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Ola Kallenius enfrenta duro teste após um mês aos comandos da Daimler

By on 26 Junho, 2019

Após trinta dias volvidos após a chegada a CEO da Daimler, Ola Kallenius não tem de enfrentar apenas o ceticismo de ser o primeiro “patrão” do gigante alemão que não nasceu na Alemanha. O tamanho da provação é muito maior!

Não será fácil para nenhum gestor chegar á cadeira de sonho e no primeiro mês de gestão ter de lidar com acusações das autoridades alemães sobre cartelização, fazer a recolha de milhares de veículos devido a irregularidades nas emissões e ter de anunciar que a empresa, ainda não chegou a meio do ano fiscal e já fez duas revisões da previsão de resultados (o terceiro em menos de 12 meses), sempre em baixa.

Para adensar a questão, Ola Kallenius terá de implementar um gigantesco plano de corte de custos que os investidores ainda não conhecem e começam a mostrar algum nervosismo perante a falta de notícias sobre o assunto.

A saída de Dieter Zetsche e de CFO, Bodo Uebber, trouxe alguma intranquilidade á estrutura acionista da Daimler, por um lado feliz pela saída de ambos devido a um historial de erros e promessas não cumpridas – as três revisões em baixa dos resultados da Daimler são a prova disso mesmo – por outro preocupada com o futuro e a falta de informação sobre os desígnios de Ola Kallenius. 

Essa intranquilidade foi visível na passada 2ª feira, quando os títulos da Daimler afundaram 5% na bolsa, recuperando marginalmente ao longo do dia. Ou seja, a Daimler perdeu valor, e a empresa não ajudou nada ao justificar de forma atabalhoada que a revisão em baixa não significava perda de lucros, mas sim igualar a performance do ano fiscal anterior. Olvidou a Daimler que a previsão para este ano fiscal anunciava um aumento, ligeiro, dos lucros e dividendos. 

Por tudo isto, o gigante tem estado a abanar com a estrutura acionista preocupada com o futuro, aumentando de forma clara a provação pela qual Ola Kallenius e o novo CFO (responsável pela parte financeira) Harald Wilheim, vão passar. Ainda por cima, o novo CEO da Daimler não vai usufruir do chamado “estado de graça” pois as más notícias têm-se sucedido umas atrás das outras. Especialmente os casos legais em que a Daimler está envolvida, nomeadamente, os que já referimos acima. 

Se Ola Kallenius não tiver nada debaixo da cartola para oferecer – por exemplo, fazer o “spin off” da divisão de pesados – o capital de confiança dos investidores já está esgotado após 30 dias no comando do gigante alemão. O que pode fazer, então, o gestor sueco de 50 anos?

Bom, em primeiro lugar tem de evitar, a todo o custo, nova revisão dos objetivos financeiros da Daimler durante o próximo ano e menos ainda dentro deste ano fiscal, isso seria o fim da linha para Kallenius, pois a confiança na sua liderança estaria condenada. Depois, rapidamente, apresentar o plano de contenção de despesa da Daimler. Dizer que será um ambicioso plano não chega para os investidores, cada vez mais apreensivos com a situação.

Paralelamente a essas duas situações, Ola Kallenius tem de ter atenção ao que se está a passar no grupo VW que, como o Automais já revelou, está a fazer uma oferta pública de venda da divisão de camiões, a Traton. Se for um enorme sucesso, o CEO da Daimler poderá olhar para a sua divisão de veículos pesados, recuperar algum capital e, sobretudo, ganhar lastro de confiança com os investidores. Mas esta opção tem um risco.

Mudar de estratégia de forma repentina pode ter o efeito contrário e indicar que o CEO estava encurralado e não tinha mais soluções. Portanto, a tarefa não é assim tão simples como parece.

Ola Kallenius chegou à Daimler em fanfarra e teve uma ação que granjeou o respeito dos investidores: os salários de toda a administração ficaram ligados ao objetivo de colocar toda a frota da Mercedes no caminho das emissões zero em 2039, levando assim todos a se esforçar o bastante para alcançar esse objetivo. Mas foi sol de pouca dura e agora veremos de que cepa é feito este sueco que atingiu a cadeira de sonho, provavelmente, na hora errada.

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