Toyota Yaris 1.5 Hybrid – Ensaio

By on 14 Julho, 2017

Toyota Yaris 1.5 Hybrid Square Collection

Texto: André Duarte ([email protected])

Proposta racional

 O Yaris é o modelo Toyota mais vendido na Europa. A sua quarta geração chegou em abril último e gerou grande expectativa, ou não tivesse sido alvo de um investimento de 90 milhões de euros e contado com mais de 900 novos componentes.

Da nossa parte fomos conhecer este exemplar, tendo em mãos a proposta híbrida com o nível de equipamento Square Collection (a mais distintiva e que só está disponível na versão híbrida). Na prática um modelo 1.5 de 100 cv. Nas próximas linhas contamos-lhe tudo sobre esta experiência…

Carroçaria

É um modelo de linhas elegantes, espelhando uma imagem compacta, com uma arquitetura, tanto na secção traseira como dianteira, inspirada nos catamarã, que se faz notar pela fluidez com que o nosso olhar percorre o conjunto.

A frente tem personalidade, destacando-se os grupos óticos (com assinatura luminosa) de dimensões generosas e a grelha em formato favo de abelha que ocupa um papel de proeminente destaque no pára-choques. A lateral assume o natural papel de equilíbrio estético e leva-nos a uma traseira de pára-choques expressivo, que pela sua aparência alargada na zona inferior, nos alude a memória para o mundo dos ralis.

Mas se esta agradável sensação geral é deixada pelo Yaris em si, independentemente da versão, é no ‘toque’ Square Collection que ele vê a sua dimensão estética ser mais apurada e apetecível.

O destaque imediato surge com a tonalidade exterior em dois tons. A carroçaria pode variar entre azul nébula, bronze platina, bronze glaciar e vermelho tokyo, enquanto o tejadilho, espelhos retrovisores e pilares A, B e C surgem em preto. Visualmente  gera um contraste que joga muito a favor da sua imagem.

Mas não se fica por aqui, com as jantes em liga leve de 16” a comporem o conjunto, assim como os frisos laterais em preto, os vidros traseiros escurecidos e o spoiler traseiro. Esta versão conta também com faróis de nevoeiro dianteiros e luzes de circulação diurna LED e óticas traseiras LED. No global, temos uma proposta que de imediato  se revela apelativa.

Interior

O interior segue o mesmo caminho do exterior, transmitindo uma ideia de pragmatismo e funcionalidade. O espaço é agradável e o ideal para um carro que se queira para uma utilização diária, tanto nos lugares dianteiros como traseiros, permitindo circular com cinco passageiros com alguma tranquilidade, sem que o elemento do meio atrás seja ‘espremido’. A acessibilidade é também uma nota a favor, para um interior que disponibiliza algumas zonas para arrumação, como nas portas e junto do travão de mão. Já a bagageira, com os seus 286 litros, não é de facto grande, mas para o dia a dia o espaço que apresenta parece-nos coerente com a arquitetura do modelo.

Esteticamente, a versão Square Collection acrescenta-lhe valor, com pespontos a azul (na versão ensaiada) a percorrer os bancos, volante e puxadores das portas, tonalidade que caracteriza alguns dos plásticos nas portas e envolve parte do tablier, a consola central e as zonas circundantes às saídas do ar condicionado. Também o seletor, travão de mão e apoio de braço do condutor ostentam os referidos pespontos, que criam uma ligação com toque de harmonia entre interior e exterior, dado surgirem na tonalidade da carroçaria.

Em termos de comandos, o carro é minimalista no seu interior, cingindo-se ao essencial em termos de botões, quer na consola central quer no volante. O modelo incorpora um Ecrã TFT Multifunções colorido ao centro da instrumentação; sistema de conectividade Toyota Touch 2; acabamento cromado a emoldurar os mostradores e iluminação da instrumentação em azul claro. Para que nada falta, a versão Square Collection incorpora ainda: ar condicionado automático; câmara auxiliar ao estacionamento; cruise control; botão push start; sensor de chuva e vidros elétricos dianteiros e traseiros.

