União Europeia já aprovou limites para emissões de CO2 até 2030
O Conselho de Ministros da União Europeia ratificou os novos limites de CO2 que os construtores automóveis terão de respeitar entre 2021 e 2030.
O diabo na questão das emissões poluentes é o CO2, no entender dos políticos da União Europeia, e vestindo a pele e a demência de Don Quixote, que lutava contra moinhos de vento, assestou baterias contra a indústria automóvel. Esse demónio que comparando com outras indústrias e a produção de energia, tem uma participação mínima na propagação deste gás com efeito de estufa, é o alvo preferido quando é preciso espremer mais impostos e, agora, exigir algo que ameaça esganar a galinha dos ovos de ouro.
Isto que acabo de dizer é confirmado pela decisão tomada pelo Conselho de Ministros da União Europeia que no dia 15 de abril definiram os limites de emissão de CO2 a respeitar até 2030. Uma lei já aprovada pelo parlamento e que foi agora ratificada pelos ministros europeus, permitindo perceber qual o calendário estabelecido pela União Europeia.
Assim, em 2021, as gamas dos construtores não podem exceder, em média, 95 gr/km. Em 2025, o limite passa para 81 gr/km e em 2030 o teto máximo é de 59 gr/km. Estes valores expressos na nova lei são válidos para uma gama de produtos novos e são valores médios.
Vivendo com prazos curtos de vida (o espaço de uma legislatura), os políticos têm tendência para a aselhice e acabam, quase sempre, por viver numa redoma muito longe da realidade quotidiana. Faz algum sentido impor limites draconianos daqui a dois anos, empurrando com um violento pontapé nas costas os construtores para os braços da mobilidade elétrica, sem dar tempo para que seja possível em outras soluções como os biocombustíveis, gás, gás de petróleo liquefeito, hidrogénio ou outras ideias mais inovadoras. Claro que não! Diabolizar o gasóleo e o CO2 é muito mais fácil que sentar numa mesa e fazer contas.
A mobilidade elétrica, não haja dúvida nenhuma, interessante e uma boa maneira de reduzir as emissões, sendo mentira que as anula, pois o impacto no meio ambiente não é totalmente conhecido e há muita coisa escondida debaixo do tapete. Mas, será a mobilidade elétrica capaz de oferecer uma solução?
Claro que não! O avanço feito é impressionante – já se sabia que a velocidade da indústria automóvel está anos luz á frente de muitas outras – mas continuam a existir montanhas impossíveis, até agora, de escalar. Começa com a necessidade de um recurso natural, o lítio. Existe um estudo que diz ser impossível satisfazer as necessidades de uma mobilidade elétrica que absorva metade da produção mundial. Esgotaria em menos de uma mão cheia de anos! Para informação, são precisos, entre outras coisas, cerca de 400 quilos de matéria prima para fazer uma bateria.
Por outro lado, a propulsão elétrica não serve todas as necessidades e tipos de utilização. A infraestrutura de produção é mais pesada, a autonomia continua a ser curta e, sobretudo, os tempos de recarregamento são, desesperadamente, longos.
Finalmente, temos o preço final absurdo dos modelos elétricos – e mesmo assim todos perdem dinheiro com eles, esperando recuperar o investimento na segunda vaga de produtos elétricos – e a dependência do Oriente para o fornecimento das baterias.
Perante tudo isto, o que fizeram os políticos? Cruzam os braços, assobiam para o lado e mantendo a cabeça baixa teimam nas suas escolhas feitas, mesmo perante o abismo. Parecem os ratos de Hamelin, hipnotizados pelo flautista caçador de ratos, que os levou alegremente até á morte no Rio Weser. Cegos pelo brilho das eleições e pela necessidade de manterem o poder, caminham para o abismo, alegremente.
Enfim, o dia em que um político conseguir olhar para lá da ponta do seu nariz e que a sociedade seja capaz de perceber que a democracia pura só existe nos livros, poderá ser tarde demais.
José Manuel Costa
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