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Primeiro ensaio VW Golf 1.5 eTSI: apesar de tudo, continua o melhor!

By on 13 Dezembro, 2019

O sucesso da Volkswagen anda de mãos dadas com o Golf e após

oito gerações, a casa de Wolfsburg voltou a elevar a fasquia no segmento.

Tudo começou em 1974 quando a necessidade de substituir o

velhinho Carocha empurrou a Volkswagen para uma mudança radical: o motor

refrigerado a ar deu lugar a um bloco convencional refrigerado por líquido, a

tração passou a ser feita às rodas da frente. Mantiveram-se as duas portas, mas

rapidamente ganhou uma variante de cinco portas. Ou seja, tudo começou com um

carro simples, desenhado por Giugiaro, que, muito provavelmente, ninguém

acreditava que chegasse a esta oitava geração. Porém, mais de 35 milhões de

unidades depois o Golf é o carro mais vendido da Volkswagen e está entre os

três carros mais vendidos de sempre.

Esta é a razão para a Volkswagen encarar, seriamente, cada

geração do Golf com uma abordagem mais sensata e, sobretudo, preservando o que

fazia do carro um sucesso, melhorando a cada passo aquilo que envelhecia,

perdia atualidade ou deixava de fazer sentido. Só assim é que a Volkswagen

conseguiu manter o Golf acima da espuma de um segmento muito agitado e

concorrencial sem nunca ter tido a necessidade de alterar o carro de forma

radical, como todos os seus concorrentes fizeram ao longo destes quarenta e

cinco anos.

Uma atualização sem revolução

Não espanta, assim, que a oitava geração do Golf seja mais

uma atualização do que um carro novo. A base e a mesma, ou seja, a plataforma é

a MQB da oitava geração, melhorada no que toca à rigidez e sem mais nenhuma

alteração seja ela estrutural ou outra. As dimensões desta oitava geração são

ligeiramente diferentes face à anterior: 29 mm mais no comprimento, 10 mm mais

largo e 4 mm mais alto. A distância entre eixos, claro, ficou na mesma, mas a

eficiência aerodinâmica melhorou (coeficiente de arrasto de 0.27 contra 0,30 do

anterior). A oitava geração do Golf deixa de oferecer a versão de três portas.

Uma medida economicista como muitas outras que são percetíveis, por exemplo, no

capô motor que deixou de ter amortecedores e está pintado de preto ao invés de

ser da cor da carroçaria, alguns plásticos escondidos em zonas pouco acessíveis

e mais uma ou outra coisa que deixa claro que os tempos são de apertar o cinto

de forma vigorosa. E a necessidade de apostar, tudo, na melhoria tecnológica e

na digitalização forçou esta situação.

No que toca ao estilo, uma vez mais, a evolução é palavra de

ordem. Mas o carro ganhou personalidade, nomeadamente, com a frente baixa e

onde estão os faróis LED com um desenho que foge aos cânones da Volkswagen e do

Golf, sendo, na minha opinião, a parte menos consensual do carro. A minha

opinião? O carro fica com uma assinatura própria, não sendo, claro, uma solução

que vá ganhar prémios de beleza. Mas, pelo menos, é diferente e o resto do

carro acaba por perder protagonismo, nomeadamente, a linha de cintura que corre

dos faróis aos farolins, dando maior músculo ao aspeto geral do carro.

Para os que gostam de coisas mais tecnológicas, a VW propõe

o pacote opcional IQ Light. Este pacote de luzes inclui o controlo automático

dos máximos, farolins LED que desenham um grafismo e os indicadores de mudança

de direção ativos.

Para não chocar de frente com a gama ID elétrica, o Golf não

terá uma versão puramente elétrica. Não podendo fugir à eletrificação do Golf,

mas emparedada pelo ID.3, a Volkswagen deitou mão à hibridização suave com

tecnologia de 48 volts, deixando para mais tarde a versão Plug In, que não será

nova, mas totalmente revista e terá dois níveis de potência.

As unidades “mild hybrid” têm como base o bloco 1.0 litros

com três cilindros e 90 CV e o motor 1.5 litros com 130 ou 150 CV. Todos, diz a

VW, são capazes de economizar 10’% de combustível face aos motores

convencionais.

Afinal, o que vale esta oitava geração do Golf?

Primeiro tenho de lhe dizer que se no exterior e por baixo

do manto, as coisas ficaram praticamente na mesma, no interior há uma enorme

revolução. Chama-se Innovision o novo interior que abraça numa só peça o ecrã

digital que faz de painel de instrumentos (com 10,3 polegadas) e o ecrã que

funciona como base do sistema de info entretenimento e não só que pode ter 8,25

ou 10 polegadas, consoante a versão. Se olhar para as fotos, verá que a

Volkswagen rompeu com os relativamente clássicos e sombrios interiores das

anteriores gerações do modelo. Mas esta é uma mudança mais radical que tem um

objetivo claro: os clientes mais jovens. Na frente do condutor está um novo

volante multifunções e tudo isto, mais o desenho do tabliê, tornam o ambiente

interior do Golf muito diferente do que tinha sido norma.

