Primeiro ensaio Seat Tarraco 2.0 TDI 150 e 190 CV

By on 30 Novembro, 2018

O terceiro elemento da trilogia de modelos SUV da Seat acaba de ser revelado em Barcelona, eu estive lá e conto-lhe tudo sobre o modelo que funciona, agora, como topo de gama da casa espanhola.

Quando alguém tem na mão uma previsão que diz, claramente, que o segmento dos SUV é o mais importante no Velho Continente e que irá crescer adicionais 25% até 2025, podemos reprovar a decisão de apostar quase todas as fichas nesse segmento? Claro que não! Até porque com a chegada do Tarraco à gama SUV da Seat, a partir de janeiro de 2019, o Arona e o Ateca vão ter companhia para cobrir 80% das necessidades dos consumidores, apostando muito a casa de Martorell neste segmento para aumentar, claramente, os volumes de vendas. Aproveitando, também, o facto da Seat ser uma marca mais conotada com a juventude, face à Volkswagen e à Skoda, os responsáveis pelo estilo da casa espanhola aproveitaram o agora topo de gama para lançar a nova linguagem de estilo assente em duas ideias plasmadas no Tarraco: uma frente mais apelativa com uma grelha trapezoidal, faróis onde a assinatura LED se destaca, um capô nervurado com linhas que afunilam para a grelha, menor inclinação de toda a parte dianteira e uma traseira onde os farolins estão ligados por uma barra de cor vermelha LED que faz ligação à assinatura dos farolins, onde pontificam os indicadores de mudança de direção dinâmicos. E porque o Tarraco é um topo de gama, a Seat entendeu que todas as versões deviam estar equipadas com luzes LED nos faróis, farolins e até nas luzes interiores. Um pormenor… fixe!

A gama está arquitetada em redor de dois motores a gasolina, dois blocos turbodiesel, duas caixas de velocidade, dois sistemas de tração e, para não destoar, dois níveis de equipamento, juntando-se, mais tarde, um terceiro propulsor e um terceiro nível de equipamento. Os motores a gasolina são o 1.5 TSI e o 2.0 TSI (com, respetivamente, 150 e 190 CV, binário de 250 e 320 Nm, consumos de 6,3 l/100 km e emissões de 147 gr/km para o 1.5), no lado diesel está o bloco 2.0 TDI com 150 ou 190 CV (340 e 400 Nm, respetivamente, consumos de 4,9 e 5,6 l/100 km e emissões de CO2 de 129 e 147 gr/km). O propulsor a gasolina menos potente só tem caixa manual de seis velocidades, o mais potente só está disponível com a caixa DSG de 7 marchas. No lado diesel, o motor de 150 CV tem opção manual ou DSG, enquanto o mais potente só tem caixa DSG. Quanto ao sistema 4Drive da Seat de quatro rodas motrizes só pode ser usado com a caixa DSG e está disponível para o motor 2.0 TSI e para o 2.0 TDi 150 CV, sendo a única opção do Tarraco 2.0 TDI 190 a caixa DSG e a tração 4Drive. Quanto aos níveis de equipamento, existem o Style e o Xcellence, mais tarde chegará o FR. Devo dizer que a Seat voltou a fazer um esforço para enriquecer os níveis de equipamento e impressiona a oferta de série do Tarraco.

Quanto à versão mais aguardada, o híbrido, só chegará para o ano e a única coisa que o responsável pelo desenvolvimento de produto, Sven Schawe, conseguiu dizer foi a potência, o binário e a autonomia em modo elétrico: 210 CV, 400 Nm e 50 quilómetros. Quanto ao resto… nem mais uma palavra!

Arrumada a parte dos números e da oferta do Seat Tarraco, ainda sem preços para Portugal, vamos lá conhecer o novo SUV da casa de Martorell.

