Tesla Model X 100D – Ensaio Teste
Tesla Model X 100D
Texto: Francisco Cruz
O futuro, hoje
Hoje em dia considerada uma referência na mobilidade elétrica, a americana Tesla já chegou a Portugal, e com a proposta do momento: um SUV, chamado Model X. O qual, mesmo com as limitações decorrentes da dificuldade de carregamento, além de um preço pouco “amigável”, facilmente comprova ser o futuro, hoje.
Conforto / Sistema de propulsão / Autonomia
Carregamentos / Recuperação de energia na travagem / Inexistência de chapeleira
Exterior
Não é só na tecnologia que o Tesla Model X é futurista; é-o também nas linhas exteriores, com uma carroçaria volumosa mas, ao mesmo tempo e algo surpreendentemente, aerodinamicamente fluída – a comprová-lo, o melhor coeficiente do segmento, de apenas 0,24!
De resto e a par de um corpo com mais de cinco metros de comprimento, além de perto de três metros de distância entre eixos, uma estética marcada pelas esguias ópticas dianteiras, numa frente sem qualquer grelha, a juntar àquele que a marca diz ser o maior pára-brisas panorâmico totalmente em vidro em veículos de produção. Sem esquecer as enormes mas bonitas jantes de 20 polegadas e, principalmente, as emblemáticas portas traseiras de abertura para cima, denominadas “Falcon Wings”. Que, além de um óptimo acesso ao interior – mas também a expor demasiado o habitáculo às intempéries -, precisam de menos espaço que as portas tradicionais, para abrir: apenas 30 cm, devido ao seu funcionamento articulado. Sendo que, sempre que um dos seis sensores detecta antecipadamente um obstáculo, o movimento é interrompido.
Finalmente e já na traseira, uma asa rebatível que se eleva à medida que a velocidade aumenta, a ajudar a colar a traseira ao solo. Isto, apesar das mais de 2,5 toneladas que o modelo ostenta, das quais, 700 kg, são de baterias!
Interior
Mas se exteriormente o SUV da Tesla prima por um aspecto futurista, o mesmo acontece no interior do habitáculo. O qual, além de um óptimo acesso, excelentes revestimentos e solidez na construção, exibe um ambiente dominado por dois ecrãs: o da instrumentação, totalmente digital e de fácil leitura, com todas as informações necessárias à condução, e o que preenche todo o painel central, de 17″, a cores e táctil, que, além de magnífico na utilização, definição e intuitividade, concentra em si praticamente tudo o que diz respeito ao automóvel – dos sistemas relacionados com a condução ao ar condicionado, das várias opções relacionadas com o carregamento e autonomia até à “mera” abertura automática das portas!
Perante esta excelente opção ergonómica, botões, apenas quatro: dois, rotativos, para o sistema de som (o da esquerda) e diferentes menus (o da direita), no volante; um, à esquerda do ecrã táctil, para ligar as luzes de emergência; e, finalmente, outro, à direita do mesmo painel, para abrir o porta-luvas. E é só!…
Num habitáculo com excelentes bancos dianteiros, mesmo com o encosto de cabeça fixo, óptima, a posição de condução, a garantir um fácil acesso aos poucos comandos, inclusive, aos manípulos existentes na coluna de direcção – piscas, limpa pára-brisas, haste do limitador de velocidade e Autopilot, e manete da caixa de velocidades. Comprados, tal como os botões de accionamento dos vidros nas portas, à Mercedes. Opção que nos faz pensar que o modelo merecia algo mais… personalizado.
Com volante (de óptima pega) e bancos multireguláveis, difícil, apenas a visibilidade traseira. Problema resolvido com a presença de sensores atrás e à frente, além de com um sistema de câmaras em redor do automóvel. E, já agora, o fraco aproveitamento das diminutas palas pára-sol. Que, de tão pequenas, pouca utilidade têm!
Bem melhor, sem dúvida, a habitabilidade, graças a um espaço interior que é um verdadeiro mundo, permitindo, inclusivamente, que o Model X possa ser proposto em três diferentes configurações: com cinco (2+3), seis (2+2+2) ou sete (2+3+2) lugares.
