Sabe quais foram os carros que serviram a base do universo automóvel?
Muitos dizem que o automóvel começou com o Diamler cuja patente nº37435 lançou as bases da mobilidade mecânica. Mas as fundações do universo automóvel que deram origem a mais de 1,2 mil milhões de automóveis que dizem existir no Mundo, não estão aí. Estão nos carros acessíveis que foram responsáveis pela democratização do automóvel ao longo das décadas e que permitem que, hoje, sejam produzidos mais de 95 milhões de unidades por ano.
Decidimos lembrar-lhe os carros que foram decisivos neste longo trajeto que o automóvel fez até agora, mas não viemos até aos tempos modernos da massificação e da pulverização de modelos feitos com a mesma base. Parámos numa época em que a produção não estava tão avançada e onde a diferença entre as marcas era notória e apareciam automóveis que se destacavam da multidão.
Ford Model T (1908)
O “Tin Lizie” como ficou conhecido, o Ford T fez muito pela mobilidade nos EUA, tendo sido produzidos mais de 15 milhões de unidades, feitos numa muito avançada linha de montagem e série, algo nunca visto. Metade dos carros vendidos nos EUA eram Model T, exatamente, devido á capacidade de produção. O carro foi vendido até 1927 e com a progressiva evolução da eficiência da linha de montagem, o carro foi ficando cada vez mais barato. Ainda hoje é um carro muito procurado e colecionável.
Morris Bullnose (1913)
O carro ficou conhecido como Oxford, como homenagem à cidade britânica onde foi produzido. O modelo tinha um motor de 1.0 litros de válvulas laterais. Fiável e capaz, o Bullnose ou Oxford, chegiu a deter 50% do mercado do Reino Unido.
Austin Seven (1922)
A vontade da Austin em oferecer uma proposta a todo o tipo de cliente, levou a que o pequeno Seven fosse proposto no Reino Unido em 326 variantes diferentes, durante as duas décadas de produção. Não foram feitos mais de 300 mil unidades, mas o Seven tem importância porque era o carro acessível para os britânicos e, depois, serviu de base aos primeiros modelos da BMW e da Nissan.
Fiat Topolino (1936)
O sucesso do Austin Seven motivou a Fiat a criar uma resposta á altura, nascendo, assim, o Topolino, perdão, o 500. O nome Topolino (o nome italiano do Rato Mickey) ficou-lhe colado pelas dimensões, pelo facto de ter apenas dois lugares e ter um minúsculo motor de válvulas laterais. O Fiat 500 também foi vendido em França, mas com o nome Simca.
Volkswagen Carocha (1945)
Antes do Segunda Guerra Mundial, Hitler promoveu a criação do carro do povo (Volks= povo, wagen= carro) mas o famoso Beetle só se tornou famoso depois do final da grande guerra. Com fama de indestrutível, o Beetle foi produzido em mais de 21 milhões de unidades ao longo de mais de meio século.
Renault 4CV (1946)
O “Joaninha” como ficou conhecido em Portugal era o grande rival do Morris Minor feito em França, esteve em produção ao longo de 15 anos, democratizando o automóvel. Foram feitos 1,1 milhões de unidades.
Citroen 2CV (1948)
Um dos carros mais reconhecidos em todo o mundo, e dos mais colecionáveis, nasceu em França e era, mesmo, um carro do povo. Equipamento era uma palavra vã pois do carro faziam parte o chassis, suspensão, bancos em pano, volante e motor. Mas a verdade é que esteve em produção ao longo de 40 anos e foram produzidos mais de 4 milhões de unidades.
Morris Minor (1948)
Um dos carros que marcaram uma geração, também em Portugal. O Minor foi o primeiro carro britânico a produzir mais de um milhão de unidades. Foi declinado em berlina de 2 e 4 portas, carrinha Traveller e um cabriolet Tourer. Também foram feitas versões comerciais e até uma “pick-up”! A produção estendeu-se até 1971.
BMW Isetta (1955)
Antes da BMW fazer os carros que hoje todos conhecemos, andou a fazer carros de três rodas como este Isetta desenvolvido pela Isso, marca italiana de desportivos. Em italiano, Isetta quer dizer “baby Iso” devido ás suas pequenas dimensões. Havia modelos fechados ou cabrio, mas sempre com o acesso a ser feito pela porta da frente que ao abrir afastava a coluna de direção. Em termos de segurança… não vale a pena dizer nada.
