Daimler repensa condução autónoma e “robotaxis”
A condução autónoma total e os táxis autónomos são complicados demais até para colossos como a Daimler.
Numa altura em que a pressão das emissões coloca uma verdadeira guilhotina sobre o pescoço dos responsáveis pelos construtores mundiais, o corredor da mobilidade elétrica é mais acidentado que subir o Everest e o investimento ameaça as contas de todos, a Daimler é o primeiro construtor a travar o desenvolvimento da condução autónoma. E porquê? Porque o investimento é brutal e tornar as soluções autónomas, como os “robotaxis” ou táxis sem condutor, seguras muito mais complicado que o esperado.
Assim, a Daimler vai reorganizar o projeto e ajustar o investimento nesta tecnologia, desviando o foco de toda a gama para os veículos comerciais de distribuição citadina ou para empresas com camionagem de longo curso que rolem, sobretudo, em autoestrada. Foi isto que Ola Kallenius, o novo CEO da Daimler, disse aos investidores e acionistas no dia do investidor da Daimler, realizado em Londres há uns dias.
A corrida aos veículos autónomos começou quando a Google anunciou que ia fazer um carro que andava sozinho e revelou o protótipo em 2012. Orgulhosos, os responsáveis da indústria automóvel não podiam permitir que uma tecnológica viesse passar-lhes a perna. Surgiram milhares de ideias e a Daimler acariciou uma delas: frotas de robotaxis que iriam buscar turistas vindo de cruzeiros aos portos de recreio, levando-os a fazer voltas pela cidade e deixando-os em hotéis em caso disso. O florescimento de empresas como a Uber ofereceu mais justificação para aumentar investimentos no desenvolvimento desta rede de serviço robotaxi.
Entretanto, a Google desinteressou-se do assunto e marcas como a Daimler perceberam que os custos de desenvolvimento, as barreiras legais e o investimento para tornar seguros os veículos, é despesa a mais para os seus bolsos, cada vez mais vazios devido à necessidade de cumprir com os rígidos limites de emissões.
Ola Kallenius foi totalmente honesto ao dizer que tornar um carro totalmente autónomo é muito mais difícil do que os engenheiros pensavam quando embarcaram nesta verdadeira aventura. Por isso, agora, “é tempo de colocar os pés no chão e reavaliar a situação” referiu Kallenius.
Até porque como o CEO da Daimler deixou claro, até podem chegar ao ponto de tornar os robotaxis seguros, mas entrar no povoado segmento do car sharing com carros autónomos e ter um plano de negocio rentável, é algo que não está minimamente assegurado. “O total desenvolvimento desse projeto exige demasiado capital face a tantas incertezas sobre o potencial de lucro. Por isso, nesta altura dizer que somos os primeiros não faz sentido nenhum e o investimento é brutal.”
Curiosamente, esta decisão surge depois da Daimler e da BMW terem assinado um acordo de longo prazo para o desenvolvimento de funções de condução altamente autonomizadas e que permitiriam condução sem mãos em autoestradas, bem como o estacionamento autónomo. E a Mercedes tem em curso um outro projeto com a Bosch para aperfeiçoar a tecnologia da condução autónoma total.
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