Na configuração por nós testada, de cinco lugares (as restantes são opcionais… e pagas à parte), bastante espaço e conforto na segunda fila, mesmo com um lugar do meio ligeiramente mais estreito, com a maior condicionante a vir da altura: mais de 1,75 m, já começa a ser uma ameaça. Mas, ainda assim, convence!
Finalmente e quanto à capacidade de carga, tão ou mais impressionante, com o Model X a garantir uma bagageira, com portão eléctrico, com capacidade para 1.090 litros, mais um alçapão sob o capot dianteiro (os motores estão acoplados nos eixos…), capaz de acomodar 187 litros. Sendo que, caso seja necessário ainda mais espaço, os bancos da 2.ª fila têm costas que podem ser rebatidas 60/40, na continuação do piso da mala.
Assim, a faltar, fica apenas uma chapeleira, uns ganchos porta-sacos (importantes, face à dimensão do espaço) e, já agora, uma melhor iluminação… já que, alçapões, tem dois, enormes!
Equipamento
Com um preço de aquisição elevado, o Model X tem igualmente um equipamento bastante completo, a começar nas soluções de conveniência, das quais fazem parte a suspensão pneumática inteligente com memória GPS, o pára-brisas panorâmico, as portas “Falcon Wings”, o porta-bagagens de abertura elétrica, entrada sem chave, bancos dianteiros aquecidos e pacote de reboque com barra em aço. Além da componente tecnológica, traduzida em mapas e navegação com informação de trânsito em tempo real, homelink ativado via GPS, consola central com divisórias amovíveis e 400 kWh de créditos Supercharger anuais grátis – ainda que e no caso da compra do automóvel ser feita até ao final deste mês, a Tesla ofereça carregamentos grátis até ao final da vida do veículo.
Já no domínio da segurança, a presença de tecnologias de segurança activa, incluindo sistema de prevenção de colisão e travagem de emergência automática, espelhos retrovisores exteriores rebatíveis electricamente e anti-encandeamento, luzes LED giratórias dinâmicas com três posições para visibilidade noturna, luzes de nevoeiro em LED e quatro fixadores de cadeiras de criança ISOFIX. Sem esquecer as garantias de fábrica, como é o caso da garantia de 8 anos para a bateria, sem limite de quilómetros, assim como para a unidade de accionamento, ou da garantia limitada de 4 anos ou 80.000 quilómetros.
Opcionais, apenas as já referidas configurações de seis lugares, seis lugares com consola central e de sete lugares, as duas primeiras com um custo extra de 6.400€, ao passo que a última a orçar em 3.200€, além de pacote Premium (sistema de filtragem do ar EPA, inclusivamente, com modo de defesa contra armas biológicas! + porta dianteira de abertura automática + sistema de
áudio personalizado + pacote para climas abaixo de zero), por 6.400€; do Autopilot melhorado, por 5.400€; e da capacidade de condução autónoma total (concebida para permitir a realização de viagens curtas e longas sem necessidade de intervenção da pessoa sentada no lugar do condutor, diz o fabricante), por 3.200€. Mas cuja utilização também depende de validação e aprovação regulamentar, que poderá variar consoante a jurisdição; que é o mesmo que dizer que está dependente da legislação de cada país.
Consumos
Equipado com dois motores de 262 cv cada, instalados nos eixos, e que lhe garantem a mais-valia que é a tracção integral, o Tesla Model X é também e entre outras qualidades, o SUV mais rápido do mundo, acelerando, no caso da versão por nós testada, equipada com um pack de baterias de iões de lítio com uma capacidade de 100 kWh, disposto no piso e entre os eixos, dos 0 aos 100 Km/h em apenas 4,9 segundos – melhor do que a grande maioria dos desportivos da nossa praça!
Equipado ainda com uma caixa automática, o SUV americano é não só um exemplo na resposta a qualquer pressão no acelerador, respondendo pronta e imediatamente, mas também nos consumos e autonomias: capaz de fazer mais de 400 quilómetros com uma só carga, o Model X realiza, quando numa utilização normal, gastos na ordem dos 22,5 kWh a cada 100 km. Ou seja e ao preço actual da electricidade, valores abaixo dos 2€; substancialmente menos daquilo que gastaríamos com um carro a gasolina ou gasóleo, fazendo o mesmo número de quilómetros. Isto, sem esquecer o facto das passagens pela oficina serem igualmente bastante mais baratas, fruto da maior simplicidade do sistema de propulsão.
