Lee Iacocca e a aposta arriscada no Ford Mustang
Descendente de italianos, viciado nos charutos e nas vendas, Lee Iacocca foi um dos mais importantes executivos da indústria automóvel norte americana.
Um dos marcos da sua vida foi o Ford Mustang. Reconhecida a sua enorme capacidade para desenhar planos de produto, Iacocca tomou conta desse departamento e logo jogou um trunfo que fez muitos dos seus companheiros de administração levantar o sobrolho. Recordamos que, na época, a Ford estava a lamber as feridas de um desastroso flop chamado Ford Edsel. Por isso, arriscar em levar para o mercado um coupé desportivo deixou os outros responsáveis pela marca da oval azul com rugas no rosto.
A verdade é que Iacocca, não estando em Las Vegas, apostou as fichas todas no Mustang, apresentando o carro em 1964. Quais eram as vantagens do “pony car”? Preço acessível, estilo simples e elegante e motores para todos os gostos. O sucesso foi imediato e absolutamente estrondoso e abriu a porta à reconciliação da indústria com o mercado, levando os jovens a apaixonar-se pelo automóvel.
Para a Ford foi uma lufada de ar fresco e de dinheiro ainda mais fresco, necessário depois do fracasso inusitado do Edsel. Para Lee Iacocca, o reconhecimento de um visionário que com 45 milhões de dólares, desenhou, desenvolveu e produziu um carro que foi, e ainda hoje é, um enorme sucesso, um carro mítico que a Ford nunca terá coragem para aniquilar, nem que seja em honra da memória de Lee Iacocca.
“Poucas pessoas são capazes de perceber igual ou melhor a relação próxima que existe entre o condutor e o seu carro, que Lee Iacocca” disse Douglas Brinkley, no seu livro “Wheels of the World: Henry Ford, His Company and a Century of Progress” de 2003.
O Ford Mustang, desenhado por John Najjar, Philip T.Clarl, Joe Oros e Gale Halderman, bebeu inspiração nos aviões de combate norte americanos, tendo sido John Najjar a sugerir o nome para o carro idealizado por Iacocca. O carro foi mostrado no circuito de Watkins Glen com Dan Gurney ao volante, antes de chegar ao mercado em 1963. Conheceu múltiplas versões e continua, vivo e de boa saúde, agora com uma geração que serve em outros continentes como o europeu. Conheceu momentos mais felizes, outros mais complicados, mas foi um dos projetos que marcou a carreira de Lee Iacocca.
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