Conta também com sistema multimédia de 7″; seis colunas; entrada USB e Bluetooth. Tudo isto faz do Yaris um modelo equipado com as comodidades essenciais requeridas para o quotidiano. Nota para o facto de se poder personalizar a gosto pormenores no interior como o punho do seletor ou travão de mão, saídas de ar condicionado, puxadores das portas ou a consola central.

Sistemas de Assistência à Condução e Segurança

Este é também um capítulo em que o Toyota Yaris 1.5 Hybrid Square Collection apresenta argumentos consistentes, dotando todas as versões da gama com o Toyota Safety Sensse de série.

Desde o sistema de pré-colisão ABS com distribuição eletrónica da força de travagem, passando pelo sinal de travagem de emergência, aos muito úteis cruise control, sistema de reconhecimento de sinais de trânsito e aviso de saída de faixa de rodagem, tudo sistemas que simplificam a condução diária. Mas não se fica por aqui. Tem ainda incorporados: luzes de máximos com controlo automático; controlo de estabilidade do veículo; controlo de tração; controlo de assistência nos arranques em subida; sistema de aviso de pressão dos pneus e câmara auxiliar ao estacionamento. Já no interior, em matéria de segurança há o sempre útil aviso de colocação dos cintos de segurança dianteiros e traseiros; cintos de segurança com pré-tensores e limitadores de força; 7 airbags SRS; sistema de fixação Isofix e encostos de cabeça traseiros ajustáveis. Tudo isto faz deste um modelo equipado a rigor que dispensa olhar para os opcionais, até porque, aquilo que realmente importa, já vem incluído no ‘pacote’.

Ao volante

Facilmente encontramos a posição ideal de condução, em que respiramos o tom dado pelo interior, de pragmatismo e funcionalidade. O ecrã TFT de 4,2 é de fácil leitura e mostra-nos as informações que são cada vez mais comuns de encontrarmos nos veículos, como consumos médios, tempo de viagem ou, neste caso, funcionamento do sistema híbrido (carga da bateria, regeneração).

Seguimos viagem tendo sob o capot um bloco (e dois modos de condução, Eco e Normal) que nos fornece 100 cv, resultantes dos 73 cv oriundos do motor de combustão combinados com os 45 kW do motor elétrico. Rapidamente nos apercebemos que a potência nos chega de forma branda e progressiva, para o que também contribuiu a caixa de variação contínua. O Yaris impele-nos desde o início a adotar uma condução serena, sem grandes preocupações com velocidades, numa aura criada pela sensação de calma e bem estar gerada pelo interior, a que se junta a resposta pouco expressiva do sistema híbrido na entrega de potência. A bateria pode ser carregada em condução sempre que circulamos em roda livre ou travamos.

No painel de instrumentos podemos ver em que situação nos encontramos, com o ponteiro a ‘circular’ entre os parâmetros Charge, Eco e Power. Mediante a ação do ‘nosso pé’, é possível vermos se, por exemplo, uma travagem se traduziu por um contributo em termos de carga maior ou menor, mediante o patamar a que chegou o ponteiro no Charge, ou se a nossa aceleração se mantém dentro do padrão económico ou se estamos a exigir mais do motor, e a ‘jogar’ na faixa do Power. Destaque para a facilidade que é carregarmos a bateria em andamento, com a atuação das travagens nessa matéria a dar um franco contributo.

Para uma utilização diária e, por exemplo, de pendor citadino, o Yaris alia a boa oferta de espaço interior e comodidade, às medidas compactas que contribuem para o manusearmos no trânsito citadino. Os travões são um dos grandes destaques, com a atuação a ser muito eficaz e a suspensão suprime bem as irregularidades. Já se quisermos colocar o Yaris num patamar para que não fora criado, adotando uma condução mais viva, percebe-se que há alguma rigidez do conjunto na inserção em curva. Porém, falamos aqui de um registo que não é o suposto ao volante deste modelo. Nota apenas para o barulho que se faz sentir no habitáculo oriundo do sistema híbrido aquando de uma aceleração mais pronunciada, um ‘vruuumm’ em crescendo e pouco agradável, mas que, apesar disso, não ‘mancha’ de modo algum o conjunto.