Aspectos menos positivos, apenas dois: a pouca capacidade do sistema para recuperar energia, apesar da entrada em acção do sistema se sentir claramente, sempre que levantamos o pé do acelerador, e, pior ainda, a dificuldade de carregamento em tomadas domésticas de 220V – 24 horas completas ligado à corrente não chegam para recarregar totalmente as baterias, as quais não recuperam mais do que 11 quilómetros por hora.
Como tal e para conseguir uma maior eficácia, só mesmo nos poucos postos de carregamento rápido que existem na capital, onde já se consegue carregar cerca de 45 km por hora; naquilo que a Tesla chama de “carregadores de destino”, os quais, localizados em hotéis, parques de estacionamento fechados e centros comerciais, conseguem realizar carregamentos até 100 km por hora; e, finalmente, nos famosos Superchargers, instalações das quais só existem, para já, duas em Portugal (Fátima e Montemor-o-Novo), mas onde é possível carregar cerca de 80% das baterias, em apenas meia-hora. Sendo que o objectivo da Tesla Portugal é ter sete, a funcionar, até ao final do ano…
Ao Volante
Com todas as qualidades de um veículo 100% elétrico – acelerações rápidas e ao menor toque no acelerador, recuperações tão ou mais imediatas… -, a verdade é que nem mesmo as mais de duas toneladas e meia de peso conseguem impedir o Tesla Model X de rapidamente conquistar um sorriso no rosto dos ocupantes e, em particular, no do condutor. O qual, beneficiando de uma posição de condução confortável, facilmente fica agradado com as prestações deste SUV de dimensões generosas e com a capacidade para, em acelerações a fundo, afundar os ocupantes nos respectivos bancos. Embora fazendo sempre do conforto, a sua maior preocupação.
Assim e apesar das prestações de autêntico desportivo, a que junta um centro de gravidade relativamente baixo e uma suspensão pneumática inteligente com memória GPS, capaz de gerir automaticamente a distância ao solo (sendo que o condutor também pode escolher a altura, de entre cinco opções pré-definidas – muito baixa, baixa, normal, alta e muito alta), notória é também a pouca vocação do modelo americano para momentos de maior envolvimento na condução, por exemplo, em trajectos mais sinuosos. Não só porque a oscilação da carroçaria se faz notar, mas também porque componentes como a direcção surgem demasiado filtrados.
Perante tais características, igualmente clara a vocação deste Model X para uma utilização no dia-a-dia, mesmo com as possíveis dificuldades impostas, quer pelas dimensões exteriores, quer pela fraca brecagem, ou então para viagens mais longas, por estrada aberta. Altura ideal para colocar em prática outro dos grandes argumentos deste Tesla: o Autopilot. Basicamente, o sistema de condução quase 100% autónoma, capaz não só de assumir a condução por largos períodos, como até mesmo ultrapassar (o condutor apenas tem de accionar o sinal de pisca e o carro faz sozinho a manobra, assim que houver condições para tal), ou estacionar. Funcionando, em qualquer um dos casos, de forma perfeita!
No entanto e até por causa da legislação, o condutor está obrigado a, mesmo com o Autopilot em funcionamento, tocar, de quando em vez, no volante, como forma de mostrar que está presente, activo e atento. Sendo que, caso não responda aos “pedidos” do carro para tocar no volante, este assume que há um problema com o condutor, liga os quatro piscas, começa e travar e encosta na berma. Ficando à espera de socorro.