A consola central é mais larga, os poucos comandos com

botões estão mais perto do condutor e nos carros com caixa DSG o comando da

caixa deixou de ser uma alavanca proeminente, para albergar um pequeno comando

integrado com o botão de arranque e o botão do travão de mão elétrico. E como

disse acima, há poucos botões físicos, substituídos por pequenos painéis

sensíveis ao toque, tal como num smartphone. São controlados assim a

climatização, controlo do volume de som do sistema áudio e o controlo por voz,

ainda em inglês, que se liga dizendo “Hello Volkswagen”. Tudo muito bonito, mas

o controlo por voz exige um inglês quase perfeito e os comandos sensíveis ao

toque não funcionam lá muito bem.

Algo que também não mudou é a qualidade percecionada e real,

muito elevada. É verdade que há muito plástico duro e, como já disse acima, há

alguns plásticos de menor valia escondidos, mas a verdade é que o carro está

muito bem construído, de forma sólida, ficando a resposta sobre a qualidade dos

materiais daqui a alguns anos. E a moldura central que alberga os dois ecrãs

causa impacto e ofusca toda e qualquer falha que possa saltar à vista. O Golf

oferece, pela primeira vez, um “head up display”, devo dizer, de excelente

qualidade.

Tecnologia e digitalização a rodos

O novo Golf está equipado com a terceira geração do sistema

de info entretinimento da VW, o MIB, que está ligado à internet de forma

permanente graças a um cartão eSIM, autorizando, assim, sistema de navegação

com informação de trânsito em tempo real e músicas em “streaming”, entre outras

funções possíveis de serem feitas online. Outra novidade é o Travel Assist. Um

sistema que combina o cruise control adaptativo e o sistema de manutenção do

carro na faixa de rodagem, para permitir a função de “condução sem mãos

assistida” até 210 km/h.

A tecnologia embarcada no Golf não deixa de impressionar.

Outro exemplo é a disponibilidade da tecnologia Car2X (carro para,

virtualmente, qualquer coisa) que está baseada na norma da União Europeia e que

usa informação gerada por outros veículos e pelas infraestruturas rodoviárias.

Assim, eviram-se os acidentes nos finais das filas de trânsito e outras

situações potenciadoras de acidentes.

E como é na estrada o novo Golf?

Das poucas coisas que não mudou no interior do Golf foi a

sensação atrás do volante: continuamos a estar muito bem sentados em bancos que

possuem, como sempre, bom apoio lateral e a relação entre volante, pedais e

banco é excelente. Claro, tudo com amplos ajustes, seja no volante, seja no

banco.

Como sempre, o Golf apresenta-se refinado, com um pisar

seguro e suave, equilibrado e preciso, com uma direção mais direta com o carro a

mostrar-se mais ágil e direto. E o que é curioso é que a VW “vendeu-nos” a

ideia que tudo por baixo é novo, quando na realidade não é essa e os modelos de

entrada na gama continuam a ter um eixo traseiro de torção, enquanto os mais

potentes, como o 1.5 eTSI, exibe um eixo traseiro multibraços. Todos utilizam

molas e amortecedores passivos, mas a VW oferece o DCC (Dynamic Chassis

Control) que inclui amortecedores com variação contínua do amortecimento, quer

depois se encaixam nos quatro modos de condução: Eco, Comfort, Sport e

Individual. A direção pode ter assistência variável ou fixa, sendo que a

primeira se mostra com o peso correto, precisão fantástica que mantém a

trajetória escolhida pelo condutor.

O Golf é um regalo para conduzir, devagar ou depressa.

Ajudado pela direção e pelo chassis, o carro consegue mudar de direção com

agilidade, controla bem os movimentos da carroçaria sejam verticais ou laterais.

E posso garantir que nas estradas em redor do Douro, desafiamos o melhor do

Golf!

Esta nova geração do Golf é um nadinha mais firme que a anterior

geração, particularmente no modo Sport. Apesar disso, o carro nunca se mostra

demasiado agressivo ou desconfortável. Impressionou-me a capacidade do Golf a

curvar e em várias foram as vezes em que acertei em pequenas lombas e o carro

nunca se desconchavou e a pancada é bem absorvida. Em autoestrada, o Golf é

imperial, mostrando-se como um belo devorador de quilómetros.

Com o motor 1.5 eTSI – o modelo que experimentei na ausência

do 1.0 TSI – o Golf consegue ser deveras interessante. Não é, nem poderia ser

com 150 CV, um carro desportivo, mas o bloco com tecnologia 48 volts,

destaca-se por ser absolutamente suave, silencioso e com facilidade em subir de

rotação. No modo Sport, até podemos ser iludidos, mas o Golf sente-se melhor no

modo normal, utilizando o excelente binário disponível. Como a caixa manual

está bem escalonada e o binário a meio regime é excelente, andar com o Golf é

um gosto.

Veredicto

Como disse no início, a oitava geração do Golf volta a subir

a fasquia do segmento, mesmo que a vantagem face aos adversários tenha encolhido

de forma sensível. Sem dificuldade é melhor que a anterior geração, com a VW a

investir bastante na tecnologia e na digitalização, não deixando de manter a sensação

familiar de várias gerações do modelo. A qualidade do trabalho do departamento

de engenharia da VW deve ser elogiada, pois produziu um carro fácil de

explorar, com excelente comportamento e muito agradável de conduzir. Está mais

económico, mais eficiente e com o novo interior tecnologicamente avançado, a VW

deu um novo passo em frente. Veremos se a VW não exagerou e não foi demasiado

longe neste particular, pois o tradicional foi uma força ao longo dos anos.

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