Porque é que o Mercedes EQC não tem porta bagagens à frente?
Uma das coisas que deixa a maioria satisfeito ao olhar para um Tesla, para além das capacidades inerentes, é a capacidade de ter duas bagageiras, uma á frente e uma atrás. Isto acontece porque não há um espaçoso motor de combustão interna e todos os seus acessórios para funcionar debaixo do capô dianteiro.
Uma das coisas que a motorização elétrica oferece é a possibilidade de não desenhar grelhas, estudar entradas de ar para refrigeração, enfim, a liberdade criativa é bem maior que com um carro com motor de combustão interna. Entre essa liberdade está a oportunidade de oferecer uma bagageira dianteira ou como os americanos lhe chamam, um “frunk” (mistura de “trunk” = bagageira e dianteira = “front”).
Ora, o acabadinho de apresentar Mercedes EQC não oferece essa funcionalidade. E porquê? Bom, porque aberto o capô dianteiro encontramos lá o espaço todo ocupado por algo que se assemelha a um motor. Na verdade, não é, mas por baixo do plástico está o módulo de controlo dianteiro que junta a si o motor elétrico dianteiro e a transmissão com uma única relação. Tudo isto está isolado numa caixa que está isolado com apoios de borracha. O ruído será sempre pouco, mas assim não há possibilidade de dentro do EQC se escutar seja o que for pois o amortecimento é feito na zona onde o módulo se liga ao subchassis e onde o subchassis se liga á carroçaria.
Mas a verdadeira razão para este alinhamento reside noutro lado. Produzir um modelo destes em série de forma simples e financeiramente sustentável só é possível se a base for o mais possível semelhante à dos veículos em produção. E foi esse o caminho que a Mercedes seguiu, pegando na plataforma utilizada pelo Classe C, GLC e GLC Coupe e modificando-a apenas o necessário para que a eletrificação fosse possível dentro daqueles pressupostos.
Ora, sendo fabricado no mesmo local onde a Mercedes faz aqueles modelos referidos, basta levar a plataforma base comum e juntar os subchassis para o modelo elétrico e o pacote de baterias colocado no fundo do carro. Esta integração do EQC na linha de produção existente é muito inteligente, oferece uma bela vantagem industrial e competitiva e torna todas as linhas de montagem da Mercedes preparadas para receber modelos elétricos da marca EQ. E até os híbridos. Ou seja, a Mercedes parece ter encontrado a fórmula mágica para resolver o problema dos custos de produção em série dos veículos elétricos.
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