Já preparado para a condução 100% autónoma do futuro e com a garantia de sucessivos updates via wireless ao longo da vida do veículo (tal como, aliás, as baterias e outras tecnologias presentes na viatura), o Autopilot pode, de resto, mostrar-se ainda mais evoluído, através da inclusão de pack opcional (5.400€). Embora mantendo sempre as limitações decorrentes da legislação portuguesa – a qual, ainda assim, não evita que, mesmo com a versão base do sistema, fiquemos deslumbrados com a “inteligência” deste Model X…
Balanço Final
Inicialmente reticentes , a verdade é que, depois de cerca de uma semana fazendo do Tesla Model X o carro pessoal, terminámos este ensaio convencidos quanto à tecnologia desenvolvida por Elon Musk e seus pares. Fruto, principalmente, da elevada autonomia, das excelentes prestações, do conforto e habitabilidade proporcionados pelo modelo de Palo Alto. Reticências, apenas, quanto às dificuldades em conseguir recarregamentos em tempo aceitável nas tomadas domésticas (a solução terá mesmo de ser a instalação de uma powerbox da marca), além do preço do carro em si. Embora e quanto a isso, não existam equívocos, com a própria Tesla a assumir que, pelo menos os produtos actuais, destinam-se a uma classe média-alta. Assim, pouco mais nos resta do que ficarmos à espera do mais “democrático” Model 3…
Concorrentes
Jaguar I-Pace, bateria 90 kWh, 400 cv, 4,8s 0-100 Km/h, 480 Autonomia (ciclo WLTP), 80.416,69€
Ficha Técnica
Motor
Tipo: dois motores (um por eixo), do tipo eléctrico, corrente alternada
Bateria: de iões de lítio, com uma capacidade de 100 kWh
Potência máxima (cv/rpm): 423 cv/311 kW
Binário máximo (Nm/rpm): 660 Nm
Transmissão e direcção: Integral, automática; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica
Suspensão (fr/tr): Duplos triângulos, molas pneumáticas e barra estabilizadora; duplos triângulos, molas pneumáticas e barra estabilizadora; suspensão pneumática inteligente com memória GPS
Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos ventilados
Prestações
Aceleração: 0-100 km/h (s): 4,9
Velocidade máxima (km/h): 250
Consumos: –
Autonomia (km): 565 (ciclo NEDC)
Tempo de carga (horas): em tomada doméstica: carrega 150 km em 8 horas; em Tesla Charger doméstico ou Destination Chargers: carrega 80 km numa hora; em Superchargers: carrega 270 km em 30 minutos
Dimensões e pesos
Comprimento/Largura/Altura (mm): 5,052/1,999/1,684
Distância entre eixos (mm): 2,965
Largura das vias (fr/tr) (mm): 1,711/1.723
Peso máximo (kg): 2.534
Capacidade da bagageira (l): 1.090 atrás/187 à frente
Pneus (fr/tr): 265/45 R20/275/45 R20
Mais/Menos
Mais
Conforto / Sistema de propulsão / Autonomia
Menos
Carregamentos / Recuperação de energia na travagem / Inexistência de chapeleira
Preços
Preço da versão ensaiada (Euros): 116430€
Preço da versão base (Euros): €
Exterior
Não é só na tecnologia que o Tesla Model X é futurista; é-o também nas linhas exteriores, com uma carroçaria volumosa mas, ao mesmo tempo e algo surpreendentemente, aerodinamicamente fluída – a comprová-lo, o melhor coeficiente do segmento, de apenas 0,24!
De resto e a par de um corpo com mais de cinco metros de comprimento, além de perto de três metros de distância entre eixos, uma estética marcada pelas esguias ópticas dianteiras, numa frente sem qualquer grelha, a juntar àquele que a marca diz ser o maior pára-brisas panorâmico totalmente em vidro em veículos de produção. Sem esquecer as enormes mas bonitas jantes de 20 polegadas e, principalmente, as emblemáticas portas traseiras de abertura para cima, denominadas “Falcon Wings”. Que, além de um óptimo acesso ao interior – mas também a expor demasiado o habitáculo às intempéries -, precisam de menos espaço que as portas tradicionais, para abrir: apenas 30 cm, devido ao seu funcionamento articulado. Sendo que, sempre que um dos seis sensores detecta antecipadamente um obstáculo, o movimento é interrompido.
Finalmente e já na traseira, uma asa rebatível que se eleva à medida que a velocidade aumenta, a ajudar a colar a traseira ao solo. Isto, apesar das mais de 2,5 toneladas que o modelo ostenta, das quais, 700 kg, são de baterias!
Interior
Mas se exteriormente o SUV da Tesla prima por um aspecto futurista, o mesmo acontece no interior do habitáculo. O qual, além de um óptimo acesso, excelentes revestimentos e solidez na construção, exibe um ambiente dominado por dois ecrãs: o da instrumentação, totalmente digital e de fácil leitura, com todas as informações necessárias à condução, e o que preenche todo o painel central, de 17″, a cores e táctil, que, além de magnífico na utilização, definição e intuitividade, concentra em si praticamente tudo o que diz respeito ao automóvel – dos sistemas relacionados com a condução ao ar condicionado, das várias opções relacionadas com o carregamento e autonomia até à “mera” abertura automática das portas!