Um carro imponente e giro

Como sempre digo, gostos discutem-se, mas não se impõem e por isso tenho a liberdade para dizer que o Tarraco tem muito bom aspeto para um carro que mede mais de 4,7 metros (vá lá, são 4735 mm) e tem quase 1,70 metros de altura. O carro é giro, pronto! E mesmo que seja perfeitamente visível a presença do VW Tiguan Allspace (a lateral é, praticamente, igual destacando-se o vinco profundo que desenha a linha de cintura e faz a ligação\ao entre as cavas das rodas dianteiras e os farolins traseiros), o Tarraco consegue ter personalidade através das cavas das rodas bem preenchidas com jantes de generosas dimensões e os tais detalhes da nova linguagem de estilo. Ou seja, o Tarraco é como aquelas pessoas que não têm vergonha de mostrar a família, mas querem singrar pelos seus próprios meios.

Interior espaçoso e versátil

O Tarraco tem sete lugares (ou cinco, como preferir) embora depois de ter olhado com algum carinho para os bancos suplementares, tenho de dizer que é mais um cinco + dois, pois nos bancos da bagageira só mesmo crianças. Rebatidos estes dois bancos suplementares – algo que será mais comum do que se pensa – a bagageira tem uma capacidade notável: 230 litros com sete lugares e 760 litros com cinco lugares.

Se juntarmos a isto o facto do carro ser feito em cima da plataforma MQB A LWB, ou seja, de alongada distância entre eixos, o Tarraco será dos SUV mais espaçosos do mercado. Então no banco traseiro a sensação de espaço é verdadeiramente fantástica. Enfim, o Seat Tarraco tem como ponto mais forte a habitabilidade. Mas também há novidades no estilo do habitáculo.

Se reparar na fotogaleria, verá que o tabliê tem agora a encima-lo um enorme ecrã flutuante com apenas dois botões e um painel de instrumentos totalmente digital. E acabam aqui as diferenças, pois tudo o resto é igual como os comandos da climatização, o volante e demais comandos. Ainda assim, nota positiva para os materiais, de maior qualidade, e para este ecrã “gigante” onde tudo está agrupado e que confere um estilo burguês e de qualidade ao interior do Tarraco. Como já referi, o equipamento é muito completo e no que toca á segurança não lhe falta nada desde a travagem autónoma de emergência, monitorização do ângulo morto traseiro, manutenção do veículo na faixa de rodagem, aviso pra transposição involuntária da faixa de rodagem, enfim, tudo o que possa imaginar está contemplado no equipamento do Tarraco.

Rápido, eficaz e refinado

Ao volante, o Tarraco é um regalo. Primeiro porque o carro é muito refinado. Por isso não se percebe porque o único ruído que escutei, e por acaso irritante, vinha dos espelhos retrovisores. Depois porque tem um excelente comportamento. No tráfego urbano, “esconde” de forma fabulosa o generoso tamanho, com uma agilidade inopinada ajudada por uma direção que me deixou com um sorriso de orelha a orelha pois já não sentia num volante tamanha sensibilidade. Aplauso para os homens da Seat!

Com uma travagem forte, mas modulável, uma direção que é um mimo e um conforto razoável – o carro tem acerto mais duro e os bancos também não são pera doce – o Tarraco curva de forma muito competente e com uma resistência ao rolamento da carroçaria que impressiona. A aderência do eixo dianteiro é forte o que ajuda a manter a trajetória e evitar problemas.

Veredicto

Um excelente carro! Mas, nestas coisas há, sempre! um mas que é a chegada tardia a um segmento densamente povoado, ainda por cima quando há excelentes produtos no segmento. Esgrime o amplo espaço interior, a elegância de linhas e o comportamento, uns furtos acima dos rivais, para tentar petiscar numa mesa onde se sentam, já, demasiados convidas. A verdade é que ser grande não retira um grama de qualidade e de comportamento que conhecemos dos Seat. Estamos perante um duro rival para os restantes convivas e com essa vantagem extra de ser um dos poucos SUV que sabe… curvar. Veremos se no preço também o Tarraco se destaca…

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