Renault Dauphine (1956)
O Dauphine era um carro com motor traseiro e tração às rodas traseiras, tinha espaço para quatro pessoas e muito conforto, algo que não era comum na época. Foram produzidos pouco mais de 2,2 milhões de unidades, a maioria delas consumidas pela ferrugem à qual a chapa do Dauphine não conseguia resistir.
Fiat 500 (1957)
Depois do Topolino, a Fiat regressou ao tema dos carros para o povo com um pequeno carro equipado com um motor de 499 c.c. refrigerado a ar, espaço para quatro pessoas e suspensões independentes ás quatro rodas. O modelo tornou-se um símbolo da marca e do país, sendo um carro muito procurado pelos colecionadores.
Daf Daffodil (1958)
Não ficou na história do automóvel por ter mudado o panorama da mobilidade ou por ter vendidos ziliões de unidades, mas porque trouxe para a indústria a inovadora caixa de velocidades CVT (transmissão de variação contínua) que ainda hoje é usada pela Toyota nos seus híbridos e pela Nissan em alguns dos seus modelos. Versões modernas, claro, mas que na essência são a mesma coisa.
Morris Mini (1959)
Nunca um carro destes voltará a ser feito, pois as regras de segurança não permitem que 80% do seu volume seja habitável. Era isso que sucedia com o Mini criado por Alec issigonis e que perdura até hoje no imaginário de todos, continuando a ser um carro procurado pelos colecionadores e pelos adeptos de carros clássicos.
Triumph Herald (1959)
Fácil de conduzir, com ótima visibilidade, fiabilidade e com várias versões, do coupé à berlina, passando pela carrinha, cabriolet e comercial, tendo tido uma variante desportiva chamada Vitesse. Era um carro muito requisitado para as escolas de condução.
Renault 4 (1961)
Oito milhões de unidades produzidas, não fazem dele um carro raro, mas o 4L povoa as mentes dos adeptos do automóvel, pois era a réplica da Renault ao sucesso do 2 CV. Marcou a história pela sua fiabilidade, pelo facto de ter estado em produção até 1992 e, sobretudo, foi o primeiro carro de tração á frente da Renault.
Morris 1100/1300 (1962)
Foi produzido durante de mais uma década e saíram das linhas de montagem mais de um milhão de unidades. Tinha como características principais a habitabilidade – seguia a ideia do Mini, mas num carro maior, tendo sido desenhado por Alec issigonis – e o conforto das suspensões “hydrolastic”. Conheceu algumas versões mais espigadas.
Ford Cortina (1962)
O sucesso na competição automóvel ajudou e de que maneira à venda do Cortina, que foi um dos modelos mais bem sucedidos na Europa nos anos 60. O Cortina Lotus é raro e hoje é altamente procurado pelos colecionadores, sendo uma peça rara.
MGB (1962)
A sua produção durou duas décadas e foi feito em duas versões, coupé (GT) e cabriolet (Roadster) e chegou a ter um motor V8. Por tudo isto, o MGB chegou a ser o desportivo mais vendido no mundo. É um carro colecionável e procurado.
Hillman Imp (1963)
O Imp foi o único carro que dava trabalho ao Mini num circuito, mas acabou por ser colocado na sombra devido a problemas de fiabilidade durante os primeiros meses de comercialização. A marca tentou remediar os problemas, resolveu todas as questões, mas naquela época o marketing não estava tão desenvolvido e nem a presença na competição impediu que a reputação do carro ficasse irremediavelmente danificada.
Vauxhall Viva (1963)
Foi vendido em Portugal com o nome Vauxhall, era um carro com um estilo interessante, barato de utilizar e prático, sendo que a maioria dos modelos eram muito básicos, até que a marca renovou o modelo e ofereceu-lhe mais qualidade, equipamento e potência. Ainda se venderam alguns em Portugal.
Fiat 850 (1964)
O pequeno modelo que veio ocupar o espaço do 600, foi vendido como coupé ou berlina de duas portas (a Seat fez um quatro portas) e foram comercializadas mais de 2.2 milhões de unidades durante os oito anos que esteve em produção. Curiosamente, é um carro que foi esquecido pelos colecionadores, em Itália, na Europa e em Portugal.
Ford Mustang (1964)
O rei dos “muscle cars”, o Mustang quando nasceu foi um verdadeiro tiro no escuro por parte da Ford. Acabou por resultar de forma perfeita e em dois anos a casa da oval azul vendeu mais de 2 milhões de unidades nos primeiros dois anos. O preço simpático e as muitas opções de motor e carroçaria, tornou-o num dos carros mais vendidos nos EUA. Os modelos mais antigos continuam a ser muito procurados e o Mustang continua á venda ainda hoje e, finalmente, chegou á Europa. E foi um sucesso.
