Dieslegate VW: Winterkorn cada vez mais cercado
O antigo CEO do grupo VW, Martin Winterkorn cometeu, mesmo, um enorme erro ao comprar uma guerra de poder com Ferdinand Piech. Conseguiu vencer a batalha pela liderança do grupo, mas dai para cá o herói mostrou que tinha pés de barro e Piech acertou-lhe, em cheio, nas canelas.
O Dieselgate explodiu-lhe nas mãos, emaranhou-o em lutas legais e em contradições, acabando fora do grupo VW com um camião de dinheiro requintadamente guardado em algum paraíso fiscal. Pensava ele que tudo tinha ficado por ali, mas a verdade é que o filme de terror que se antecipava após o espoletar do Dieselgate – curiosamente, o mesmo teste feito várias vezes deu sempre o mesmo resultado com a conclusão a ser “a culpa morre solteira”, mas desta vez, foram direitinho à marosca imediatamente depois de Piech abandonar os seus cargos na Volkswagen – tem um guião muito mais complicado do que se julgaria necessário.
Prisões, multas, condenações, recompra de carros, clientes desagradados, imagem, enfim, tudo aconteceu ao grupo VW que, vá lá saber-se porquê, continua de pé e de boa saúde, investindo largo na mobilidade elétrica, a aspirina para que as pessoas esqueçam o maldito gasóleo.
Martin Winterkorn pensava que a sua reforma estava prontinha e que podia desfrutar dos milhões arrecadados com a sua saída do grupo VW. Puro engano! Encurralado pelas autoridades norte americanas e alemãs, o executivo alemão sempre sustentou que soube da marosca que enganava os americanos nos testes de NOx, depois do escândalo rebentar. O problema de Winterkorn terá sido o desleixo e o facto de demasiadas pessoas já saberem do esquema.
Segundo o jornal alemão “Die Welt”, Jens Hadler, engenheiro sénior no departamento de pesquisa e desenvolvimento até ao final de 2011, deu informações precisas sobre o que realmente se passava entre as paredes de Wolfsburg. Face ao procurador geral de Munique, Jens Hadler contou que já em novembro de… 2007! tinha dito à administração que a utilização do dispositivo não era uma boa ideia e que acabaria por desaguar em problemas e inquéritos com as autoridades norte americanas. Nessa altura, diz este ex-engenheiro do grupo VW, Winterkon encolheu os ombros e perguntou se havia alguma alternativa, numa conversa que acabou numa altercação entre os dois.
A verdade é que acossado por todos os lados e perante testemunhos como este, Martin Winterkorn mantém a sua versão e não cede um milímetro que seja. Foi assim perante as autoridades alemãs, foi assim face aos americanos. Porém, estes não ficaram nada convencidos da versão de Winterkorn e lançaram, mesmo, um mandato de captura internacional com o nome do executivo alemão, juntando-se o nome de Winterkorn a Jens Hadler (que os americanos querem ouvir), Heinz Jakob Neuser e Bernd Gotweis.
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