Perante esta excelente opção ergonómica, botões, apenas quatro: dois, rotativos, para o sistema de som (o da esquerda) e diferentes menus (o da direita), no volante; um, à esquerda do ecrã táctil, para ligar as luzes de emergência; e, finalmente, outro, à direita do mesmo painel, para abrir o porta-luvas. E é só!…
Num habitáculo com excelentes bancos dianteiros, mesmo com o encosto de cabeça fixo, óptima, a posição de condução, a garantir um fácil acesso aos poucos comandos, inclusive, aos manípulos existentes na coluna de direcção – piscas, limpa pára-brisas, haste do limitador de velocidade e Autopilot, e manete da caixa de velocidades. Comprados, tal como os botões de accionamento dos vidros nas portas, à Mercedes. Opção que nos faz pensar que o modelo merecia algo mais… personalizado.
Com volante (de óptima pega) e bancos multireguláveis, difícil, apenas a visibilidade traseira. Problema resolvido com a presença de sensores atrás e à frente, além de com um sistema de câmaras em redor do automóvel. E, já agora, o fraco aproveitamento das diminutas palas pára-sol. Que, de tão pequenas, pouca utilidade têm!
Bem melhor, sem dúvida, a habitabilidade, graças a um espaço interior que é um verdadeiro mundo, permitindo, inclusivamente, que o Model X possa ser proposto em três diferentes configurações: com cinco (2+3), seis (2+2+2) ou sete (2+3+2) lugares.
Na configuração por nós testada, de cinco lugares (as restantes são opcionais… e pagas à parte), bastante espaço e conforto na segunda fila, mesmo com um lugar do meio ligeiramente mais estreito, com a maior condicionante a vir da altura: mais de 1,75 m, já começa a ser uma ameaça. Mas, ainda assim, convence!
Finalmente e quanto à capacidade de carga, tão ou mais impressionante, com o Model X a garantir uma bagageira, com portão eléctrico, com capacidade para 1.090 litros, mais um alçapão sob o capot dianteiro (os motores estão acoplados nos eixos…), capaz de acomodar 187 litros. Sendo que, caso seja necessário ainda mais espaço, os bancos da 2.ª fila têm costas que podem ser rebatidas 60/40, na continuação do piso da mala.
Assim, a faltar, fica apenas uma chapeleira, uns ganchos porta-sacos (importantes, face à dimensão do espaço) e, já agora, uma melhor iluminação… já que, alçapões, tem dois, enormes!
Equipamento
Com um preço de aquisição elevado, o Model X tem igualmente um equipamento bastante completo, a começar nas soluções de conveniência, das quais fazem parte a suspensão pneumática inteligente com memória GPS, o pára-brisas panorâmico, as portas “Falcon Wings”, o porta-bagagens de abertura elétrica, entrada sem chave, bancos dianteiros aquecidos e pacote de reboque com barra em aço. Além da componente tecnológica, traduzida em mapas e navegação com informação de trânsito em tempo real, homelink ativado via GPS, consola central com divisórias amovíveis e 400 kWh de créditos Supercharger anuais grátis – ainda que e no caso da compra do automóvel ser feita até ao final deste mês, a Tesla ofereça carregamentos grátis até ao final da vida do veículo.
Já no domínio da segurança, a presença de tecnologias de segurança activa, incluindo sistema de prevenção de colisão e travagem de emergência automática, espelhos retrovisores exteriores rebatíveis electricamente e anti-encandeamento, luzes LED giratórias dinâmicas com três posições para visibilidade noturna, luzes de nevoeiro em LED e quatro fixadores de cadeiras de criança ISOFIX. Sem esquecer as garantias de fábrica, como é o caso da garantia de 8 anos para a bateria, sem limite de quilómetros, assim como para a unidade de accionamento, ou da garantia limitada de 4 anos ou 80.000 quilómetros.