Consumos

Em termos de consumos, conseguem-se registos na casa dos 5l, desde que adotando uma condução cuidada, pisando-se com progressividade o acelerador, e dentro dos limites legais. Porém, se formos mais despreocupados ao volante, os valores também não são alarmantes, falando-se aqui de registos na casa dos 5,6l. O mínimo em percurso misto que conseguimos fazer cifrou-se nos 4,8l, mas aí foi preciso estarmos a ‘trabalhar’ para isso, numa condução focada nos consumos. Os 3,6l de média anunciados pela marca estiveram sempre longe de conseguir ser alcançados. É preciso notar que o peso do Yaris na sua versão híbrida se cifra nos 1225 kg, algo que também tem o seu contributo em matéria de consumos.

Motorizações e versões disponíveis

Em Portugal são três as motorizações disponíveis: 1.4 D-4-D com caixa manual de 6 vel; 1.0 VVT-i gasolina com caixa manual de 5; e 1.5 HSD com transmissão variável contínua controlada eletronicamente.

Os níveis de equipamento dividem-se entre Active, Comfort + Pack Style (a marca optou por oferecer o pack, mantendo o preço que seria inicialmente destinado ao nível Comfort, por este oferecer equipamento muito procurado pelo público) e Exclusive. No caso da versão híbrida, a única a contar com a versão especial Square Collection, a Toyota optou também por a comercializar pelo mesmo valor da Exclusive, acreditando que terá um franca aceitação pelo que oferece. O preço de entrada – nível Active – de cada motorização é: 14.205 (gasolina); 18.730 (diesel); 18.670 (híbrido).

Concorrentes

O Yaris é a única proposta híbrida do segmento B, daí ser um caso em que, podemos dizer, não tem concorrentes a jogar ‘no seu campeonato’, sendo por isso ele que faz as leis.

Balanço Final

O Toyota Yaris 1.5 Hybrid  é um modelo pragmático e focado para uma condução diária, sendo agradável e funcional na sua utilização. A verão Square Collection atribui-lhe ganhos estéticos, tornando-o mais apelativo que nos demais níveis de equipamento, e dota-o de todos os sistemas de ajuda à condução requeridos na atualidade. A entrega de potência não é o seu forte, mas o agrado de utilização depressa fazem esquecer esse ponto, colocando-o em segundo plano, até porque, como referimos, não estamos a falar de um desportivo e sim de um modelo utilitário focado numa vertente mais ecológica e nos consumos. Por um preço de 21.460€ a Toyota tem assim no mercado uma interessante proposta que vem nutrida de argumentos consistentes para fazer ‘figura’. É verdade que é a única proposta híbrida do segmento B e que isso joga inegavelmente a seu favor, mas, ‘esquecendo’ isso por um momento,  é preciso notar que é um modelo com características que o fazem valer por si.

Mais: Imagem Exterior e Interior; Condução; Travões

Menos: Barulho do motor no habitáculo

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo – 4 cilindros em linha, injeção eletrónica / motor síncrono de magneto permanente

Cilindrada (cm3) – 1497

Diâmetro x curso (mm) – 75,0 x 84,7

Taxa de compressão – 13,4:1

Potência máxima (cv) – 100/4800 rpm

Binário máximo (Nm/rpm) – 111/3600-4400 rpm

Transmissão e direcção – Tracção dianteira, caixa automática (CVT); direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica

Suspensão (fr/tr) – Tipo McPherson; Barra de Torção

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s) – 11,8s

Velocidade máxima (km/h) – 165 km/h

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 3,6/3,3/3,6

Emissões de CO2 (g/km) – 82

Dimensões e pesos 

Comp./largura/altura (mm) –  3945/1695/1510

Distância entre eixos (mm) – 2510

Largura de vias (fr/tr) (mm) – 1465/1455

Travões (fr/tr) – Discos ventilados/Discos

Peso (kg) – 1225

Capacidade da bagageira (l) – 286

Pneus – 195/50 R16