Hiroto Saikawa, CEO da Nissan deposto devido ao escândalo dos pagamentos
A espada de Dâmocles estava em cima do pescoço de Hiroto Saikawa, o homem que substituiu Carlos Ghosn, desde que admitiu publicamente que, também ele, recebeu dinheiro a mais da Nissan.
A mentira tem perna curta, Saikawa criticou Ghosn e foi instrumental no despedimento deste, acabou apanhado pelo mesmo esquema que ofereceu milhões a Ghosn e beneficiou Saikawa.
A vida de Saikawa não tem sido fácil: atirou Ghosn para fora da Nissan, endureceu a cerviz com a Renault, foi o grão de areia que atrapalhou a fusão entre a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e a Aliança Renault Nissan Mitsubishi e foi esbofeteado por vendas em queda abrupta e lucros à míngua. A cereja no topo do bolo foi a confissão feita de ter recebido dinheiro a mais da Nissan.
Nada foi feito na hora, mas uma reunião do conselho de administração decorrida nesta segunda feira, acabou por atirar porta fora o CEO, colocando no seu lugar Yasuhiro Yamauchi, até que seja nomeado o novo CEO da Nissan até ao final de outubro.
Chega assim ao fim mais um episódio de mau comportamento financeiro da administração da Nissan, com destaque para Carlos Ghosn e Hiroto Saikawa e para o diretor da Nissan, Greg Kelly. Uma luta pelo poder e duas visões distintas – Ghosn empurrava a Nissan para uma fusão com a Renault e com a Mitsubishi, Saikawa queria muito o oposto e uma Nissan independente – levaram a acusações e a denúncias que desaguaram numa investigação interna que espoletou o escândalo na Nissan.
O relatório que forçou Hiroto Saikawa a sair diz que em 2013, o ex-CEO da Nissan pediu a Greg Kelly que encontrasse uma forma de aumentar o seu vencimento. Kelly não atendeu ao pedido mas recalculou a compensação devida pelos direitos das ações de Saikawa, falsificando documentos para dar a entender que esses direitos foram exercidos uma semana antes da data verdadeira.
Mas há mais: o relatório mostra que dois ex-diretores e quatro ex-diretores beneficiaram-se com pagamentos em excesso devido à falsificação feita por Kelly para Saikawa. Porém, estão fora das acusações pois foi uma situação onde os beneficiados desconheciam o esquema.
O relatório da auditoria interna mostra vários exemplos de como os pagamentos em excesso a Ghosn foram “mascarados” e faz a listagem dos casos de utilização por parte de Ghosn, em beneficio próprio, do dinheiro da Nissan. São referenciados os 27 milhões de dólares atribuídos à Nissan ZI-A Capital, que foram gastos em casas em Beirute e no Brasil, os 760 mil dólares entregues á irmã de Carlos Ghosn por um contrato de consultadoria que nunca existiu e mais de 2 milhões de dólares pagos a universidades no Líbano, sem que fossem encontradas justificações para tal.
Fazer o mal e a caramunha acabou por se virar contra Hiroto Saikawa e o destino será o mesmo de Carlos Ghosn, ou seja, despedimento sem direito a indemnização, ficando por saber se haverá penalização judicial.
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