O Diesel pode durar, mas os indicadores são gasolina e o futuro híbrido
A
eletrificação de veículos há muito que deixou de ser uma tendência e é já um
pilar central no desenvolvimento de veículos na maioria dos construtores
automóveis. Por outro lado, é um facto que o mundo não estaria estruturalmente
preparado para uma mudança repentina de paradigma, em que só existissem carros
elétricos. Tal revela-se utópico, porque não existiria forma de responder a
essa realidade, fosse na produção de veículos, fosse na construção de
infraestruturas que permitem a sua utilização, como postos de carregamento ou
centrais que permitissem fornecer a eletricidade exigida. Por isso, a
eletrificação de veículos é um ponto assente na atualidade, mas, ao mesmo
tempo, é algo que, certamente, irá demorar algumas décadas a estar globalmente
massificada, porque as próprias realidades, necessidades e exigências são muito
díspares entre os vários países do mundo.
A
isto juntam-se as novas normas de consumos de emissões WLTP, que obrigaram os
construtores a refazer ou fazer nascer novos motores para estarem conformes aos
atuais parâmetros, obrigatórios para todos os veículos desde 1 de janeiro de
2019. Esta alteração veio debilitar os veículos a gasóleo, dado os avultados
investimentos necessários para os motores respeitarem as novas regras, que irão
gradualmente, de futuro, ser ainda mais estritas.
Por
outro lado, há marcas que não têm motores Diesel na sua gama e outras que têm
vindo a banir, a pouco e pouco, este tipo de motorização de alguns dos seus
modelos, justamente por o investimento para os motores estarem compatíveis com
as novas normas de emissões e consumos não se justificar. Além de que, em
alguns casos, a penalização em impostos que iria incidir sobre algumas versões
Diesel iria ampliar o fosso existente do preço de venda do mesmo veículo face à
sua versão a gasolina.
Por
isso, não é de estranhar que, mesmo que tal não transpareça de forma evidente,
os carros Diesel estejam com os dias a ficar contados. Mesmo que a realidade
não seja a tão breve prazo como o Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes,
tenha sugerido. Mas é algo que irá acontecer.
Fatores
que pesam na balança de mercado e que, independentemente dos desígnios dos
mercados ou dos construtores automóveis, tornam as linhas guias do futuro muito
evidentes. É neste contexto que as motorizações a gasolina ganham um novo
fôlego, e apesar de mediaticamente os veículos elétricos serem os
protagonistas, na sombra as motorizações a gasolina sofrem grandes desenvolvimentos
e assumem espaço de mercado entre a oferta dos construtores. Seja de modo
total, ou parcial, leia-se, através de motores híbridos e, principalmente,
híbridos plug-in. Reside nestes, acredito, o grande foco de desenvolvimento dos
próximos anos e serão a melhor solução para a realidade que temos e teremos num
futuro não muito longínquo. Modelos que permitem e irão possibilitar ainda mais
interessantes autonomias só em modo elétrico, com carregamentos das respetivas
baterias, mas sempre em funcionamento com um motor de combustão a gasolina, que
garante o conforto e segurança de que, se necessário, podemos recorrer ao
depósito tradicional e seguir viagem.
Neste contexto, acredito que o Diesel ainda está para durar, mas os indicadores são de facto a gasolina e o futuro será híbrido. Daqui a umas décadas, talvez só falemos em elétricos… mas isso ainda vai demorar.
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