Opcionais, apenas as já referidas configurações de seis lugares, seis lugares com consola central e de sete lugares, as duas primeiras com um custo extra de 6.400€, ao passo que a última a orçar em 3.200€, além de pacote Premium (sistema de filtragem do ar EPA, inclusivamente, com modo de defesa contra armas biológicas! + porta dianteira de abertura automática + sistema de
áudio personalizado + pacote para climas abaixo de zero), por 6.400€; do Autopilot melhorado, por 5.400€; e da capacidade de condução autónoma total (concebida para permitir a realização de viagens curtas e longas sem necessidade de intervenção da pessoa sentada no lugar do condutor, diz o fabricante), por 3.200€. Mas cuja utilização também depende de validação e aprovação regulamentar, que poderá variar consoante a jurisdição; que é o mesmo que dizer que está dependente da legislação de cada país.
Consumos
Equipado com dois motores de 262 cv cada, instalados nos eixos, e que lhe garantem a mais-valia que é a tracção integral, o Tesla Model X é também e entre outras qualidades, o SUV mais rápido do mundo, acelerando, no caso da versão por nós testada, equipada com um pack de baterias de iões de lítio com uma capacidade de 100 kWh, disposto no piso e entre os eixos, dos 0 aos 100 Km/h em apenas 4,9 segundos – melhor do que a grande maioria dos desportivos da nossa praça!
Equipado ainda com uma caixa automática, o SUV americano é não só um exemplo na resposta a qualquer pressão no acelerador, respondendo pronta e imediatamente, mas também nos consumos e autonomias: capaz de fazer mais de 400 quilómetros com uma só carga, o Model X realiza, quando numa utilização normal, gastos na ordem dos 22,5 kWh a cada 100 km. Ou seja e ao preço actual da electricidade, valores abaixo dos 2€; substancialmente menos daquilo que gastaríamos com um carro a gasolina ou gasóleo, fazendo o mesmo número de quilómetros. Isto, sem esquecer o facto das passagens pela oficina serem igualmente bastante mais baratas, fruto da maior simplicidade do sistema de propulsão.
Aspectos menos positivos, apenas dois: a pouca capacidade do sistema para recuperar energia, apesar da entrada em acção do sistema se sentir claramente, sempre que levantamos o pé do acelerador, e, pior ainda, a dificuldade de carregamento em tomadas domésticas de 220V – 24 horas completas ligado à corrente não chegam para recarregar totalmente as baterias, as quais não recuperam mais do que 11 quilómetros por hora.
Como tal e para conseguir uma maior eficácia, só mesmo nos poucos postos de carregamento rápido que existem na capital, onde já se consegue carregar cerca de 45 km por hora; naquilo que a Tesla chama de “carregadores de destino”, os quais, localizados em hotéis, parques de estacionamento fechados e centros comerciais, conseguem realizar carregamentos até 100 km por hora; e, finalmente, nos famosos Superchargers, instalações das quais só existem, para já, duas em Portugal (Fátima e Montemor-o-Novo), mas onde é possível carregar cerca de 80% das baterias, em apenas meia-hora. Sendo que o objectivo da Tesla Portugal é ter sete, a funcionar, até ao final do ano…
Ao volante
Com todas as qualidades de um veículo 100% elétrico – acelerações rápidas e ao menor toque no acelerador, recuperações tão ou mais imediatas… -, a verdade é que nem mesmo as mais de duas toneladas e meia de peso conseguem impedir o Tesla Model X de rapidamente conquistar um sorriso no rosto dos ocupantes e, em particular, no do condutor. O qual, beneficiando de uma posição de condução confortável, facilmente fica agradado com as prestações deste SUV de dimensões generosas e com a capacidade para, em acelerações a fundo, afundar os ocupantes nos respectivos bancos. Embora fazendo sempre do conforto, a sua maior preocupação.
Assim e apesar das prestações de autêntico desportivo, a que junta um centro de gravidade relativamente baixo e uma suspensão pneumática inteligente com memória GPS, capaz de gerir automaticamente a distância ao solo (sendo que o condutor também pode escolher a altura, de entre cinco opções pré-definidas – muito baixa, baixa, normal, alta e muito alta), notória é também a pouca vocação do modelo americano para momentos de maior envolvimento na condução, por exemplo, em trajectos mais sinuosos. Não só porque a oscilação da carroçaria se faz notar, mas também porque componentes como a direcção surgem demasiado filtrados.
