrigam a maior músculo financeiro e maior escala, que sozinhos não possuem.
Depois, a quebra da aliança dar-se-ia no pior momento: depois de rejeitar a FCA com os olhos postos na recuperação da Aliança, a Renault vê, agora, a PSA a juntar-se aos italo-americanos, o grupo VW a recuperar a olhos vistos e a Ford também a conhecer lucrativas parcerias com outros construtores.
A Renault colocou Jean-Dominique Senard, o presidente, a tratar de vários projetos com o novo CEO da Nissan, Makoto Uchida. Mas isso, infelizmente, segundo algumas fontes internas da Nissan, não significa muito já que no tempo de Ghosn, uma das grandes causas para choques entre as duas empresas residia na produtividade e na forma como os departamentos de engenharia e produção.
Caso a separação seja confirmada, será o final de uma cooperação de duas décadas de uma forma pouco digna com um ex-CEO a deixar acusações aos executivos da Nissan. Segundo Ghosn, foram eles que armaram o esquema que o “apanhou” com o objetivo de evitar a fusão entre a Renault e a Nissan. Não há comentários de ambos os lados.
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