Toyota Corolla (1966)
Um estilo banal, uma técnica rudimentar que foi evoluindo ao longo dos anos, não impediu que a Toyota tenha vendido mais de 40 milhões de unidades ao longo de 11 gerações e mais de meio século.
Fiat 124 (1966)
A casa italiana de Turim só produziu 2 milhões de unidades do 124, mas com o logótipo da Lada e da Seat, a produção suplantou as 17 milhões de unidades. Se isso for verdade e a contabilidade for aceite, quer isto dizer que o Fiat 124 foi o segundo carro mais produzido no mundo, atrás do VW Carocha.
Ford Escort (1968)
Outro ícone da indústria mundial, o Escort utilizou a mesma fórmula do Cortina, mas desta feita com mais e melhor promoção. Motores para todos os gostos, versões para todas as bolsas, muita presença na competição e sucesso ao fim de semana para vender à segunda feira. A procura pelos Escort das versões MKI e MKII é tanta que no Reino Unido há quem faça carros completos, pois estão a rarear os carros em condições. As versões desportivas já alcançam valores muito elevados.
Peugeot 504 (1968)
Fiável, resistente, simples de manter e de cuidar, o Peugeot 504 é rei e senhor, ainda hoje, em África, onde muitas versões “pick-up” ainda por lá andam de um lado para o outro. Até porque foi produzido por aquelas latitudes até há bem pouco tempo. As versões cabriolet e coupé são as mais procuradas, sendo que ambos são peças de design. O 504 V6 Coupé é raro e muito apreciado.
Ford Pinto (1970)
Era uma belíssima ideia – oferecer um carro económico para as massas – mas um erro de projeto acabou por arrasar a sua reputação. Um acidente em que o Pinto fosse embatido na traseira, dava direito a explosão. Viveu 10 anos e mesmo com esta má reputação foram vendidos 3,2 milhões de carros.
Fiat 127 (1971)
Foi Carro do Ano em 1972. Ajudou a elevar o nível do panorama automóvel italiano e foi um carro que chegou a ser montado em Portugal. O 127 foi construído em Itália, Espanha e América do Sul e vendeu mais de 3,7 milhões de unidades, descontando daqui os carros com marca Seat e Zastava (Juguslávia).
Fiat 126 (1972)
O pequeno 126 era uma espécie de 500 recarroçado, mas não tem o mesmo reconhecimento que teve o seu antecessor. Mas naquele tempo, a Fiat vendia tudo e mais alguma coisa e mais de 4,7 milhões de unidades foram produzidas, incluindo aqui os números da Seat e da Zastava.
Honda Civic (1972)
Nasceu como a base de um transporte básico para o povo japonês, mas foi ganhando músculo, conteúdo e tornou.se num carro barato, mas com algo para oferecer. Chegou à 10ª geração e mais de 18 milhões de Civic foram já vendidos até agora.
Renault 5 (1972)
Com 5,5 milhões de carros vendidos, o Renault 5 foi um enorme sucesso para a marca francesa, tendo estado 12 anos no mercado. O carro era simples, pouco audacioso e no início tinha muitas afinidades com o Renault 4L. Evoluiu rapidamente e chegou a ter várias versões desportivas, hoje muito cobiçadas: o Renault 5 Turbo e o Turbo 2 (carros com motor central traseiro) e ainda o 5 GT Turbo. Para não falar dos 5 Alpine e 5 Alpine Turbo. Nos EUA chamava-se Le Car, mas as vendas foram medíocres.
Volkswagen Golf (1974)
Quando chegou a hora de substituir o Carocha, a VW conheceu alguma dificuldade, mas acabou por tirar um “rabbit” da cartola chamado Golf. Conhecido nos EUA como Rabbit, o Golf tinha o detalhe da bola de Golf na alavanca da caixa de velocidades e deu origem ao carro que “inventou” o segmento dos GTI. Desenhado por Giugiaro, tinha uma excelente arquitetura, uma ampla escolha de motores, incluindo uma inédita variante diesel. Foi um enorme êxito e mais de 40 anos depois, continua a ser o carro mais vendido na Europa.
Volkswagen Polo (1975)
A casa de Wolfsburg era um “player” menor com uma gama envelhecida e com alguns passos em falso. Mas com o Golf, tudo mudou. Chegou o Passat e o Scirocco e, depois, o Polo. Numa primeira fase o carro tinha como base o Audi 50 (que não chegou a ser Audi porque a marca de Ingolstadt queria subir no mercado), mas rapidamente ganhou qualidade, fiabilidade e motores que ajudaram a estabelecer uma boa reputação. Hoje é o terceiro carro mais vendido na Europa.