Perante tais características, igualmente clara a vocação deste Model X para uma utilização no dia-a-dia, mesmo com as possíveis dificuldades impostas, quer pelas dimensões exteriores, quer pela fraca brecagem, ou então para viagens mais longas, por estrada aberta. Altura ideal para colocar em prática outro dos grandes argumentos deste Tesla: o Autopilot. Basicamente, o sistema de condução quase 100% autónoma, capaz não só de assumir a condução por largos períodos, como até mesmo ultrapassar (o condutor apenas tem de accionar o sinal de pisca e o carro faz sozinho a manobra, assim que houver condições para tal), ou estacionar. Funcionando, em qualquer um dos casos, de forma perfeita!
No entanto e até por causa da legislação, o condutor está obrigado a, mesmo com o Autopilot em funcionamento, tocar, de quando em vez, no volante, como forma de mostrar que está presente, activo e atento. Sendo que, caso não responda aos “pedidos” do carro para tocar no volante, este assume que há um problema com o condutor, liga os quatro piscas, começa e travar e encosta na berma. Ficando à espera de socorro.
Já preparado para a condução 100% autónoma do futuro e com a garantia de sucessivos updates via wireless ao longo da vida do veículo (tal como, aliás, as baterias e outras tecnologias presentes na viatura), o Autopilot pode, de resto, mostrar-se ainda mais evoluído, através da inclusão de pack opcional (5.400€). Embora mantendo sempre as limitações decorrentes da legislação portuguesa – a qual, ainda assim, não evita que, mesmo com a versão base do sistema, fiquemos deslumbrados com a “inteligência” deste Model X…
Concorrentes
Jaguar I-Pace, bateria 90 kWh, 400 cv, 4,8s 0-100 Km/h, 480 Autonomia (ciclo WLTP), 80.416,69€
Balanço final
Inicialmente reticentes , a verdade é que, depois de cerca de uma semana fazendo do Tesla Model X o carro pessoal, terminámos este ensaio convencidos quanto à tecnologia desenvolvida por Elon Musk e seus pares. Fruto, principalmente, da elevada autonomia, das excelentes prestações, do conforto e habitabilidade proporcionados pelo modelo de Palo Alto. Reticências, apenas, quanto às dificuldades em conseguir recarregamentos em tempo aceitável nas tomadas domésticas (a solução terá mesmo de ser a instalação de uma powerbox da marca), além do preço do carro em si. Embora e quanto a isso, não existam equívocos, com a própria Tesla a assumir que, pelo menos os produtos actuais, destinam-se a uma classe média-alta. Assim, pouco mais nos resta do que ficarmos à espera do mais “democrático” Model 3…
Conforto / Sistema de propulsão / Autonomia
Menos
Carregamentos / Recuperação de energia na travagem / Inexistência de chapeleira
Ficha técnica
Motor
Tipo: dois motores (um por eixo), do tipo eléctrico, corrente alternada
Bateria: de iões de lítio, com uma capacidade de 100 kWh
Potência máxima (cv/rpm): 423 cv/311 kW
Binário máximo (Nm/rpm): 660 Nm
Transmissão e direcção: Integral, automática; direção de pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica
Suspensão (fr/tr): Duplos triângulos, molas pneumáticas e barra estabilizadora; duplos triângulos, molas pneumáticas e barra estabilizadora; suspensão pneumática inteligente com memória GPS
Travões (fr/tr): Discos ventilados/Discos ventilados
Prestações
Aceleração: 0-100 km/h (s): 4,9
Velocidade máxima (km/h): 250
Consumos: –
Autonomia (km): 565 (ciclo NEDC)
Tempo de carga (horas): em tomada doméstica: carrega 150 km em 8 horas; em Tesla Charger doméstico ou Destination Chargers: carrega 80 km numa hora; em Superchargers: carrega 270 km em 30 minutos
Dimensões e pesos
Comprimento/Largura/Altura (mm): 5,052/1,999/1,684
Distância entre eixos (mm): 2,965
Largura das vias (fr/tr) (mm): 1,711/1.723
Peso máximo (kg): 2.534
Capacidade da bagageira (l): 1.090 atrás/187 à frente
Pneus (fr/tr): 265/45 R20/275/45 R20
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