Ford Fiesta (1976)
Aprovado por Henry Ford II e batizado pelo patrão com o nome Fiesta em honra da nova fábrica inaugurada em Espanha, esta foi a primeira tentativa da Ford de fazer um carro com motor transversal dianteiro com tração dianteira. Sucesso absoluto, particularmente quando começaram a surgir as versões desportivas, já chegou á sétima geração e já passou as 17 milhões de unidades vendidas.
Opel Kadett (1979)
Foi a resposta da Opel á Ford, com um carro que ainda durou alguns anos. Foram vendidos bastantes em Portugal, mas hoje é um carro que ninguém procura, exceção feita às versões GTE, pensadas para serem rivais dos Escort XR3i.
Toyota Camry (1982)
Não foi um carro muito importante na Europa, mas em todo o Mundo, particularmente nos EUA, o Camry foi sendo um sucesso. Já foram vendidas mais de 10 milhões de unidades até ao dia de hoje. É o automóvel mais vendido nos EUA (não é o veículo mais vendido, esse lugar pertence á Ford F150 pick-up) e está de regresso ao mercado nacional com mecânica híbrida.
Fiat Uno (1983)
Apresentado nos EUA no Cabo Canaveral, o Fiat Uno vendeu mais de 9 milhões de unidades nos 12 anos que esteve no mercado, sendo um digno sucessor do 127. Tal como aquele, foi carro do ano em 1984 e lançou uma versão Turbo, muito procurada pelos adeptos de carros desportivos. Estabeleceu a volumetria para os modelos utilitários: pequenos, mas altos e espaçosos.
Opel Corsa (1983)
O Corsa era a resposta da Opel ao Fiat Punto, conheceu amplo sucesso, mas as renovações foram retirando-lhe protagonismo que espera recuperar debaixo do chapéu do PSA Group. Conheceu muitas versões de motor, gasolina e diesel, variantes desportivas GT e GSI, até uma variante de três volumes com duas e quatro portas.
Peugeot 205 (1983)
O estilo do 205, feito por Pininfarina, é um dos que merecia ser perpetuado num museu pois ainda hoje o pequeno Peugeot é um carro agradável à vista. O modelo esteve á venda quase 15 anos com ligeiras evoluções, tendo a produção chegado ás 5,2 milhões de unidades. Continua a sobreviver em números bem interessantes por toda a Europa, sendo famosas e muito procuradas as versões 205 GTI 1.6 e 1.8. Faltava ao 205 mais espaço interior, o grande atributo do Uno que dominava as vendas na altura e quase duplicou as vendas do Peugeot.
Mazda MX-5 (1989)
Um carro adorável, feito com inspiração no Lotus Elan, ou seja, não era preciso muita potência para se divertir em estrada. O carro era pequeno, atrevido e com a tração traseira, muito divertido de conduzir. O Miata, como ficou conhecido nos EUA, continua vivo, embora muito mais burguês, e já vendeu mais de um milhão de unidades.
Renault Clio (1992)
O Clio surgiu para substituir um carro ganhador que vendeu mais de 5,5 milhões de unidades (Renault 5) e se a primeira geração conseguiu ser um sucesso imediato, a segunda geração, sozinha, vendeu quase 5,4 milhões de unidades, sendo feito em fábricas em vários locais. Chegou à quinta geração e é o segundo carro mais vendido na Europa.
Fiat Punto (1993)
O sucessor do Uno voltou a ser um enorme sucesso: cerca de 9 milhões de unidades foram vendidas ao longo de três gerações. A última delas já tem 12 anos de vida e sem melhorias visíveis, foi completamente ultrapassado pelos rivais, sendo hoje um carro com vendas marginais.
Ford Focus (1998)
Prolongando tempo demais a vida da última geração do Escort, a Ford quis mudar o rumo do seu modelo e trouxe um carro totalmente novo. A diferença entre o Escort e o Focus era abismal, sendo um salto em frente que colocou o Focus entre os melhores do segmento. A suspensão inovadora oferecia um comportamento de excelência ao Focus, que recebeu versões desportivas ST e RS e chegou a ganhar provas e títulos no Mundial de Ralis.
Peugeot 206 (1998)
Com mais de 9 milhões de unidades vendidas, o 206 é o Peugeot mais vendido de sempre. Teve um prolongamento de vida com uma versão 206+ e conheceu novo fôlego no Chile, Indonésia e China e apesar de ter saído de cena já há algum tempo, continua a ser produzido no Irão.
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